Medo na infância
Lagartixa? Vejam só!
Isso parece piada…
Nem ligo pra lagartixa!
Acho ela uma coitada!
Sabe do que eu tenho medo?
Que me dói o coração?
Até me arrepia a espinha…
Tenho medo… de injeção! (Ruth
Rocha)
Todos nós sentimos medo: do escuro, de aranha, de ficar
doente, de ficar sozinho. Ter medo é normal e, por isso,
os medos infantis não devem ser encarados como algo
incomum. Seu filho vai sentir medo de muitas coisas e
isso faz parte do próprio crescimento.
Aos seis anos, no geral, surgem os medos mais concretos,
como de ladrões, de ser criticado ou de perder os pais…
O que ajuda a criança?
A insegurança perde força com o diálogo. Se o medo for
de bandido, por exemplo, reforce a importância de ficar
perto de adultos conhecidos. Para a criança se sentir
confiante longe da família, diga que alguém sempre
estará cuidando dela na escola (professores e
coordenação são atentos). E se houver perguntas sobre
morte, não invente histórias, diga a verdade de forma
honesta, mas delicada, levando em consideração a idade
do seu filho.
Pais com medo do medo do filho?
Repetindo: o medo faz parte da vida. Entender isso e
atender o filho com atenção, mas sem ansiedade, é a
atitude mais saudável, pois, do contrário, os pais
correm o risco de se tornarem superprotegeres,
empurrando o filho para um tipo de redoma de vidro que
impede o contato orgânico da criança com a vida, seus
desafios e oportunidades de aprendizado…
Ainda, o medo na infância pode ser entendido como um bom
sinal, pois é a primeira maneira da criança de se
perceber diferenciada da mãe, de tomar consciência de si
como um ser único. E é a partir do reconhecimento de si
mesma que ela vai começando a trilhar os caminhos para
crescer e se desenvolver, tornando-se independente dos
pais, que são seus primeiros objetos de inter-relação
social.
Cabe a nós, pais e educadores, procurarmos assegurar
para os nossos filhos um ambiente emocional seguro e
afetivo. Pois somos o porto seguro das nossas crianças,
por mais desafiante que seja essa responsabilidade, não
é verdade?
Notinha
Nas escolas ou no consultório, costumamos sugerir às
famílias a literatura, pois os bons livros sempre ajudam
as crianças. Por exemplo, o livro “Quem Tem Medo?”, da
escritora Ruth Rocha, faz uma lista de todos os temores
existentes. Por meio de versos rimados, a obra dialoga
de forma tranquila com o leitor e mostra que, seja medo
de injeção ou de piolho, ele não está sozinho nessa… Já
o livro “Alguns medos e seus segredos”, da Ana Maria
Machado, é dividido em três histórias: “Mãe com medo de
lagartixa”, “Com licença, seu bicho-papão” e “O lobo mau
e o valente caçador”. Todas elas são narradas com bom
humor e mostram à criança que o medo não é privilégio de
alguns sortudos. Porque, como a própria autora aponta,
“quem parece sempre forte, no fundo é meio sem sorte –
tem que aguentar bem sozinho, sem ajuda, nem carinho”.