A verdadeira mudança é a
da consciência
O autoconhecimento é um trabalho obrigatório a ser
efetuado durante a reencarnação.
A busca pela compreensão do que somos e como
funcionamos, é a trilha à estabilização do ser e o
reencontro connosco próprios.
Como confundimos o que somos com o Ego terreno, somos
também ludibriados neste grandioso trabalho. Chamo-lhe
de grandioso, não apenas por opinião própria, mas em
especial, por Jesus lhe ter apelidado de a “busca pelo
Reino de Deus”.
Segundo o Mestre, o Reino de Deus não virá de forma
exterior, mas ele está dentro de nós. É óbvio,
afirmarmos que não é dentro do corpo, logo sobra a parte
mental. Cristo indica-nos que a primeira coisa que
devemos fazer, é procurar o Reino de Deus, tudo o resto
virá por acréscimo. Logicamente, a busca pelo Reino de
Deus tem como trilho o Autoconhecimento.
A primeira camada psíquica que encontramos são os
movimentos dos pensamentos e as emoções mais brutas.
Lidamos com estes diariamente, embora de forma
inconsciente, deixando que dirijam o nosso sentido. A
forma inconsciente, acontece pela falta de atenção ao
nosso funcionamento.
Esta falta de atenção leva-nos a um hábito nocivo,
quando o pensamento aparece, nós prosseguimos com a
ação. Os hábitos formam o caracter e tornamo-nos
náufragos, à deriva deste mar turbulento, agindo sem
questionarmos. O movimento deste mar revolto é tão
intenso que ele não acalma nem quando estamos parados a
descansar. São milhares de anos com o mesmo
funcionamento.
Este reflexo do que somos e o que estamos a viver, em
termos emocionais, é o resultado do que nos tornamos,
uma camada mais profunda do ser terreno que pertence ao
Ego.
Cada vez mais se fala em meditação, como uma forma de
acalmar todo este turbilhão e termos um pouco mais de
paz.
Os exercícios de ”meditação” que são aconselhados, não
passam de exercícios de concentração, que fazem o
cérebro acalmar através da concentração em um objeto ou
respiração. Quando paramos o exercício, voltamos a vida
normal, toda a confusão retoma ao movimento mental,
porque não podemos passar a vida concentrados em um
objeto.
Não tiro o mérito aos exercícios anteriormente falados,
pelo menos podemos observar a paz com que ficamos quando
nos esforçamos para abrandar um pouco a mente, apenas
afirmo que são limitados para paz que desejamos que
permaneça em nossa vida, e ao conhecimento que
necessitamos para não nos destruirmos.
A um nível de consciência mais profundo, antes do
inconsciente mas como continuação deste, estão os
impulsos dos desejos e o nascimento dos sentimentos que
no nível superficial, se transformam em pensamentos.
Neste movimento acontece toda a luta que podemos
perceber em nós. Nasce a vontade, o pensamento, se
formos atrás, nem damos conta das dificuldades, mas se
nos atrevermos a contrariar, por acharmos que não o
devemos fazer, acontece o conflito em nós. Parte de nós
choca com o que nasceu em nós.
Este é o baile do “apego”. O que nasce em nós e ainda
somos apegados, seguimos atrás como o cão segue o osso
que o dono atira, o que já não somos apegados, colocamos
com facilidade de lado e não agimos.
Por isto, é tão difícil para nós a mudança. Chamamos de
mudança o abandono do que ainda somos apegados.
A inconsciência deste funcionamento, combinado com a
crença de que todo o pensamento nasce em nós, logo
agimos, dificulta o nosso desapego para abandonar os
velhos hábitos.
Ao vigiarmos este movimento, vamos desenvolvendo a
consciência do seu funcionamento.
O desenvolvimento da consciência vai clarificando
gradualmente os processos automatizados de apego,
trazendo pequenas descobertas sobre a nossa forma de
funcionamento.
Estas descobertas, promovem de forma instantânea o
abandono ou desapego das más tendências. Ao início as
mais superficiais e pequenas, com o caminhar vamos
entrando nas mais profundas.
O desenvolvimento da consciência é a verdadeira mudança,
pois leva-nos ao conhecimento da verdade, neste caso,
sobre nós. Acontece de forma natural e sem conflito.
O autor reside na cidade de Lubango,
Angola.
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