Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Chico Xavier disse certa vez como se deu sua iniciação espiritual no seio da Igreja católica aos 4 anos de idade. Segundo ele, sua mãe era católica e ensinava aos filhos o caminho da oração e da meditação. Em se vendo às portas da morte, sabendo que seu pai estava desempregado, preocupada com seus nove filhos, todos menores, pediu às amigas que se incumbissem deles, guardando-os até que seu pai pudesse reavê-los para o lar. Quando ela entregou Chico para uma senhora, ele lhe disse:

– Mas minha mãe, a senhora está me dando assim para os outros, a senhora que é tão boa! Nós queremos a senhora tanto bem e está nos entregando assim, mamãe, para os outros?

Naquele tempo Chico tinha de 4 para 5 anos. Então ela fez um olhar de muito espanto e disse:

– Não você! Eu já dei 7 crianças e nenhuma reclamou. Você não pode admitir que eu esteja desprezando vocês – falou com dificuldade. Acompanhe Ritinha – era a amiga que se incumbiu de ficar com o Chico – e procure se comportar bem. Eu vou sair daqui; todo mundo vai dizer que eu morri e não volto mais. Não acredite nisso, mas acredite que sua mãe vai voltar para buscar vocês todos. Eu não vou morrer e se eu demorar muito mandarei uma moça buscar vocês. (isso ela disse compreendendo que seu pai era um homem ainda moço com nove filhos e que era natural que fizesse um segundo casamento, como fez).

– Você vá com confiança porque eu não vou morrer; eu vou sair daqui carregada – naturalmente ela falava assim para apaziguar o seu coração que sofria muito com aquela perda.

No outro dia ela desencarnou. Todo mundo chorava, mas Chico confiava na sua palavra. Foi morar com essa senhora que, apesar de ser uma criatura de qualidades muito nobres, às vezes ficava nervosa. E nesse caso ela ficava nervosa diariamente e, então, Chico apanhava bastante com vara de marmelo. Sua mãe lhes ensinara a prece. Toda noite, entre oito e nove horas, acendia a lamparina de querosene, punha-os de joelhos para fazerem a prece, pedirem socorro de Deus e nossa Mãe Santíssima. Quando aquela senhora saía a passeio, à tarde, com o marido e o sobrinho – que era para ela um filho adotivo – Chico corria para debaixo de uma bananeira e começava a rezar, conforme sua mãe lhe ensinara, as orações de sempre. Uma tarde – eram mais ou menos 18 horas – Chico estava orando, quando se voltou e viu sua mãe atrás das folhas. Ficou muito alegre. Em sua cabeça, de 5 anos de idade, não havia problemas. Sua mãe dissera que não iria morrer e que viria buscá-lo e ele não conhecia as dúvidas do povo na Terra, se existe ou não alma. Abraçou sua mãe com aquela alegria, com aquele contentamento! Disse a ela que agora não se separariam mais. Ela, entretanto, disse-lhe que estava em tratamento, precisava voltar e não podia ficar. Viera cumprir a palavra de que estava com ele. Ele perguntou-lhe se ela sabia que apanhava; disse estar informada de tudo e que ele devia ter muita paciência; que precisava mesmo de apanhar e isso era bom para ele. Nesse dia, quando ela se despediu, o abençoou. Quando a senhora que tornava conta do Chico voltou, disse a ela:

– Dona Ritinha, eu vi minha mãe, hoje ela veio me ver!

– Meu Deus – disse ela – este menino está ficando louco e, para consertar isso, uma boa surra agora.

E, por causa da visão, ele levou uma surra. Começara a luta e o conflito.

 

Do livro Entrevistas, de Chico Xavier e Emmanuel.
 


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita