Entrevista

por Orson Peter Carrara

Nova geração chegando... Exemplos e análises da evolução

Natural de Jundiaí (SP), onde também reside, cabeleireiro aposentado, Ivando Xavier Coutinho (foto) participa do Centro Espírita Nova Luz e do Centro Espírita José Herculano Pires, de sua cidade. No primeiro deles atua como dirigente de reuniões mediúnicas e no segundo como presidente da Diretoria Executiva. A seguir, a entrevista que ele gentilmente nos concedeu:

 

Como você analisa o atual período de transição planetária sob o parâmetro das novas gerações?

Estamos, devagar, deixando a categoria de mundo de provas e expiações e adentrando o mundo de regeneração. É uma fase onde, por um lado, vemos ainda muitos sofrimentos e provas que visam o resgate dos espíritos aqui encarnados, e por outro vemos a encarnação em massa de espíritos mais elevados. Vejo esta fase como uma oportunidade de muito trabalho na seara do bem para contribuirmos para instalação desse mundo melhor.

Para os estudiosos espíritas, e mesmo para os jovens, o capítulo 18 de A Gênese continua atualizado e atraente para pesquisa nessa direção?

Sim, compartilho a ideia de que estamos progredindo e com o renovar das gerações assistiremos à instalação total de um mundo de regeneração. Mas precisamos ter paciência, pois o progresso é lento e gradual.

O que mais lhe chama atenção no período atual do planeta?

Uma consciência cada vez maior de que devemos respeitar as diferenças e nos ajudar uns aos outros. Vejo com alegria cada vez mais um repúdio às discriminações e injustiças sociais.

E no Brasil?

Sou um apaixonado pelo nosso país onde o Espiritismo floresceu. A liberdade que aqui temos de expressão religiosa é um sinal de que temos uma grande participação na implementação do mundo de Regeneração.

E considerando nossos atuais adolescentes e jovens?

Vejo nos jovens os espíritos que transformarão este mundo com suas virtudes e sua boa vontade. E quanto mais os pais ajudarem o encaminhamento dessa nova geração, com exemplos e direcionamento, mais rápido cresceremos na hierarquia dos mundos.

Você tem exemplos para nos trazer de comportamentos novos com os novos habitantes do planeta?

Já vi várias crianças e jovens muito preocupados com a natureza, respeitando o meio ambiente e o reino animal. Muitos já nascem vegetarianos e outros, contra o abuso feito aos animais, se tornam vegetarianos mais tarde. Mas o que me chama a atenção são as ações desses novos espíritos no que diz respeito ao direito do próximo. Já notei várias vezes jovens respeitando filas e defendendo o direito de todos e a igualdade sem quaisquer tipos de discriminação.

E como você tem lidado com essas observações perante a si mesmo?

Para mim, que não me considero um espírito tão elevado quanto esses espíritos que estão encarnando, vejo um grande desafio de elevar o padrão para não barrar as tendências positivas dessa nova geração. Principalmente, na condição de influenciador de nossas crianças e jovens, vejo uma grande responsabilidade para todos nós, enquanto pais e educadores, pois, como o espírito nesta fase ainda está se adaptando na existência terrena, temos que fazer o nosso melhor para não podar o seu desenvolvimento.

De suas lembranças dessas vivências, o que lhe é mais marcante?

Tenho um caso de um menino de 5 anos que chamou a atenção de sua professora por mostrar uma atitude de total não violência na sala de aula. No final do ano, quando conversou com os pais daquele menino, a professora confessou que nunca tinha visto um caso como aquele e nunca se esqueceria daquele menino.

Ela tinha em sua sala um menino violento que batia em todos os colegas que dividiam a carteira com ele, pois os alunos sentavam em duplas. Para tentar resolver o problema a pessoa colocou esse aluno com o primeiro de que falei no início desse caso.

Passado um tempo o menino pediu uma audiência com a professora e pediu que ela tomasse uma providência em relação ao fato de estar sendo agredido quase todos os dias pelo companheiro de carteira. A professora informou ao menino que, por ele ser bem maior que o menino violento, poderia defender-se melhor que as outras crianças, assim paralisando suas atitudes de violência.

O menino, para surpresa da professora, disse que não poderia defender-se, mesmo sabendo artes marciais, pois devido à sua natureza dócil o pai tinha colocado o menino para fazer aulas de karatê. Aí a professora perguntou o porquê e ele disse que não dava para se defender sem correr o risco de machucar o outro menino, já que ele era bem maior.

Então o menino reiterou a intervenção da professora e disse mais ainda: que poderia conversar com a mãe do garroto ou com a diretora da escola se ela não resolvesse.

Finalizando, a professora disse aos pais desse menino que não teve outra alternativa a não ser perguntar o que ele sugeriria para resolver o problema.

Na visão dele era simples, bastava a professora colocar o menino sozinho na sala de aula e na primeira carteira, pois já tinha notado que as agressões só aconteciam quando a professora não estava vendo. O mesmo deveria fazer no recreio, ficar olhando o menino violento sempre de perto, pois quando ficava conversando com outras professoras o outro menino batia em alguém.

Então, ela seguiu o conselho desse menino de 5 anos e passou o ano todo vigiando o outro menino, que não agrediu mais ninguém.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Se por um lado temos esses espíritos mais elevados encarnando ao nosso lado, por outro temos muitos outros ainda não tão elevados, que também merecem nossa atenção e carinho.

Suas palavras finais.

Nesta época de transição tenhamos esperança e fé de que tudo está dentro dos desígnios divinos, principalmente dentro da lei de evolução onde todos progridem. Aproveitemos esta fase para fazermos o nosso melhor e ajudar os que estão ao nosso redor. Assim veremos este mundo se afirmar em um mundo de regeneração, onde teremos mais paz para ascendermos aos mundos felizes.

 

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita