O pior dos jarros
“Nossos pontos fracos não devem ser condenados, mas
entendidos como oportunidades de aprendizado e
crescimento.” – Do livro Pensamentos Que Ajudam.
Vamos valer-nos de uma história espiritualista para
desenvolver o tema a que se propõe o artigo.
Um caçador resolveu apanhar macacos. Para essa
finalidade construiu jarros com gargalos bem estreitos
colocando em seu interior o alimento de predileção
desses animais.
Atraídos pelo odor das bananas, os animais se
aproximavam de início cautelosos, mas vencidos pela fome
introduziam uma das mãos no interior do recipiente.
Para entrar com a mão vazia, elas conseguiam deslizar
pelo gargalo estreito, mas ao prenderem a fruta com os
dedos a mão aumentava de tamanho, o que impossibilitava
que a retirassem do interior do recipiente, sendo feito
prisioneiros pelo caçador.
Se tivessem soltado o alimento, retirariam com
facilidade as mãos do interior do jarro, mas como não
conseguiam largar o alimento, acabavam capturados.
Trazendo essa história para a nossa vida aqui na Terra,
vamos ver que a vida material nos oferece múltiplos jarros com
aquilo de que gostamos.
Para uns é o dinheiro abundante que faz as pessoas
atraídas introduzirem as mãos pelo “gargalo estreito” da
ganância, não conseguindo mais abri-las para conseguirem
libertar-se.
Para outras, são os títulos de importância na sociedade
que levam a muitos introduzir as mãos com avidez dentro
dos jarros estreitos do mundo dos homens. E após esse
gesto, não conseguem mais abrir mão desses valores para
se verem livres e permanecem aí prisioneiros.
Outros ainda se empolgam com as imensas propriedades a
perderem-se de vista e repleta de animais que
representam, para quem assim procede, a fortuna
assegurada para toda essa existência e outras tanto
mais.
Casas de aluguel, roupas elegantes, moradias nababescas,
veículos de grande imponência, viagens a locais exóticos
que representam cartões de posição elevada na sociedade,
são mais alguns exemplos dos jarros que a vida no corpo
nos apresenta para atrair aqueles que desejam capturar
esses valores que não trouxeram nem levarão para
além-túmulo, já que a alfândega do túmulo é
incorruptível e extremamente rigorosa e justa: não traz
e nem leva!
Ocorre que a morte do corpo não se traduz por
desencarnação.
Jesus foi muito claro quando ensinou que onde
colocássemos nosso tesouro aí estaria preso o nosso
coração.
É preciso libertar-nos dos valores do mundo para
prosseguirmos nas dimensões espirituais da existência em
busca de nossa jornada evolutiva. E é exatamente nesse
momento que é preciso conseguir tirar a mão do “jarro”
que cultivamos durante toda uma existência na Terra.
Quantos Espíritos perdem o corpo e aqui permanecem sem
conseguir prosseguir no caminho em direção à dimensão
espiritual na caminhada evolutiva?
Mas gostaríamos de destacar com o auxílio do livro do
doutor José Carlos de Lucca intitulado Pensamentos
Que Ajudam, na página O lírio nasce do pântano,
o pior dos “jarros” que existe para o Espírito imortal e
que se encontra dentro dele mesmo.
Esse jarro é constituído pelo sentimento de culpa que
assalta a muitos quando começam a tomar consciência dos
seus erros.
Eu diria que nesses jarros introduzimos não
somente as mãos, mas principalmente a nossa consciência!
E se isso acontecer, como é difícil retirá-la desse
local!
Para nosso auxílio, buscamos no livro mencionado alguns
ensinamentos que vêm em nosso auxílio para libertarmos a
consciência do sentimento de culpa, que é o pior dos jarros.
Talvez estejamos tomados pela vergonha de nossas quedas,
por tropicar inúmeras vezes na mesma pedra. Achamos que
não temos jeito, que estamos condenados
irremediavelmente à estrada do erro. Calma lá! Estou
certo de que nossos tropeços ocorrem mais por
fragilidade do que por maldade. Não acredito que, na
essência, sejamos pessoas más, pois Deus não nos criou
assim. Nascemos do amor de Deus, e ainda não fomos
capazes de enxergar quanta luz e beleza existem dentro
de nós. E tal sensação nos faz criaturas frágeis e
inseguras, fadadas facilmente aos equívocos.
Somente podemos mudar algo em nós quando nos aceitamos o
que somos sem condenação, mas, também, sem comodismo.
Façamos as pazes conosco, compreendamos a nossa marcha,
tenhamos a lembrança de somos alunos na escola da vida,
cada um no seu ano, e que o único propósito nessa escola
é de que, a partir do ponto onde nos encontramos, cada
um avance, aprenda, refaça, recomece, nunca desista de
si mesmo, lapidando, com o cinzel da humildade, o anjo
que mora dentro de si.
Vamos retirar a consciência de dentro do jarro da
culpa enquanto estamos em viagem no corpo?