A Paz no mundo
“A paz vos deixo, a minha paz vos dou. Não vo-la dou à
maneira do mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se
atemorize.”
Andamos ansiosos esperando por dias de paz, por mais
equilíbrio, por mais justiça social, fraternidade e
solidariedade. Vivemos o nosso dia a dia na expectativa
de que algo miraculoso acontecerá e que, finalmente,
vivenciaremos o que nos vai no âmago da alma. Sentir paz
e ter paz!
Ledo engano! Triste e ledo engano!
A paz que almejamos não decorrerá de nada exterior, de
nenhuma ocorrência catastrófica que poderia mudar os
rumos da nossa humanidade, ensinando o homem a viver no
mundo, respeitando as leis naturais, tampouco suas leis
transitórias e efêmeras.
Como bem nos ensina Emmanuel, mentor espiritual do nosso
inesquecível Chico Xavier, “para que um homem seja
filho da paz, é imprescindível trabalhe incessantemente
no mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à
Vontade Divina e evitando as manifestações de
desarmonia, perante as leis eternas.”
Exemplos mil poderia dar para que essa orientação seja
bem compreendida, porém basta que nós comecemos apenas
nos observando em nossas atitudes diárias, examinando
nosso campo mental, nossas palavras, os sentimentos que
externamos em relação aos outros e já teríamos uma
medida para lá de suficiente e vermos que ainda não
sabemos cultivar a paz dentro de nós, quanto mais
querermos que ela seja uma tônica na nossa humanidade.
É certo e incontestável que ninguém atingirá o bem-estar
sem esforço no bem, sem disciplina elevada de seus
próprios sentimentos.
Também é indispensável compreendermos o enunciado acima,
referente à paz do mundo e à paz proposta pelo Cristo.
Mais uma vez, Emmanuel preleciona e com ele concordamos
em todos os pontos: “Há muitos ímpios, caluniadores,
criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo.
Sentem-se triunfantes, venturosos e dominadores no
século. A ignorância endinheirada, a vaidade bem vestida
e a preguiça inteligente sempre dirão que seguem muito
bem.”
Quantos são os que dormitam no sono enfermiço da alma
acreditando terem a paz do mundo?
Por outro lado, e ao lado disso, existe por parte
daqueles que já despertaram um pouco mais suas
consciências para as verdades espirituais uma
inquietação que os leva a questionar o desenrolar dos
acontecimentos, cobrando uma interferência ou uma
colaboração mais direta dos emissários divinos.
Distanciados das noções de justiça, não compreendem que
seria terrível furtar ao homem os elementos de trabalho,
resgate e elevação. Aborrecem-se, facilmente, com as
reiteradas e afetuosas recomendações de paz das
comunicações do além-túmulo, porque ainda não se
harmonizaram com o Cristo.
Assim, em poucas palavras, já temos uma pálida ideia de
quanto nos compete realizar em favor de nós mesmos e dos
outros.
Enquanto o trabalho de regeneração individual não se
efetivar, por meio de um esforço hercúleo de
autoconhecimento e autotransformação, a paz estará
distante, vivendo numa realidade que, por ora, não nos
pertencerá.
Se desejamos a paz, se ansiamos pela paz, que ela se
inicie dentro de nossos corações.
Certos estejamos de que grande é a nossa
responsabilidade. Cada um, individualmente, contribuirá
e fará com que os dias de paz cheguem à nossa
humanidade.
Não esperemos grandes sinais, pois estes já foram dados
de há muito com o advento do Cristo no nosso orbe, com
todo o seu Evangelho de Amor e, para que um dia possamos
sentir a sua paz, não podemos nos quedar como os
preguiçosos que respiram à sombra, à espera do
fogo-fátuo do menos esforço.