Matar é atitude primitiva…
Vivemos numa Sociedade paradoxal. Se por um lado muitos
países tentam erguer-se acima do primitivismo secular,
valorizando a vida, esses mesmos países são os arautos
da morte. Será que matar é chique? É ser-se moderno? É
normal? Aceitável? Venha daí, vamos pensar em conjunto.
Ao longo das vidas sucessivas (reencarnações) viemos de
mundos primitivos, onde o Espírito iniciou a sua
caminhada hominal, para centenas ou milhares de anos
depois, estarmos num planeta de expiação e provas (a
Terra) onde o Mal ainda se sobrepõe ao Bem, isto na
óptica espírita (filosofia de vida, espiritualista, que
não é mais uma seita ou religião).
Na Terra, ao longo dos séculos, fomos evoluindo,
valorizando cada vez mais a vida, apesar de, em
paralelo, nunca termos deixado a arte de nos guerrearmos
mutuamente, levando-nos muitas vezes ao extermínio
mútuo.
Libertámo-nos do esclavagismo, dos duelos para a lavagem
da honra, da pena de morte, de guerras cruéis, para, em
pleno século XXI termos a perspectiva de pertencermos à
condição de humanos evoluídos, que conseguem sondar o
espaço sideral, sem conseguirmos sondar o íntimo, numa
simples introspecção.
Vivemos entre dois paradigmas:
um deles, o materialista, que nos diz tudo acabar
com a morte do corpo físico, levando o Homem a crises de
egoísmo, orgulho, ódio, posse, a raiar a loucura. Tudo
isto, quando a Física quântica nos prova que não existe
matéria, tudo é energia e, aquilo que chamamos matéria é
apenas energia coagulada, no seu estado mais grosseiro.
O outro paradigma, espiritualista, diz-nos que
somos Espíritos imortais, temporariamente numa
experiência física, entre muitas outras, anteriores e
posteriores (reencarnações), em busca da nossa evolução
intelectual e moral, paradigma este sobejamente
demonstrado experimentalmente desde 1857, altura em que
a doutrina espírita (espiritismo) matou a morte, ao
provar a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade
dos Espíritos, a reencarnação, lei de causa e efeito e a
pluralidade dos mundos habitados.
Nesta dicotomia entre materialistas e espiritualistas,
os primeiros, em consciência de sono, vivem
gananciosamente, vendo na matéria seu dever e seu fim.
Os espiritualistas, num nível de consciência de
despertamento espiritual, vivem na matéria, com a
matéria, mas não vivem para a matéria, pois sabem que
depois desta vida, outra se desdobrará, noutro plano
vibratório, tão real quanto este, apenas num plano mais
quintessenciado, etéreo, invisível aos olhos carnais,
mas acessíveis aos olhos espirituais (mediunidade de
vidência ou percepção extra-sensorial de vidência).
Matar não é chique, não é sinal de modernismo, não é
normal, não é aceitável. Matar é uma atitude primitiva.
Em pleno século XXI, depois de inúmeras revoluções
culturais, é um escândalo o duelo, a pena de morte, o
homicídio, mas são justificáveis as guerras, um pouco
por todo o mundo. Nestes tempos de loucura existencial,
onde o Homem perdeu o Norte de Deus e a sua condição
espiritual, vemos revoltas pelo direito à igualdade, ao
lado daqueles que defendem o comércio de armas, o uso e
porte de armas.
Enquanto se proclamam os direitos do Homem, matam-se
“legalmente” milhões de bebés indefesos, todos os dias,
numa mancha negra da história da Humanidade. Enquanto a
medicina busca a todo o custo salvar vidas, cada vez com
mais êxito, logo ali, ao lado, outros proclamam o
direito à eutanásia, ao suicídio, ao homicídio,
dependendo dos casos.
Vemos desde gente muita rica e influente, mundialmente,
até aos mais miseráveis nesse conúbio em torno da
legitimação da morte, dependendo das circunstâncias,
ocasiões e, principalmente, quando não nos afectam.
O mundo está violento porque os seres que o habitam são
violentos, mesmo que sob a capa do verniz de relógios,
fatos caríssimos, casas, hotéis e estilos de vida
sumptuosos.
O Homem-primitivo que ainda existe em nós, que acha
normal matar outro ser humano, precisa desabrochar o seu
lado espiritual, compreender que voltará vezes sem conta
à Terra, com novos corpos (sendo o mesmo Espírito),
buscando a sua evolução intelecto-moral e colhendo tudo
aquilo que for semeando no seu íntimo, sob a forma de
paz, serenidade ou de agitação, desequilíbrio e dor.
Não existem actos de matar mais dignos do que outros.
Matar é um acto indigno, de uma Humanidade pouco
evoluída, onde a solidariedade, compreensão, auxílio
mútuo, pacificação, entendimento, precisam ocupar o
lugar do egoísmo, do orgulho, do ódio, da posse, da
ganância, da guerra.
A Humanidade só será considerada evoluída, dizem os bons
Espíritos, quando nela não houver guerras, fome, miséria
moral e material e, onde todos se entreajudem na
evolução em comum e pessoal.
“Não há caminho para a paz, a paz é o caminho”,
deixou-nos em herança cultural Mohandas Gandhi.
“Fazei ao próximo o que desejais para vós mesmos”,
ensinou-nos há 2 mil anos, o grande psicoterapeuta da
Humanidade, Jesus de Nazaré.
Matar não é chique, não é sinal de modernismo, não é
normal, não é aceitável.
Matar é uma atitude primitiva.
Vale a pena viver.
Viver é a melhor opção!
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