"Cirurgias do além" ante a
espetacularização da mediunidade
Kardec não priorizou o estudo específico da mediunidade
de “cura” nas obras da Codificação, a rigor, jamais
tocou no assunto sobre “cirurgiões do além”. Em face
disso, é inteiramente contraditório e lamentável a forma
de como alguns centros espíritas propõem sessões de
“cura especial” através da incorporação de “espíritos
cirurgiões” por meio de alguns médiuns “especiais”.
Não ignoramos os efeitos relativamente atraentes
contraídos por alguns incomuns médiuns de “cura”,
contudo não entendemos como imprescindível e nem
valorizamos esse tipo de mediunidade. As práticas
mediúnicas fora das orientações de Kardec, são sempre
espetacularizadas e não devem colonizar as instituições
espíritas.
Em que pese terem despertados curiosidades de cientistas
e estudiosos no Brasil e no exterior em face do uso de
apetrechos cirúrgicos estranhos , alguns até mesmo
enferrujados, doutrinariamente jamais identificamos nas
mediunidades de José Arigó, Rubens Faria, Edson Queiroz,
João de Deus e semelhados como “médiuns” imprescindíveis
para propagação dos princípios espíritas, não obstante
seja o Espiritismo capaz de explicar as intervenções de
“médicos do além” nos fenômenos de “cirurgias
espirituais”.
Obviamente quando os médicos encarnados compreenderem o
valor da mediunidade (em suas várias tipificações) e
sobretudo da obrigatoriedade de mudança de comportamento
moral do homem, a medicina terrena ampliará o seu poder
terapêutico.
Não somos dos que aceitam ou deixem de aceitar um centro
espírita sem “espíritos”, mas cremos que a legítima
mediunidade transformadora, a da cura legítima e
concreta, é a mediunidade da mudança de conduta,
mediunidade do amor ao próximo, mediunidade da caridade,
mediunidade da paciência, mediunidade da tolerância,
mediunidade da benevolência, mediunidade da indulgência
e mediunidade do perdão. Ou seja, uma instituição
espírita também pode funcionar impecavelmente sem
absoluta necessidade da mediunidade com “desencarnados”.
Um Centro espírita bem orientado não privilegia ou
destaca os fenômenos mediúnicos ditos “ostensivos”,
especialmente aqueles agrupamentos espíritas imprudentes
que apenas oferecem tratamentos de “cura” espiritual ou
físico. A legítima instituição espírita deve priorizar
(acima de tudo e de todos) as reflexões pelos os
estudos, especialmente do Evangelho e ponto!
Ah! Vociferam alguns, há muitos sofredores no mundo. Sim
e daí? É óbvio que ninguém sofre os ressaibos das dores
por prazer, mas a dor não provém de Deus, pois é apenas
reflexo de quem erra e ponto! E quem não erra? Portanto,
todos nós sofremos algum tipo de dor. Por isso,
ofereçamos nas casas espíritas o Evangelho, eis aí o
remédio para todas as dores.
Fazer uso da mediunidade sem o adequado entendimento dos
seus perigos pode levar a distúrbios mentais. Não
estamos recriminando a mediunidade, todavia refletindo-a
melhor, propondo enxergar maiores finalidades através do
intercâmbio com o além tumulo.
Ora, se a mediunidade está presente no cotidiano de cada
um e se manifesta por diversas fontes e foi herdada
nessa longa trajetória evolutiva que percorremos, ela
deve ser aproveitada como potencial de transformação
pessoal sem qualquer necessidade de apelos invocatórios
e sistemáticos aos irmãos do além.
Sim!! Nossa reforma íntima é o salvo-conduto para a
espiritualidade e não a mediunidade ostensiva.
Recordemos que os Espíritos não estão à nossa disposição
para promover curas de patologias que quase sempre são
providências corretivas para nosso crescimento
espiritual no buril expiatório.
Em resumo, os dirigentes de Centros espíritas deveriam
promover as bases de estudos e reflexões sobre as
propostas do Evangelho, em vez de prestigiarem sessões
inócuas para os "curandeirismos" ilusórios.
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