Durante todo o período em que codificou a Doutrina Espírita, entre 1857 e 1869, Allan Kardec permitiu-se apenas um passeio de lazer. Suas demais viagens foram feitas sempre no interesse do Espiritismo, nas férias de verão da Sociedade Espírita de Paris, para observar o desenvolvimento da Doutrina, instruir os grupos que se formavam e estimular os espíritas a perseverarem, diante das dificuldades e dos muitos ataques recebidos. De todas essas viagens, a de 1862 – quando a publicação de O livro dos espíritos, marco inaugural do Espiritismo, completava cinco anos – foi a mais importante, merecendo uma brochura especial, rica de informações sobre o estado da Doutrina, de instruções aos adeptos e de orientações para a formação de grupos e sociedades espíritas, contemplando ainda um modelo de regulamento às agremiações que surgissem.
Além da tradução integral de Viagem espírita em 1862, o livro contém apêndice com os discursos proferidos por Kardec nas demais viagens realizadas, bem como os textos publicados na Revista Espírita, em que ele comenta cada uma delas. Pela leitura destas páginas, endereçadas aos adeptos da primeira hora do Espiritismo, em meados do século XIX, o leitor compreenderá que elas transcendem os séculos, porque falam aos espíritas de todos os tempos.