Ser injusto diante do próximo
Os evangelistas contam muitas histórias das passagens de
Jesus, como as boas aventuranças e as parábolas.
Ensinamentos que servem para nossa reflexão e uma
reeducação de nossa conduta moral. Ensinamentos
espirituais extremamente contemporâneos para o mundo em
que estamos vivendo.
Entre muitas passagens encontramos a Parábola do Juiz
Iníquo e faremos uma correlação com as atitudes
humanas nos dias atuais, uma forma de refletir na
contemporaneidade desse ensinamento doutrinário e uma
visão espírita sobre esse comportamento.
Apesar da evolução tecnológica em alguns aspectos,
moralmente falando evoluímos muito pouco, pois o egoísmo
humano e a arrogância afastam as pessoas umas das
outras, dificultando perceber a verdadeira necessidade
do nosso próximo.
Até mesmo quando estamos numa posição de ajudar
profissionalmente, socialmente ou até mesmo na política,
onde poderíamos dar solução ou resolver um problema em
relação ao semelhante, nos esquivamos em servir. Porém,
por egoísmo, vaidade ou imprudência temos uma atitude de
omissão em relação ao nosso compromisso reencarnatório,
nos omitindo diante do dever ou da possibilidade do
exercício da caridade para com aqueles que necessitam
muito mais do que nós mesmos.
Tanto Cairbar Schutel 1 como Rodolfo
Calligaris 2 desenvolveram obras
procurando explicar melhor as Parábolas de Jesus. Esses
ensinamentos podem perfeitamente ser encontrados nos
dias de hoje em personagens que apresentam as mesmas
características; a representação simbólica é
praticamente idêntica.
Conta-nos então o apóstolo Lucas a Parábola do Juiz
Iníquo, um importante ensinamento deixado pelo
Cristo, como tantos outros. (Lucas 18:1-8.)
Existia em uma cidade um juiz
que atendia às demandas que os cidadãos lhes
apresentavam, porém esse juiz era insensível às
necessidades das pessoas e nem sempre se interessava
pelos problemas daqueles que o procuravam, pedindo que
fizesse justiça. Era um homem descrente de Deus e não
tinha consideração por ninguém. Julgava as questões de
acordo com seus interesses pessoais e não segundo a lei.
Curiosamente, essa situação ainda é muito atual no mundo
de hoje, pois a grande maioria das pessoas estão mais
voltadas para seus interesses particulares de ordem
material do que para as questões do próximo que nos pede
ajuda de ordem existencial ou até mesmo espiritual.
Estamos vivendo um momento mais centrados nas nossas
questões de foro íntimo, ignorando aqueles que estão ao
nosso redor.
Esse fato aconteceu com a Parábola do Juiz Iníquo (mau,
perverso ou malévolo), que
apenas se interessava pela necessidade dele e dos seus,
legislava em causa própria, atendendo apenas a seus
interesses. Essa passagem tem uma correlação com o cap.
91 do livro Pão Nosso 3,
psicografado por Chico Xavier, em que Emmanuel com base
em uma passagem de Mateus 27:4 nos exorta a repensarmos
as nossas atitudes para com os semelhantes,
principalmente quando estivermos numa posição de
superioridade material e profissional, porque um dia
teremos de encarar a nossa consciência diante das coisas
que sabíamos e nada fizemos para modificar.
Somos responsáveis diretos pelas nossas ações e,
independentemente de nossas crenças, serão as nossas
atitudes o elemento que vai contrabalançar na
contabilidade da nossa consciência a questão do certo,
do errado e até mesmo do comportamento que tomamos por
conveniência, aparentando interesse.
Como excelente exemplo encontramos em O Evangelho
segundo o Espiritismo 4 a história
de Uma Rainha de França (Havre, 1863), em que ela
narra: “Que
humilhação, quando, em vez de ser recebida aqui qual
soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que
eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por
não terem sangue nobre!”
Não nos resta dúvida que em algum momento teremos que
responder pelas nossas atitudes, até mesmo quando
realizamos ações por conveniência e não por amor ou pela
justiça de Deus.
Na História do Juiz Iníquo, para ele se ver livre
de aborrecimentos, porque
não queria mais ser importunado, resolveu manipular,
atendendo em favor das causas daqueles que vinham
solicitando ajuda, para não mais ser aborrecido com seus
pedidos.
Curiosamente encontramos na atitude do Juiz o lado
materialista, perverso e mesquinho da humanidade
terrestre, que não realiza o bem pelo bem, mas tem
atitudes interesseiras, cuja reverberação vai se
projetar além desta encarnação como a história acima de Uma
Rainha de França.
O conhecimento oferecido pela Doutrina Espírita favorece
aqueles que assim desejarem com a reeducação de valores
e uma revisão na nossa conduta pessoal diante do
semelhante e diante de nós mesmos.
Francisco Cândido Xavier, ao longo de todo seu mandato
mediúnico, nos ensinou que: “Somos livres para
decidir sobre nossos atos, muito embora nos tornemos
escravos das suas consequências”.
Assim como:
“Suas crenças não fazem de você uma pessoa melhor, as
suas atitudes sim”.
Referências:
1) Schutel,
Cairbar; Parábolas e Ensinos de Jesus; Ed.
Clarim.
2) Calligaris,
Rodolfo; Parábolas Evangélicas; FEB.
3) Xavier,
Francisco Cândido; Pão Nosso; cap. 91 – Isso é
contigo; FEB.
4) Kardec,
Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo; Cap. II
- Uma realeza terrestre - 8; FEB.
5) Wikipédia (Enciclopédia
Livre).
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