Tatuagens e Espiritismo
Uma questão que ouvimos sempre é em relação a
uma possível lesão que as tatuagens fariam no
perispírito. Cabe aqui uma análise à luz da
doutrina dos espíritos, que é uma doutrina
lógica, racional.
Na questão 621 d’ O Livro dos
Espíritos Allan Kardec interroga a
espiritualidade sobre onde estaria escrita a lei
de Deus. Resposta: Na consciência
Vejam que não há um tribunal externo de
espíritos para nos julgar a cada ato nosso, mas
já temos esse guardião do certo e do errado em
nós.
E no livro No Mundo Maior, autor
espiritual André Luiz, psicografia de Chico
Xavier, temos uma aula detalhada desse processo,
no capítulo a Casa Mental, em que André Luiz nos
esclarece que a consciência fica no que ele
chamou de superconsciente, parte frontal do
cérebro. E que tudo que vivemos nesta e em
outras vidas fica registrado no subconsciente,
moldando assim nossa maneira de ser, nossa
personalidade. A consciência pode marcar em
nosso perispírito a consequência de algumas
escolhas infelizes, que se refletirá em nosso
corpo físico, nesta ou em outra existência. Vale
muito a pena conferir essa obra.
Mas é importante lembrar aquilo que está lá no
começo d’ O Livro dos Espíritos,
uma das características do Criador, no item
Atributos da Divindade: Deus é soberanamente
justo e bom. Portanto, suas leis são também
justas e não existem por um capricho seu. Mas
são mecanismos para nos fazerem crescer na
ciência do infinito, trazendo até nós os
desgastes necessários e somente quando
necessários.
No livro Evolução em Dois Mundos, André
Luiz fala sobre a relação entre perispírito e
corpo físico, afirmando que o primeiro modela o
segundo, sendo o corpo físico, portanto, o
reflexo do corpo espiritual, assim como esse é
reflexo do corpo mental.
Fica fácil entender que toda vez que lesarmos a
consciência isso ficará registrado em nossa
mente, que, dependendo de como a pessoa lida com
seus erros, de como já sabe se perdoar, pode
lesar o perispírito, que vai refletir no corpo
físico.
Agora podemos, à luz da razão e do atributo de
Deus que citamos acima, perguntar e refletir
sobre de que forma uma tatuagem, algo artístico,
poderia lesar nossa consciência a ponto de
refletir no corpo físico? Uma homenagem à mãe, a
um filho, a uma pessoa querida? Um desenho que
traga uma lembrança agradável ou uma mensagem de
motivação?
Alguém poderia dizer que as tatuagens buscam
somente realçar a beleza. E, portanto, é um ato
materialista. Certa vez perguntaram a Chico
Xavier se é errado cuidar da aparência. Ele
respondeu sugerindo que perguntemos, nesse
sentido, por que Deus fez a natureza tão bela.
O problema não é cuidar da aparência, mas a que
custo fazer isso. Se algum procedimento estético
coloca em risco nossa saúde ou ainda a nossa
existência, uma oportunidade tão necessária
neste globo para trabalharmos nossa evolução, aí
precisamos parar e rever nossos conceitos. Se a
beleza exterior é a única coisa que nos importa,
aí, então, precisamos entender que estamos na
contramão de tudo que o Espiritismo nos ensina e
que Jesus nos ensinou, pois somos uma centelha
divina, um espírito imortal num corpo físico,
que é apenas o veículo através do qual nos
manifestamos neste plano. A razão de estarmos
aqui é desenvolver o amor num plano maior que a
sensualidade apenas.
Espiritismo é ciência e filosofia, adverte
Kardec na obra O que é o Espiritismo. Daí
a necessidade de muito estudo para uma boa
compreensão e aplicação em nossas vidas. Ou
ficaremos presos apenas a atos exteriores, sem
que a necessária transformação interior
aconteça. Não basta que não façamos o mal; é
preciso fazer o bem no limite das forças.
(Questão 642 d’ O Livro dos Espíritos.)
Essa é a verdadeira face dessa doutrina tão
simples.