Reconciliação
“Concerta-te sem demora com o teu adversário, enquanto
estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te
entregue ao juiz e que o juiz te entregue ao seu
ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te
digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último
ceitil.” –
Jesus (Mateus, 5:25-26.)
O perdão ainda é a grande necessidade do ser humano.
Famílias têm sofrido pela falta dele, lares sido
desfeitos pela mágoa, por não perdoarem.
Há alguns dias pudemos conversar com uma jovem que,
casada há cerca de 10 anos, ainda bem jovem, amando
profundamente a seu marido, descobriu que ele cometera
uma traição, tendo um caso com outra jovem. Isso a
martirizou. Ele lhe contou porque não estava tendo paz.
E pediu-lhe perdão. Foi um erro que cometera,
deixando-se levar pela tentação, pois é à sua esposa que
ele ama.
Ela ficou em extrema angústia. Foi uma decepção
inesperada. Emagreceu 7 quilos em um mês. Não conseguia
dormir. Sua grande dificuldade era pensar que ele não a
amava mais. Mas o amor venceu. Conseguiram entender-se
novamente.
Hoje mesmo, quando escrevemos estas linhas, lembramo-nos
do fato, pois hoje ela retornou para conversar novamente
conosco. Estava em paz e bem. Ela conseguiu perdoar.
Ela, o marido e a família se encontram bem.
Isso é apenas uma situação. Quantas dores ocultas no
mundo pelas escolhas inadequadas de tantos? Quantas
lágrimas derramadas pela ignorância humana, que provoca
crimes, deixando a muitos na miséria ou na orfandade?
São situações que ainda ocorrem no mundo, gerando
sofrimentos inenarráveis.
No âmbito das reuniões mediúnicas, as obsessões graves
têm em seu bojo espíritos que se julgam no direito de
cobrar a justiça que escapou das mãos humanas, não tendo
paciência de esperar pela divina, não sabedores de que o
amor cobre uma multidão de pecados.
Vivem esses irmãos com a mente cristalizada no momento
do fator gerador da ofensa. Encontram-se agrilhoados aos
adversários do passado, que no presente, graças à
reencarnação, já se encontram melhores, por terem
evoluído recebendo a dádiva de nova existência em que
podem reparar os débitos de antes, com o amor e a
bondade.
Quando um espírito se liberta com o perdão das ofensas,
grande é a emoção de quem participa dessas reuniões!
O perdão deveria ser sempre a opção para aquele que um
dia se sentiu ofendido, até que chegue o almejado dia em
que, como Gandhi, o ser humano não precisará mais
perdoar, por não se sentir ofendido.
Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira
Franco, no livro Celeiro de Bênçãos, comenta que
guardando mágoas, que na Terra são muitas, padeceremos
sob imundícies e conduziremos fluidos deletérios. Se
perdoarmos, porém, prosseguiremos em clima de renovação
e em labor otimista.
Diz ela que para conseguir perdoar é preciso adestrar-se
com exercícios contínuos.
Não descuidar de ler uma página mensageira de otimismo,
capaz de produzir júbilo no mundo íntimo.
Reprimir observações menos dignas, as apreciações
fúteis, as referências deprimentes e maliciosas.
Estimular a conversação edificante e, quando não possa
fazer isso, reservar-se ao silêncio discreto,
propiciatório a reflexões salutares.
Treinar a paciência, disciplinando a vontade e
aprimorando a indulgência.
No Evangelho segundo o Espiritismo, o apóstolo
Paulo comenta no capítulo X, item 15, que perdoar aos
inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos
amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é
mostrar que se melhora. “Perdoai, pois meus amigos”, diz
ele. “Perdoai para que Deus vos perdoe.”
Há duas maneiras bem diferentes de perdoar, diz Paulo. O
perdão dos lábios e o perdão do coração. O verdadeiro
perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu
sobre o passado... O esquecimento completo e absoluto
das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é
sempre sinal de baixeza e inferioridade. Esquecer a
ofensa. Não esquecer o fato. Quem tem memória boa não
esquece o fato, mas quem tem um coração propenso ao
perdão não se lembra da ofensa. Lembra-se do fato, mas
isso não o incomoda.
Estamos sempre a nos repetir sobre o perdão e sobre a
reconciliação, pois observamos que ainda hoje, dois mil
anos passados dos ensinos de Jesus, esse ainda é dos
maiores sofrimentos humanos e gera doenças. Hoje sabe-se
que há cânceres provocados por mágoas, ressentimentos.
Hoje, que o Espiritismo ilumina a Terra em nome do
mestre Jesus, é mais do que momento de quem conhece os
ensinamentos espíritas libertar-se com o perdão. Perdoar
sempre! Um dia não mais necessário isso será. A mágoa
desaparecerá dos sentimentos à medida que o amor
crescer.
Cultivemos o amor, o remédio para os nossos males!
Quando amarmos o suficiente, não mais precisaremos
perdoar, compreenderemos a ignorância de quem cometeu
algum mal contra nós.
Pensemos como Jesus nos ensinou. Amemos um pouco mais.
Se alguém tem alguma coisa contra nós, busquemo-lo para
a reconciliação. Pelo menos tentemos. Evitemos de ser
causa de sofrimentos para alguém. Sejamos aquele que ama
e pacifica.
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