E se Pedro não tivesse negado Jesus?
O episódio da negação de Pedro, por três vezes
consecutivas, é muito conhecido de todos. Foi
imortalizado, por exemplo, em filmes clássicos
produzidos em Hollywood enfocando os tempos evangélicos
com a participação de inúmeros famosos atores e atrizes.
Quem não se lembra de ter visto no cinema a cena do galo
cantando, às primeiras horas da manhã, e a expressão de
surpresa e desconcerto de Pedro ao perceber que a
profecia do Mestre havia se cumprido, e ele, era o
principal protagonista:
Então, prendendo-o, levaram-no para a casa do sumo
sacerdote. Pedro os seguia à distância. Mas, quando
acenderam um fogo no meio do pátio e se sentaram ao
redor dele, Pedro sentou-se com eles. Uma criada o viu
sentado ali à luz do fogo. Olhou fixamente para ele e
disse: “Este homem estava com ele”.
Mas ele negou: “Mulher, não o conheço”.
Pouco depois, um homem o viu e disse: “Você também é um
deles”.
“Homem, não sou!”, respondeu Pedro.
Cerca de uma hora mais tarde, outro afirmou: “Certamente
este homem estava com ele, pois é galileu”.
Pedro respondeu: “Homem, não sei do que você está
falando!” Falava ele ainda, quando o galo cantou. O
Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então
Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito:
“Antes que o galo cante hoje, você me negará três
vezes”. Saindo dali, chorou amargamente. (Lucas,
22:54-62)
A que teste Pedro foi submetido! E ele, naquele momento,
falhou. Talvez, apavorado com a possibilidade de ser
crucificado negou, não uma, mas três vezes. É fato, as
torturas daqueles tempos eram inimagináveis, qualquer um
tremeria diante da possibilidade de ser levado para as
prisões romanas ou controladas pelo Sinédrio.
Quem poderá avaliar o íntimo deste Espírito que há pouco
tempo estava disposto a dar a própria vida por Jesus?
Que conflito interior Pedro há de ter passado? Caso
houvesse se condenado, irremissivelmente, não se
concedendo o autoperdão, tal qual fez Judas Iscariotes
ao trair Jesus, e, talvez, também tivesse lançado mão da
“solução” de seu conflito através da porta do suicídio.
Mas, felizmente, Pedro, como dito por Jesus a rocha (Mateus, 16:18),
aceitou a sua fraqueza, reconheceu interiormente o
quanto ainda havia de percorrer para de fato se tornar a
rocha e reergueu-se, tornando-se um inesquecível
exemplo a ser seguido por todos os cristãos, de todos os
tempos.
O que teria acontecido se Pedro não tivesse sido
submetido a esta verificação de aprendizado? Teria
crescido moralmente após este marcante engano e deixado
importante legado à posteridade?
Estas situações contundentes podem servir para o
Espírito, nos dizeres do próprio Mestre, para que se
transformem em verdadeiros Deuses e, fortalecidos
por esta chama interior que desconheciamos existir no
íntimo, realizarmos feitos inimagináveis, como foi o
caso de Pedro.
Esta imortal lição serve para todos nós que prometemos
de pés juntos que faremos isto ou aquilo,
deixaremos de lado condutas inadequadas, passaremos a
observar com cuidado os princípios divinos, e tantas
outras promessas, mas na hora do testemunho, muitos de
nós também falhamos, demonstrando inequivocamente que
esta parcela da humanidade ainda é fraca, nos falta
firme vontade para não olhar mais para trás e seguirmos
determinados tentando acertar o passo com os do Cristo.
Um desafio e tanto, pois dentro de nós mesmos serão
travadas as maiores e mais significativas batalhas.
Sendo assim, quando a vida nos convidar à prática de
atitudes maiores do ponto de vista moral ou ético,
recordemos aquela rocha de nome Pedro, personagem
tão importante de nossa História à quem foram prometidas
as chaves do reino dos Céus (Mateus 16:19).