Hora extrema
Céu de chumbo a rugir na imensidão remota
Verte em largos bulcões indômita procela.
No tempestuoso mar que se agita e encapela,
Sofro o anseio febril dos náufragos sem rota.
Mergulho a vastidão, qual mísera gaivota
Que, em tentando fugir da nau que se esfacela,
Logra apenas ferir-se e tombar junto dela,
Sonho audaz de infinito amargando a derrota.
Desço às vascas do fim, no pélago profundo…
Irrompe de improviso a tela de outro mundo,
Sob a luz que transcende os fastos da memória.
Faz-se a treva esplendor, raia o dia opulento…
Ante a luz divinal, que banha o firmamento,
Levanto-me do abismo, em suprema vitória.
Do livro Antologia
dos Imortais, obra
psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira.