O orgulho é a sombra do ego
O orgulho é um grande vilão, astuto e
hábil sedutor
“Vaidade de vaidades! Diz o pregador, vaidade de
vaidades! É tudo vaidade”. (Eclesiastes,
1:2)
Na atualidade os tempos são de dores e
escarcéus, nos quais a loucura generalizada, a
empáfia, o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a
corrupção e a falência das Instituições,
inclusive religiosas, assinalam a ebulição moral
do planeta! A lavoura espírita também não está
livre dessas pragas deletérias, e os Espíritos
Superiores falam em uníssono dos cuidados a
serem aplicados na Seara do Mestre a fim de que
não se transforme em improdutivo e árido sarçal.
Os Benfeitores Espirituais estão sempre
conclamando-nos “a testemunhos de amor
incondicional para salvarmos a embarcação que
navega entre os atóis do orgulho e os lençóis da
areia da vaidade, com severo risco de encalhar.”
Por ocasião do encerramento de um curso de vinte
dias ministrado no Mundo Maior por Eurípedes
Barsanulfo, no Hospital Esperança, para uma
plateia de médiuns psicógrafos que cooperam
ativamente no labor da psicografia junto ao
movimento espírita, a destemida servidora do
Cristo, Maria Modesto Cravo, fundadora e
dedicada cooperadora do Sanatório Espírita de
Uberaba, foi chamada para apresentar seu lúcido
depoimento sobre humildade, como sendo a
medicação apropriada para nossos problemas com o
orgulho. Nessa oportunidade singular, entre
outras coisas, a nobre Entidade espiritual tanto
esclareceu como lançou oportuno alerta, sobre a
necessidade de combatermos, com todas as armas
disponíveis, essa praga que se alastra de forma
devastadora no seio do movimento espírita. Vamos
pinçar alguns tópicos de seu discurso:
“(...) amados companheiros, paz e esperança!... Costumo
dizer a Eurípedes que quando sou convocada a
falar de
humildade é porque meu próprio nome carrega a "sina" desse
tema: Maria "Modesta". E não
vou começar minha fala à moda convencional,
dizendo coisas
do tipo: "estou aqui, mas não tenho
autoridade para falar desse tema". Muito
pelo contrário, digamos humoradamente que me
orgulho de minha humildade!
Os conceitos que tomaram conta da cultura
popular sobre o que
seja humildade prejudicam em muito seu
verdadeiro significado. Associa-se
humildade com simplicidade, pobreza, atitudes
discretas e
inúmeras coisas parecidas em ser alguém apagado,
que não se destaca,
que se mantém no anonimato, que não expressa e
nem possui qualidades... Jesus,
muito Sábio e Humilde, certa feita foi chamado
de bom e
não aceitou o adjetivo, alegando que bom era só
o Pai e que poderia ser chamado de Mestre,
porque isso Ele era e assumia com louvor. Isso
é a humildade: ter consciência do que se é.
Segundo o benfeitor espiritual Eurípedes
Barsanulfo, este curso destina-se a nos dar
melhores noções sobre o orgulho e como
superá-lo, enfocando especialmente
a luta de nossos irmãos na comunidade espírita
humana. Então
eu gostaria de começar este assunto dizendo, com
a franqueza de
sempre e com muita piedade, que os espíritas
estão muito orgulhosos
da humildade que imaginam possuir! Sim, é isso
mesmo! E vocês
são testemunhas das lutas e problemas que nossos
irmãos queridos carregam para cá por
causa disso. A ignorância acerca do que
realmente seja humildade, e também das formas
cruéis e sutis de ação do orgulho, têm criado
dificuldades que poderiam ser vencidas com um
pouco de esclarecimento
e algumas ações simples. Este curso é
uma iniciativa que
precisa ser levada aos amigos no corpo físico
com urgência, a fim de
oferecer-lhes recursos para a grande batalha na
conquista dessa virtude. (Humildade).
Para ser franca e brincar um pouco com coisa
séria, o movimento
espírita está parecendo uma passarela onde o
orgulho desfila
com várias fantasias. Fantasias de grandeza e
de “proprietários” da verdade são
as que mais se vê!
Os que nos encontramos fora do corpo, sabemos
bem quem são
os "Espíritos-espíritas", sua trajetória
espiritual. Torna-se imperioso, mais
que nunca, alertar nossos irmãos na carne acerca
dos acontecimentos
que temos presenciado aqui no Hospital
Esperança, para
devotarem-se com todas as forças na libertação
do peso das ilusões
que cultivam a pretexto de grandeza espiritual.
Logo após meu retorno para a vida dos Espíritos,
fui convocada por
Eurípedes a coordenar as ações para um novo
pavilhão junto a essa
casa de amor,
destinado a socorrer os líderes religiosos
cristãos da
humanidade, especialmente os dirigentes
espíritas. Por três décadas consecutivas venho
aprendendo nessa tarefa sobre os perniciosos
reflexos do orgulho. O pavilhão sob as ordens de
minha equipe tem crescido em tamanho e
necessidades a cada dia...
(...) Em todos os campos dos seguidores de Jesus
encontramos fracassos
e quedas... Nossos amigos de ideal espírita, por
exemplo, costumam
falar do orgulho como quem conhece e domina o
tema, dando
notas de sua presença até mesmo na prepotência
em falar do assunto.
Poucos demonstram consciência do orgulho do qual
são portadores,
poucos sabem realmente onde e como sua vaidade
se manifesta.
Basta dizer humoradamente que existem muitos
corações orgulhosos
da “reforma íntima” que já fizeram. Tão
orgulhosos que se sentem
melhores e mais adiantados que a maioria das
pessoas, dando ensejo ao surgimento das férteis
imaginações de que são missionários prontos
para salvar a humanidade, quando, em verdade,
expressiva maioria
deles não estão conseguindo salvar nem a si
mesmos. Alguns se
utilizam de frases do tipo: "quem sou eu para
ser um apóstolo de Jesus" e
relegam várias oportunidades de crescer
dizendo-se humildes. Ocorre
que, apesar de passarem esse atestado de falsa
modéstia, no fundo, o sentimento que muita vez
os domina é de que são apóstolos do
Cristo, e diga-se de passagem: bons apóstolos.
(!?) É uma humildade de adorno, porque o que
vale mesmo é o que se sente no coração.
Sentimento, eis o cerne de nosso tema sobre o
orgulho. O orgulho é um sentimento, o sentimento
de grandeza, o sentimento que
cria o vício de ser prestigiado, adulado,
paparicado... É o sentimento que
faz com que queiramos que o Universo circule em
nossa órbita personalista.
Orgulho é sentimento de superioridade pessoal,
por isso humildade,
seu oposto, tem que ser fruto também de um
trabalho afetivo
do Espírito, tem que nascer do coração atrelado
à consciência.
Não será demais dizer que o orgulho é um grande
vilão, astuto e
hábil sedutor. Os espiritistas estão
confundindo, sob a ação hipnótica da
vaidade, o conhecimento da Doutrina com elevação
espiritual. É isso
mesmo!! adquirem alguma fatia de saber,
sentem-se detentores de
verdades que poucos sabem e esbanjam a falsa
sabedoria em longos
discursos de conversão; e isso não ocorre
somente aos neófitos.
Entre os dirigentes que temos atendido no "pavilhão
Bezerra de
Menezes", nome
que demos para a ala sob nossa responsabilidade
aqui no
Hospital, encontramos em todos a espontânea
manifestação de surpresa
ao perceberem que os livros espíritas, apesar da
riqueza, dão
pálida e distante ideia da realidade da morte e
dos movimentos que
se operam na erraticidade. É uma pena que tenham
que morrer para perceberem que sabem tão
pouco!
(...) Generalizou-se na comunidade espírita a
preocupação com a "ação
das trevas", e
eu pergunto: será que justifica?! Não estará
essa preocupação
tirando o foco sobre a real necessidade a ser
trabalhada? Enquanto
existe a supervalorização com as "ações dos
infernos", distrai-se
para os cuidados que requisitam a personalidade
no que tange à sua
transformação. Muita atenção para as trevas de
fora que acaba fazendo esquecer
as trevas que temos que vencer dentro de nós. E,
os que aqui nos encontramos, sabemos o quanto o
nosso querido "gênio do mal" adora
ver o rumo que tem tomado essa excessiva
centralização na pessoa
dos obsessores e das obsessões na seara
doutrinária.
Levemos, portanto, ideias mais claras aos que
assumiram o compromisso espírita de serem
melhores hoje do que eram ontem, (sem
assustá-los evidentemente)... Digamos a eles que
séculos sucessivos naufragando nas fracassadas
reencarnações edificaram um terrível sentimento
de inutilidade
e desvalor pessoal; é a angústia básica dos
Espíritos que renascem atualmente no
corpo físico, um lacerante complexo de inferioridade.
Vejam a necessidade que o homem tem de ser
grande sem o ser, de fazer-se de forte
sem o ser, de bancar o iluminado somente
porque transitou alguns anos nas tarefas
assistencialistas ou
na leitura de uma dezena de livros libertadores.
Os traumas da vida extrafísica,
a dor do arrependimento ou da culpa, do medo e
da fuga têm ocasionado reflexos mentais de
difícil erradicação. Os remorsos na
erraticidade, provenientes do que fizeram ou
deixaram de fazer em anteriores
existências, têm constituído a perpetuidade das
provas que começam
na carne e se mantém depois da morte
corporal... Expliquemos
aos que possam nos ouvir no plano físico, a importância
da valorização mútua pela fraternidade, das
equipes que se
amam e tratam a todos como uma família, o valor
da atenção para com os que ingressam na
sociedade espírita, e a urgência do diálogo
fraterno como fonte terapêutica sobre os
circuitos mentais auto-obsessivos.”
Como assevera Inácio Ferreira: “os espíritas
estão passando por uma loucura controlada, uma
psicose intermitente..." Mas temos que
perguntar: quantos conseguirão manter esse
controle e até quando?!