Felizes os que não viram e creram
Chico Xavier visitava, anualmente, a serviço, a cidade
de Leopoldina, na Zona da Mata mineira, numa época em
que trabalhava como auxiliar de escritório da Fazenda
Experimental de Pedro Leopoldo, do Ministério da
Agricultura.
Numa dessas visitas, esteve na Semana Espírita de
Astolfo Dutra, distante 40 km de Leopoldina.
Nessa tradicional Semana Espírita, na parte da manhã,
ocorre o que denominam Reabastecimento. Os
confrades sentam-se em círculo, no pátio da Fundação
Abel Gomes, abre-se o evangelho ao acaso, lê-se uma
página, e todos comentam.
Naquela manhã, o texto calhado foi a passagem da mulher
samaritana, que, junto ao poço, enchia seu jarro de
água, quando Jesus se aproximou.
Os confrades iniciaram os comentários, mas, sempre que
Chico ameaçava dizer qualquer coisa, alguém contestava:
- Você, Chico, fica para o final!
Muitos, então, teceram comentários: Astolfo Olegário,
Carlos Imbassahy, Irtes Terezinha e outros. Ao final,
quando só restava Chico Xavier, ele voltou-se e disse:
- Bom, só me resta dizer que o jarro era de barro. E, a
seguir, teceu luminosos comentários em torno do tema.
Na localidade de Leopoldina, Chico aproveitava a
oportunidade para participar da reunião pública semanal
do centro espírita Amor ao próximo, e fornecia
receitas mediúnicas aos enfermos.
Numa dessas reuniões, um médico recém-chegado da
Inglaterra, muito descrente, introduziu o seu pedido em
idioma inglês, certo de que provaria que Chico era um
embusteiro.
A rapidez com que os Espíritos, pela mão do médium,
escreviam as receitas não permitiu sequer que o médico
percebesse o momento em que o seu pedido fora atendido.
Ao final da reunião, a secretária, ao entregar as
receitas, chamou o médico para receber a sua. O doutor,
admirado com a orientação, redigida igualmente em
inglês, fez questão de lê-la, traduzindo-a para a
plateia admirada:
- O irmão, que é médico, não precisa de receita médica,
pois sabe qual a doença que tem e quais medicamentos
precisa tomar, como cardiopata que é. Sua pior
enfermidade, contudo, não é a cardiopatia, mas a
descrença.