Verdade
nua e crua
Ninguém é mais escravo
do que aquele que se
julga livre sem o ser. Goethe
É profunda essa reflexão
de Goethe, escritor e
filósofo alemão, que
complementa: “O que o
homem não entende ele
não possui".
Dois exemplos comuns em
nossa sociedade são a
falta de ética e
caráter, em vários
sentidos.
A sociedade consumista
estimula desde a
infância os indivíduos a
vencer, e quanto mais se
empenha na conquista,
mais se escraviza; a
liberdade exige muito
esforço, uma vigilância
constante daquilo que
nos aprisiona, seja
material ou afetivo, e
para alcançar essa meta
temos que nos conhecer.
Conta-se que no final do
século XIX surgiu uma
parábola judaica
referente à Verdade e à
Mentira. Desde então a
expressão “verdade nua e
crua” nasceu e viaja o
mundo todo.
A história diz que em um
belo dia de sol limpo e
admirável a Verdade e a
Mentira se encontraram,
e logo disse a Mentira
para a Verdade:
– Hoje está um dia lindo
e maravilhoso. Não está?
A Verdade deu um suspiro
e olhou para o céu e
teve de concordar, pois
o dia estava realmente
agradável.
E continuou a Mentira:
– Está muito calor hoje.
E a Verdade vendo que a
Mentira continuava
falando verdade,
relaxou. E foi então que
a Mentira convidou a
Verdade para tomarem um
banho refrescante num
lago ali próximo. Despiu
suas vestes, entrou na
água e disse: – Venha,
senhora Verdade, a água
está uma delícia.
A Verdade ficou um pouco
desconfiada, mas
resolveu testar a água e
descobriu que realmente
a água estava muito, mas
muito convidativa; desta
forma elas, despidas, se
banharam deliciosamente
e começaram a brincar,
ganhando a confiança uma
da outra.
De repente,
sorrateiramente a
Mentira saiu da água,
vestiu as roupas da
Verdade e desapareceu
dali a correr.
Então, a velha Verdade,
quando percebeu que
tinha sido enganada, e
que não tinha o que
vestir, porque se
recusava a vestir a
roupa da Mentira,
pensou, pensou, e
decidiu que não tinha de
se envergonhar, sairia
dali assim mesmo: nua! E
seria nua que iria
caminhar na rua, até sua
casa.
Todos criticam aqueles
que expõem a verdade nua
e crua e que olham para
ela. Ninguém perguntou a
razão daquela nudez. Aos
olhos das pessoas, era
mais fácil aceitar a
Mentira vestida de
Verdade, do que a
Verdade nua e crua.
Desde então muita gente
mentirosa viaja ao redor
do Mundo, vestida como a
Verdade.
Nossa verdade, nós a
colocamos em alegrias
passageiras ou
verdadeiras?
Só colhe quem planta:
quem renuncia às
satisfações pessoais em
favor do aprimoramento
moral e espiritual
colherá, um dia, a
felicidade plena.
Arnaldo
Divo Rodrigues de
Camargo é diretor da
Editora EME
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