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por Ricardo Baesso de Oliveira

 

Buscar primeiro o reino de Deus


Sou considerado, por minha família e amigos, como um cara antissocial. E nunca me interessei em desmentir isso. Ser considerado antissocial me poupou de muitos compromissos que tomariam meu tempo, sem me acrescentar nada. Assim, os amigos não cobram, e os parentes justificam a ausência, dizendo: “ele é assim mesmo”.

Aprendi isso com um conhecido da cidade de Guarani, caminhando com ele na Universidade. Ele voltou-se para mim e disse:

- Ricardo, você sabia que o pessoal de Guarani sempre me considerou um cara difícil, problemático e ruim de jogo?

Eu sabia, pois todo mundo sabia disso, mas menti:

- É mesmo? Não me diga! – respondi.

- É verdade - prosseguiu ele - mas eu nunca fiz questão de mudar isso. Você não pode imaginar como esse conceito me poupou de aborrecimentos!

Naquele dia, eu me convenci de que ser considerado antissocial era interessante. Porque, se nós decidirmos estar presentes em todos os eventos sociais, participar de todos os matrimônios, ir a todas as comemorações e festas e conhecer todos os países, não faremos outra coisa na vida, e esta experiência reencarnatória vai-se perder.

Foi o que Jesus quis dizer ao nos convidar a buscar primeiro o reino de Deus. Mostrou que a nossa presença na Terra, através da reencarnação, possui uma finalidade nobre, e que existem objetivos bem definidos.

No Livro dos Espíritos, Allan Kardec perguntou aos bons Espíritos qual é a finalidade da encarnação, ou seja, por que deixamos o mundo espiritual e assumimos um corpo que adoece, envelhece e morre. Eles disseram que a encarnação tem dois objetivos. O primeiro, o nosso desenvolvimento espiritual, crescermos em inteligência e bondade. O segundo, colaborarmos com Deus no progresso coletivo.

Deve ser muito triste chegarmos ao final da vida, olharmos para trás de nós e sentirmos pena, por nada encontrarmos de belo, de útil e de nobre.

Manuel Bandeira escreveu um poema, chamado Andorinha, em que diz assim:

Andorinha lá fora está dizendo:
- Passei o dia à toa, à toa.
Andorinha, andorinha, minha canção é mais triste:
- Passei a vida à toa, à toa.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita