E se Jesus voltasse?
A pergunta que enseja o artigo é pertinente, já que há
muitos que acreditam em tal possibilidade. Antes, porém,
de tentar respondê-la, convém fazer algumas reflexões a
respeito. A primeira delas é lembrar o fato de que Jesus
nos trouxe esclarecimentos e lições atemporais. Dito de
outra forma, a mensagem do Mestre dos Mestres continua
atualizada e assim permanecerá por todo o sempre, pois
fundamenta-se na sabedoria celestial. Desse modo, quando
ele afirmou ser “o caminho, a verdade e a vida” não
estava usando uma retórica vazia. Ou seja, Jesus provou
a sua origem divina. O valor dos seus ensinamentos, por
sua vez, são inestimáveis.
Em segundo lugar, poucos atinam a respeito dos
sacrifícios que ele aceitou fazer para estar entre nós –
criaturas ainda incipientes no campo das virtudes
morais. Dada a sua especialíssima condição espiritual,
Jesus – o modelo, o paradigma a ser seguido – teve que
empreender uma condensação no seu incomensurável
potencial luminífero para habitar num corpo humano
perecível por apenas 33 anos. Tal feito parece
inexpressivo para os leigos, mas, metaforicamente
falando, equivale a um Sol que se apaga para caber numa
garrafa. Eis aí um sacrifício compreensivelmente difícil
de entender para muitos. Assim sendo, e em dado momento,
o Mestre deve ter concluído em conjunto com Deus pela
necessidade de encarnar neste mundo para que a sua
mensagem fosse crível. É muito provável que tal missão
já estivesse prevista desde os primórdios da criação da
Terra. E, ainda no terreno das meras suposições, pode-se
cogitar tratar-se de algo comum na trajetória dos mundos
que compõem o universo.
Em nosso caso, a sua vinda foi indiscutivelmente um
divisor de águas, pois depois dele passamos a conhecer o
que o Pai espera de nós, ou seja, a busca da
perfeição. Jesus trouxe ainda a revelação de uma
vida melhor ao nosso alcance, muito além dos acanhados
limites da vida material. Todavia, foi igualmente
sincero ao nos alertar sobre o imperativo de carregarmos
as nossas próprias cruzes. Aliás, sem tal
disposição e empenho de nossa parte continuaremos
desfrutando de experiências cíclicas com pouco
aproveitamento. Em outras palavras, sem autoiluminação
não progrediremos rumos à verdadeira felicidade.
Além disso, Jesus advertiu-nos sobre a importância “de
não fazermos aos outros o que não desejamos para nós
mesmos”. O Mestre reportava-se à “regra de ouro”
conhecida desde tempos imemoriais. A propósito, quanta
dor e fracassos poderiam ser evitados se já tivéssemos
compreendido devidamente essa sublime lição. Nesse
sentido, é preciso refletir que ela representa um
caminho prático para o entendimento fraternal entre as
criaturas humanas. Quem, em sã consciência, deseja ser
prejudicado, desrespeitado ou diminuído? A lógica indica
que ninguém. Ferir, magoar e matar são verbos que não se
coadunam com as diretrizes divinas ou evolução
espiritual das criaturas. Mas por que, então, não
fazemos a nossa parte evitando praticar tais coisas? Por
que não usamos as oportunidades de conviver com outros
para construir relações sólidas ou ao menos respeitosas?
Partamos, então, para as ações concretas.
Nessa mesma linha de raciocínio, convém recordar que
Jesus pregou e viveu plenamente o bem. Portanto,
sem o nosso efetivo comprometimento nessa direção, só
nos restarão desilusões e sofrimentos desnecessários.
Como diz o Espírito Emmanuel, “o dinheiro de Jesus é o
amor”. Desse modo, sem amor dentro de nós – combustível
da alma bem intencionada - não teremos condições de
realizar coisas benéficas. Cabe também destacar que tais
conquistas sempre se revertem em paz e alegrias às
nossas almas, além de serem bem-vistas aos olhos de
Deus.
Jesus nos ensinou a relevância do perdão a da sua
indispensável aplicação. Por nos conhecer profundamente
– ovelhas ainda transviadas do seu aprisco -, ele teve o
desprendimento e abnegação de implorar perdão ao Pai por
nós em seu último sopro de vida nesta dimensão. Naquele
átimo ele demonstrou, uma vez mais, toda a sua grandeza
espiritual. Em outro momento de sua curta, embora
inolvidável passagem entre nós, ele recitou o sermão da
montanha proferindo, assim, as boas aventuranças aos pobres
de espírito, aos que choram, aos mansos, aos famintos e
sedentos de justiça, aos misericordiosos, aos limpos de
coração, aos pacificadores, aos que sofrem perseguição e
aos injuriados e perseguidos. Ou seja, Jesus fortalece a
todos os que trabalham pela implantação da luz na Terra.
Por fim, no monte transfigura-se perante Pedro e Tiago.
Nimbado de luz revela a sua identidade celestial ao
mesmo tempo que surgem duas figuras lendárias: Moisés e
Elias. Diante do enorme deslumbramento espiritual
testemunhado pelos citados apóstolos, creio ser o maior
de toda a história humana, ouve-se a voz: “Este
é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o”
(Mateus 17:5).
Voltando à indagação inicial, se Jesus voltasse
materializando-se em nosso meio numa época de tanto
desamor e maldade, é muito provável que seria alvo dos
radicais religiosos. Os maldosos, certamente inspirados
pelas trevas, procurariam tirar-lhe a vida de todas as
formas possíveis. Outros inconformados buscariam
censurar a sua palavra e restringir os seus passos. Ora,
se muitos cristãos têm sido assassinados em várias
partes do planeta, o que tentariam fazer, então, os
sectários do mal com Jesus?
Conjecturas à parte, o fato é que a mensagem divina foi
apropriadamente transmitida, cabendo a nós o dever de
assimilá-la de vez para o nosso próprio bem. Rompamos
com o estado de letargia em que ainda nos encontramos,
pois é mais do que hora de mudarmos, enfim. Já que
sabemos o caminho a seguir, aproveitemos o tempo que nos
resta e mãos à obra.
Jesus aguarda a nossa sincera transformação à luz do seu
evangelho redentor.
Avancemos, então!
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