Poetas e as profundezas de suas almas
A morte é um grande mistério... Tanta dor na
despedida!...
Mas quem morre perde o corpo... Nunca perde a luz da
vida. Chico
Xavier
No dia 27 de setembro comemoramos o nascimento do poeta
capivariano Rodrigues de Abreu (1897). Na mesma data,
temos a campanha do Dia Nacional da Doação de Órgãos,
que tem por objetivo a conscientização da sociedade
sobre a necessidade desse gesto, de nossa parte, uma das
mais nobres ações que um ser humano pode ter:
declarar-se um doador de órgãos.
Para algumas doenças, que não são sanadas com remédios e
ou outras cirurgias, o único recurso muitas vezes é o
transplante de órgãos. É a única esperança de vida de
muitos pacientes – pode representar um recomeço de vida.
Vou fazer uma comparação da morte de dois jovens e das
provas que produziram para alimentar a fé e a confiança
na imortalidade da alma e na espiritualidade.
Jesus desencarnou com 33 anos, não envelheceu, e voltou
para fortalecer a fé, a fraternidade e
estimular os discípulos a seguir e viver sua mensagem. O
poeta Rodrigues de Abreu também desencarnou jovem, com
30 anos (1927), e compareceu no primeiro livro do médium
Chico Xavier, Parnaso de além-túmulo, em 1932.
Muito lindo os dois poemas da ressurreição de Rodrigues
de Abreu neste primeiro livro de Chico, os texto Vi-te
Senhor! e No castelo encantado. Essas comunicações
mediúnicas ocorreram pouco tempo depois de sua
desencarnação em 1927.
Mas não pararam por aí. O poeta espírito escreveu outras
diversas poesias que constam nas obras de Francisco
Cândido Xavier, repetindo sua mensagem de crença na
imortalidade da alma e também na reencarnação, com o fim
de nos confortar e mostrar que morte é um primeiro de
abril: ninguém morre, o corpo volta de onde veio e o
espírito retorna ao seio de Deus – o mundo dos
espíritos.
O escritor gaúcho Mário Quintana desencarnou no dia
primeiro de maio de 1994, o que ficou no esquecimento,
porque o povo chorava neste mesmo dia a morte trágica do
piloto Ayrton Senna.
E como Quintana acreditava, como Rodrigues de Abreu, que
o espírito é que comanda o corpo, que é uma veste
temporária da alma, mandou que se colocasse em seu
túmulo essa frase: “Eu não estou aqui”.
Fazendo um parêntese: não poderia deixar de citar de
Mário Quintana, quando existem movimentos pela liberação
do abordo, essa verdade imensa que ele sabiamente
escreveu: “O aborto não é, como dizem, simplesmente um
assassinato. É um roubo. Nem pode haver roubo maior.
Porque, ao malogrado nascituro, rouba-se-lhe este mundo,
o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo
infinito”.
Refletir é necessário: não somos daqui, e devemos
cultivar coisas belas. Motivo para lembrarmos que todas
as coisas que saem de nós voltam para nós. Por isso não
devemos nos preocupar com o que vamos receber. Melhor
nos preocupar com o que vamos oferecer e deixar.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é
diretor da Editora EME.
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