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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

E se Jesus voltasse?


A pergunta que enseja o artigo é pertinente, já que há muitos que acreditam em tal possibilidade. Antes, porém, de tentar respondê-la, convém fazer algumas reflexões a respeito. A primeira delas é lembrar o fato de que Jesus nos trouxe esclarecimentos e lições atemporais. Dito de outra forma, a mensagem do Mestre dos Mestres continua atualizada e assim permanecerá por todo o sempre, pois fundamenta-se na sabedoria celestial. Desse modo, quando ele afirmou ser “o caminho, a verdade e a vida” não estava usando uma retórica vazia. Ou seja, Jesus provou a sua origem divina. O valor dos seus ensinamentos, por sua vez, são inestimáveis.

Em segundo lugar, poucos atinam a respeito dos sacrifícios que ele aceitou fazer para estar entre nós – criaturas ainda incipientes no campo das virtudes morais. Dada a sua especialíssima condição espiritual, Jesus – o modelo, o paradigma a ser seguido – teve que empreender uma condensação no seu incomensurável potencial luminífero para habitar num corpo humano perecível por apenas 33 anos. Tal feito parece inexpressivo para os leigos, mas, metaforicamente falando, equivale a um Sol que se apaga para caber numa garrafa. Eis aí um sacrifício compreensivelmente difícil de entender para muitos. Assim sendo, e em dado momento, o Mestre deve ter concluído em conjunto com Deus pela necessidade de encarnar neste mundo para que a sua mensagem fosse crível. É muito provável que tal missão já estivesse prevista desde os primórdios da criação da Terra. E, ainda no terreno das meras suposições, pode-se cogitar tratar-se de algo comum na trajetória dos mundos que compõem o universo.

Em nosso caso, a sua vinda foi indiscutivelmente um divisor de águas, pois depois dele passamos a conhecer o que o Pai espera de nós, ou seja, a busca da perfeição. Jesus trouxe ainda a revelação de uma vida melhor ao nosso alcance, muito além dos acanhados limites da vida material. Todavia, foi igualmente sincero ao nos alertar sobre o imperativo de carregarmos as nossas próprias cruzes. Aliás, sem tal disposição e empenho de nossa parte continuaremos desfrutando de experiências cíclicas com pouco aproveitamento. Em outras palavras, sem autoiluminação não progrediremos rumos à verdadeira felicidade.

Além disso, Jesus advertiu-nos sobre a importância “de não fazermos aos outros o que não desejamos para nós mesmos”. O Mestre reportava-se à “regra de ouro” conhecida desde tempos imemoriais. A propósito, quanta dor e fracassos poderiam ser evitados se já tivéssemos compreendido devidamente essa sublime lição. Nesse sentido, é preciso refletir que ela representa um caminho prático para o entendimento fraternal entre as criaturas humanas. Quem, em sã consciência, deseja ser prejudicado, desrespeitado ou diminuído? A lógica indica que ninguém. Ferir, magoar e matar são verbos que não se coadunam com as diretrizes divinas ou evolução espiritual das criaturas. Mas por que, então, não fazemos a nossa parte evitando praticar tais coisas? Por que não usamos as oportunidades de conviver com outros para construir relações sólidas ou ao menos respeitosas? Partamos, então, para as ações concretas.

Nessa mesma linha de raciocínio, convém recordar que Jesus pregou e viveu plenamente o bem. Portanto, sem o nosso efetivo comprometimento nessa direção, só nos restarão desilusões e sofrimentos desnecessários. Como diz o Espírito Emmanuel, “o dinheiro de Jesus é o amor”. Desse modo, sem amor dentro de nós – combustível da alma bem intencionada - não teremos condições de realizar coisas benéficas. Cabe também destacar que tais conquistas sempre se revertem em paz e alegrias às nossas almas, além de serem bem-vistas aos olhos de Deus.   

Jesus nos ensinou a relevância do perdão a da sua indispensável aplicação. Por nos conhecer profundamente – ovelhas ainda transviadas do seu aprisco -, ele teve o desprendimento e abnegação de implorar perdão ao Pai por nós em seu último sopro de vida nesta dimensão. Naquele átimo ele demonstrou, uma vez mais, toda a sua grandeza espiritual. Em outro momento de sua curta, embora inolvidável passagem entre nós, ele recitou o sermão da montanha proferindo, assim, as boas aventuranças aos pobres de espírito, aos que choram, aos mansos, aos famintos e sedentos de justiça, aos misericordiosos, aos limpos de coração, aos pacificadores, aos que sofrem perseguição e aos injuriados e perseguidos. Ou seja, Jesus fortalece a todos os que trabalham pela implantação da luz na Terra.

Por fim, no monte transfigura-se perante Pedro e Tiago. Nimbado de luz revela a sua identidade celestial ao mesmo tempo que surgem duas figuras lendárias: Moisés e Elias. Diante do enorme deslumbramento espiritual testemunhado pelos citados apóstolos, creio ser o maior de toda a história humana, ouve-se a voz: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o” (Mateus 17:5).

Voltando à indagação inicial, se Jesus voltasse materializando-se em nosso meio numa época de tanto desamor e maldade, é muito provável que seria alvo dos radicais religiosos. Os maldosos, certamente inspirados pelas trevas, procurariam tirar-lhe a vida de todas as formas possíveis. Outros inconformados buscariam censurar a sua palavra e restringir os seus passos. Ora, se muitos cristãos têm sido assassinados em várias partes do planeta, o que tentariam fazer, então, os sectários do mal com Jesus?

Conjecturas à parte, o fato é que a mensagem divina foi apropriadamente transmitida, cabendo a nós o dever de assimilá-la de vez para o nosso próprio bem. Rompamos com o estado de letargia em que ainda nos encontramos, pois é mais do que hora de mudarmos, enfim. Já que sabemos o caminho a seguir, aproveitemos o tempo que nos resta e mãos à obra.

Jesus aguarda a nossa sincera transformação à luz do seu evangelho redentor.

Avancemos, então!

 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita