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por Eder Andrade

 

O Espiritismo no Brasil após Chico Xavier

 

Podemos afirmar que a História do Espiritismo no Brasil teve um grande marco, podendo ser dividida em dois momentos, antes e depois de Francisco Cândido Xavier. O período que antecede o nascimento de Chico Xavier foi marcado pela chegada ao Brasil do Espiritismo, vindo da Europa com os imigrantes franceses fugindo a guerra franco-prussiana e unificação alemã.

O Espiritismo encontrou facilmente adeptos que se identificaram com os seus nobres conceitos e propósitos. Pessoas altruístas, que se dedicavam a prática da caridade e o exercício do amor ao próximo. Inicialmente o grande obstáculo foi o domínio por parte da população brasileira do idioma estrangeiro para a leitura da codificação em francês organizada por Allan Kardec.

Muitos médiuns se destacaram no final do século XIX e início do século XX, cujo papel foi a divulgação de informações básicas. O que era espiritismo? O clero católico passou a combater os espíritas no final do Império, início da República, publicando um manifesto em que chamava os seguidores de Kardec de “malucos e perturbados”.

Muitos personagens se destacaram no movimento no início da República, como Batuíra ou Antônio Gonçalves da Silva, Dr. Bezerra de Menezes, Professor Eurípedes Barsanulfo, Anna Rebello Prado e muitos outros. Foram grandes propagadores da doutrina espírita e das manifestações de fenômenos mediúnicos, dando um testemunho de uma mediunidade espontânea de revelação.

Quando teve início o trabalho mediúnico de Francisco Candido Xavier a partir de 1927, uma grande revelação do mundo espiritual passou a ser apresentada para toda Sociedade Espírita Brasileira. Não apenas contando como era a vida no mundo espiritual, mas também oferecia consolação aos corações sofridos, aflitos e o esclarecimento com relação a vida após a morte do corpo físico.

Algumas psicografias que deram origem à famosas obras doutrinárias que se destacaram como importante material didático de estudo, o livro “Parnaso de Além-túmulo”, ditado por diversos poetas brasileiros e portugueses parnasianos e à série de livros “A vida no mundo espiritual”, ditado pelo espírito André Luiz.

Apesar de existirem na época outros médiuns que realizaram importantes psicografias, o lançamento de livros de Chico Xavier acabou tendo uma maior projeção, pela exclusividade concedida a ele, por parte da FEB, durante as décadas de 1930, 1940 e início de 1950.

Todos os médiuns mais ostensivos que antecederam Chico Xavier tiveram uma importância fundamental no movimento de divulgação regional das obras básicas e de outras edições espíritas traduzidas para o português que já circulavam pelo Brasil, após a proclamação da República, como as obras de Léon Denis.

Ao longo de todo seu mandato mediúnico, Chico Xavier realizou um interessante trabalho de divulgação doutrinária, de revelação do mundo espiritual e principalmente da consolação de pessoas que haviam perdido um ente querido ou passado por uma grande reviravolta moral ou material na vida.

Foram inúmeros os livros psicografados, mensagens recebidas e cartas endereçadas aos familiares em sofrimento. Um número incontável de informações oferecidas pelo plano espiritual por intermédio da mediunidade missionária de Chico Xavier à humanidade, em particular a Sociedade Espírita Brasileira.

Ainda nos dias de hoje, a FEB lança livretos e mensagens psicografadas por Chico Xavier, que não foram utilizadas na época, mas que ficaram guardadas para uma futura publicação. O número de lançamentos de obras atribuídas à mediunidade de Chico Xavier mesmo depois do seu desencarne, segundo algumas estatísticas, ultrapassa a 500 obras, devido ao material estocado e não publicado.

Chico Xavier teve um papel muito importante no movimento espírita, pois por intermédio da sua mediunidade excepcional deu diversos testemunhos da continuação da vida, além da morte do corpo físico que momentaneamente ocupamos.

Entre os diversos relatos, podemos citar as cartas que o Chico Xavier psicografava endereçadas às famílias que haviam perdido filhos ou pessoas em sofrimento, contendo detalhes que somente o próprio familiar conhecia as particularidades da história que não eram de conhecimento público. Da mesma forma foram muitas obras assinadas por escritores conhecidos e até membros da Academia Brasileira de Letras.

A riqueza dos relatos foram tantos que Chico Xavier foi acusado pela viúva de Humberto de Campos. Com objetivo de esclarecer se as obras eram de fato ditadas pelo seu falecido marido e caso comprovada a autoria, reclamava os direitos autorais dos livros.

A FEB saiu em defesa do Chico, fato que acabou resultando, posteriormente, no livro que se tornou um clássico: "A Psicografia Perante os Tribunais", do advogado Miguel Timponi.

Apesar desses acontecimentos terem gerado tormentos para Chico Xavier, acabaram contribuindo para despertar a curiosidade pública com relação ao movimento espírita, em um momento que os meios de comunicação mais importantes eram o jornal, o rádio e o cinema.

Podemos dizer que por meio da mediunidade de Chico Xavier o mundo espiritual realizou o presságio de uma invasão organizada ao mundo material, informação antevista por Allan Kardec e afirmada por Sir Conan Doyle, em seu livro A História do Espiritismo.

 

Referências:

1) Pesquisa do livro digital "Francisco Cândido Xavier - Traços bibliográficos"; FEB.

2) Doyle, Arthur Ignatius Conan; A História do Espiritismo; Cap. - A Invasão Organizada; Ed. Luz Espírita.

3) Wikipédia (A Enciclopédia livre).


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita