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por Cláudio Bueno da Silva

 

Direito à vida digna


“Quanto estamos dispostos a ceder para que todos ganhem?”, li numa postagem da internet.

Parei para refletir em como esse pensamento atinge o centro dos conflitos humanos. Importante ressaltar que "ganhar", aqui, significa ter acesso ao bem mais precioso: viver com dignidade. Então aquela frase verdadeira, somada ao meu entendimento, ficou assim: “Quanto estamos dispostos a ceder para que todos possam viver com dignidade".

Claro que há outras reflexões que a frase sugere, mas minha atenção se voltou de imediato para o primeiro de todos os direitos do homem, segundo O livro dos espíritos, de Allan Kardec (1): o de viver. Se a vida humana na Terra não se sustenta sem interação e cooperação direta ou indireta, conclui-se que a vida dos outros importa para nós, e vice-versa.

Trata-se de valores materiais e morais. Se os que “ganham” não estiverem dispostos a ceder, muitos ficarão sem “ganhar”, o que pode traduzir severas injustiças.

Ceder no hábito do acúmulo, do supérfluo, do açambarcamento dos bens materiais, e ceder também no hábito de oprimir, de sujeitar, de iludir. “(...) ninguém tem o direito de atentar contra a vida do semelhante ou fazer qualquer coisa que possa comprometer a sua existência corpórea” (2).

A frase lida no Facebook nos remete ao mais profundo entendimento da caridade, quando a consciência roga docemente ao espírito para que se coloque no lugar daquele que sofre alguma carência; nos remete à compreensão autêntica da igualdade humana, independentemente da posição em que se esteja; nos remete ainda ao direito democrático de participação de todos em tudo o que se refira ao progresso e engrandecimento individual e coletivo.

Quanto podemos ceder do nosso egoísmo, dos nossos “prazeres”, “conquistas” e “ambições”, com o absoluto entendimento de que não estamos perdendo nada, mas agindo com a mais estrita justiça equitativa, prevista nas leis naturais?

O quanto estamos dispostos a promover a espiritualização nas relações sociais?

 

(1) e (2) – O livro dos espíritos, questão 880 e seguintes.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita