O afeto como oxigênio em 2023
Superando mais um ciclo cronológico em nossas vidas,
cabe uma breve retrospectiva dos fatos ocorridos no
curso dos acontecimentos ao longo do semestre passado,
mais especificamente, quando nossos pares estimulados
pela mídia na figura dos “influenciadores”, deixaram-se
envolver e abraçaram causas opostas, promovendo
conflitos de ideias que no calor das provocações
ocasionaram rompimento de antigas e duradouras
amizades, gerando mágoas e frustrações, levando mesmo a
confrontos corporais em que, em inúmeros casos, foram
registrados óbitos em decorrência de situações
irreversíveis, que poderiam ser evitadas por uma breve
pausa para avaliar quanto estamos impregnados de
informações tóxicas que deveriam ser deletadas,
canceladas dos nossos registros, abrindo espaço para as
reflexões e armazenamentos saudáveis que nos fazem tanto
bem.
Como exemplo, o avanço da ciência numa dedicação
hercúlea tem promovido à sociedade a imunização da nossa
organização física através das vacinas e reforços tão
necessários no combate ao vírus da Covid 19 e suas
variantes, abrangendo todas as idades. É certo que ainda
não podemos afirmar que está solucionada a questão,
porém isso alimenta nossas esperanças e nos deixa
estimulados, para acreditarmos que juntos alcançaremos a
vitória e todos nós continuaremos a nossa jornada
confiantes em dias, meses e anos, com mais segurança e
amadurecimento na experiência das vivências atuais.
Com o advento da Copa do Mundo de futebol no último mês
do ano, polarizando grande parte da população do
planeta, aqui no nosso Brasil multifacetário observamos
que o antagonismo das ideias cedeu lugar a uma
aproximação física unindo as pessoas que se organizaram
para assistir aos enfrentamentos das seleções
participantes, declarando suas preferências e fazendo
prognósticos para os resultados.
Devo ressaltar que todo o movimento de compartilhamento
ocorreu num ambiente psicológico-emocional natalino,
permeado de estímulos aos encontros de confraternização
com trocas de presentes e abraços, com desejos fraternos
de dias melhores para todos os amigos e parentes
consanguíneos.
Estas breves anotações têm como propósito trazer à baila
a importância e lembrar quão necessário se faz estarmos
atentos ao constante estímulo, construção e manutenção
do afeto, como propõe a Dra. Nise da Silveira (1): “...
O ser humano precisa de afeto como precisamos de
oxigênio para respirar...”. Com base nessa premissa, a
Dra. Nise criou e desenvolveu um método clínico centrado
no afeto.
Parece que quando nos afastamos do campo de ação afetiva
dos nossos pares, sejam consanguíneos ou não, nos
distanciamos de nós mesmos tornando-nos solitários,
perdendo a conexão com o universo das emoções e dos
sentimentos da espécie humana, favorecendo e estimulando
a fuga de nós mesmos, buscando compensações das mais
variadas formas e maneiras de agir e pensar.
Em muitos casos nos tornamos selvagens embrutecidos como
se ignorássemos toda a experiência pregressa que nos foi
confiada, quer seja pela família ou pela sociedade, que
investiu e depositou em nós a continuidade da evolução
dos hábitos, costumes e valores para que vivamos em
harmonia e em equilíbrio de forma adequada à evolução
dos costumes, com o bem de todos e a felicidade geral da
humanidade.
Neste novo ciclo que teve início em janeiro de 2023,
proponho aos generosos leitores deste texto manter acesa
a chama da fraternidade em seus corações, aproveitando o
clima de Natal e Ano Novo, emitindo essas vibrações com
benevolência, carinho, entendimento, compreensão,
alegria, harmonia, amor humanizado, para que os povos de
todo o nosso planeta possam alcançar a união e a
igualdade pelo afeto, como verdadeiros irmãos que somos,
a caminho da liberdade tão sonhada.
Desejo que a Paz encontre espaço livre em nossos
sentimentos e emoções e permaneça perenemente conosco no
curso de 2023.
(1) Dra. Nise da Silveira foi herdeira de
Juliano Moreira, Baruch Espinoza, Sigmund Freud e aluna
de Carl Gustav Jung na Suíça.
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