A verdadeira felicidade
Apesar de todos os acontecimentos tristes que nos chegam
todos os dias por meio dos canais de comunicação, nunca
se falou tanto da necessidade de o homem buscar a sua
melhora como condição “sine qua non” para a melhora do
coletivo. Apesar de todos os acontecimentos nefastos,
tanto aqueles de ordem mais individualizada como também
os que atingem a maioria de nós, percebemos que há um
desejo contido, inexpresso, de se conquistar a
felicidade, de sermos felizes, apesar de todos os
obstáculos que defrontamos todos os dias. Esse desejo é
perfeitamente compreensível, pois fomos criados para
sermos felizes. E por que não somos? O que está faltando
ou o que não estamos observando para atingirmos esse
estado d’alma que nos envolveria e atingiria,
consequentemente, todos aqueles que jornadeiam junto a
nós?
A resposta não é difícil, mas a execução, sim.
No Livro dos Espíritos, na questão 967, ao
indagar Kardec no que consistiria a felicidade dos bons
espíritos, eles responderam: “felicidade para os bons
Espíritos é conhecer todas as coisas, não ter ódio, nem
ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões
que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é
para eles a fonte de uma suprema felicidade. Eles não
experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos,
nem as angústias da vida material. São felizes do bem
que fazem.”
Assim, de imediato, percebemos que a felicidade para
aqueles que já estão num patamar espiritual mais elevado
é o desprendimento material, ou seja, a ausência das
necessidades materiais tão fortemente arraigada em nós e
ainda uma fonte de prazeres. A não realização desses
prazeres é causa de incontáveis sofrimentos existentes
no nosso meio, como se vivêssemos constantemente sob
tortura.
Outro aspecto mencionado como fator que poderia trazer
mais felicidade é a busca do conhecimento, não apenas o
intelectual, mas acima de tudo a busca pelos valores
morais e espirituais. Conhecer todas as coisas, num
processo contínuo e ininterrupto, absorvendo os
ensinamentos e exteriorizando-os através de uma conduta
reta, íntegra e acima de tudo, vigilante, pois sabemos
já, com muita propriedade, o quanto é difícil vencer o
mundo, com suas tentações, com suas ofertas, na maioria
das vezes, inacessíveis à maioria. Conhecer e trabalhar,
essa é a faina do aprendiz que inicia seu processo de
doação, de atividades de amor ao próximo.
Por outro lado, para que o aprendiz, com o passar dos
tempos não caia em desânimo, sentindo que todos os seus
esforços foram inócuos, pois essa situação é mais
corriqueira do que se imagina, é preciso doses de
paciência e atenção às suas próprias necessidades mais
profundas. Trabalhar e estudar são os caminhos de
descoberta e fortalecimento. Todavia, se essas tarefas
não se aplicarem ao serviço essencial de
autotransformação, como decorrência da busca daquilo que
realmente somos, conhecendo nossos sentimentos e
emoções, deixaremos de semear no nosso terreno pessoal
as sementes vigorosas que vão nos dar, no futuro, a
liberdade e a felicidade tão almejadas por nós.
Assim, não existe felicidade sem o pleno conhecimento de
nós mesmos. O mergulho interior é indispensável e a
convivência, nesse contexto, é escola bendita.
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