“Caminhos foram feitos pra seguir” *
É preciso reconhecer que os avanços significativos que o
ser humano empreende ao longo da sua trajetória surgem
das iniciativas de homens corajosos, determinados, com
visão de futuro. Certamente são personalidades
visionárias (que hoje chamaríamos de progressistas,
talvez?) que compreendem que é preciso fazer algo além
do corriqueiro no processo dinâmico da vida.
Provavelmente se sentem desconfortáveis com o
estabelecido e veem possibilidades de avançar, com
benefício para todos.
“O homem, sendo perfectível, traz em si o germe de seu
melhoramento” (Questão 776, LE). O impulso natural da
vida é para a frente, é progressivo. Ninguém pensa em
“viver para trás”. Como escrevi alhures, “Caminhos foram
feitos pra seguir”. *
No entanto, há um número expressivo de pessoas que reage
a incorporar certos progressos à vida cotidiana.
Chamadas conservadoras, essas pessoas preferem se
ajustar (para não dizer se acomodar) ao que já existe.
Mudar exigirá delas adaptação a novas ideias e saída da
rotina que atende satisfatoriamente aos seus gostos e
vontades. Muitos dos conservadores não estão dispostos a
alterar o modelo tradicional de pensamento e vida que,
segundo acham, lhes dá segurança e estabilidade, além de
manter padrões que consideram imutáveis.
O conservadorismo em si não é um mal, propriamente. Ele
é prejudicial quando se manifesta associado à
desinformação, ao fanatismo de qualquer viés. Muitos
alegam discrição, cautela, moderação por trás do rótulo
de conservador, mas o que se esconde é o desejo
de manter tudo como está. Essa é a questão. Por
trás desse desejo há os interesses pessoais.
Da mesma forma, o progressismo afoito, ansioso, rebelde,
pode ser contrário aos interesses humanos. Além de não
gerar mudanças imediatas, pode ser taxado de
radicalismo, trazendo decepções. Eu já disse, também
alhures, que a revolução que a filosofia espírita propõe
para a humanidade é pela Educação, pelo amor à Educação.
Para compreender um pouco melhor essa dualidade
conservador/progressista, nada como conhecer as
conceituações básicas das duas ideias. Vamos ao
dicionário.
Conservador: indivíduo afeito a ideias e costumes
antiquados, já ultrapassados, manifestando-se contrário
a quaisquer mudanças da ordem estabelecida; indivíduo
que, em política, opina pela conservação do estado
tradicional, opondo-se a reformas sociais; indivíduo
hostil a inovações e que postula o retorno às tradições
na ordem moral, política e religiosa. (Michaelis-Dicionário
Brasileiro da língua portuguesa.)
Progressista: favorável ao progresso; adepto de reformas
nos âmbitos político, social, econômico, educacional
etc.; que está em evolução constante, seguindo as novas
tendências da ciência e da tecnologia; pessoa que
preconiza o progresso. (Michaelis-Dicionário Brasileiro
da língua portuguesa.)
Como se vê, progressista e conservador são termos que
definem, eu diria até que qualificam, modos de pensar,
agir e reagir, formas de viver e ver o mundo.
No que concerne às reflexões espíritas, avaliar esses
dois caracteres existenciais, já a partir das suas
conceituações, é de extrema importância.
O Espiritismo – afirmou categoricamente Allan Kardec – é
uma Doutrina progressiva e progressista. Aqueles que a
estudam com seriedade verão nela todas as ideias
pertinentes ao progresso dos seres e dos mundos. O
progresso é o alvo da vida, a destinação do Espírito.
Portanto, de acordo com as definições que colhemos e a
orientação de Kardec, podemos afirmar que os espíritas
pisarão em terreno seguro se alicerçarem a sua
transformação interior na coragem de amar, na capacidade
de realizar, na ousadia de criar um futuro melhor para
si e para todos, dando as mãos ao progresso. O caminho
não é fácil, mas está muito claro.
*Verso
da canção “Raiz de primavera”, composta por Francisco
Ferreira e Cláudio Bueno. Ouça no canal CBS música
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