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por Eder Andrade

 

Desconstruindo o Homem Velho


Entre os preceitos da Doutrina Espírita, existe um dos mais relevantes que propõe a reforma íntima. Sugere uma renovação de atitudes, deixando para trás antigos comportamentos arraigados, apreendidos e internalizados. Promove uma renovação de conduta para com os semelhantes e para consigo próprio.

Essa renovação ocorreria a partir de uma reeducação de valores, onde o indivíduo desejando uma mudança de comportamento promove uma reeducação dos seus sentimentos. Constitui de uma forma homeopática uma transição entre sua antiga maneira de agir e um novo formato que deseja estabelecer.

Em outras palavras poderíamos dizer que está desconstruindo um antigo modelo de educação e valores ultrapassados e edificando em sua vida um novo formato emocional e cultural, refinando seus sentimentos e emoções no trato com o semelhante.

O processo de educação familiar, escolar e a convivência no mundo são fundamentais para ajudar na transformação do homem ao longo dos séculos.

No livro A Caminho da Luz 1, psicografado por Chico Xavier e ditado pelo Espírito Emmanuel, encontramos nos últimos capítulos da obra mudanças que ocorreram no início da Idade Contemporânea, favorecendo grandes transformações no campo Cultural, Religioso e Econômico. Essas transformações modificaram o conceito de educação, assim como a forma de perceber as Ciências Naturais, como a relação entre o poder político dos reis e o poder eclesiástico dos bispos, cardeais e até do papa.

Não é uma tarefa fácil, pois depende de uma tomada de decisão, consciência, numa mudança de foco ou de vibração, entre antigas emoções e novos valores a serem apreendidos e aplicados no nosso dia a dia.

Chico Xavier em muitas das suas obras psicografadas e ditadas por diferentes espíritos convida o homem a refletir com relação ao seu comportamento diário e aquilo que aprendeu como certo e errado. Um formato cultural, pertencente a uma época que já deveria ter passado por uma modificação, totalmente ultrapassado.

A proposta de reforma íntima ou transformação moral vem sendo muito divulgada pelas obras e romances espíritas. Representa também uma oportunidade de reeducar o homem velho que ainda trazemos nos arquivos do nosso inconsciente.

No livro Estante da Vida 2 ditado por Irmão X, encontramos o cap. 35, em que Humberto de Campos procura nos mostrar que o processo de renovação que buscamos é um movimento diário e constante, que deve ser praticado em contato e no convívio com todas as pessoas, pois representa o autoburilamento das nossas falhas, paralelamente ao nosso movimento de amadurecimento do senso moral.

Vamos crescer espiritualmente em contato com todas as pessoas, e não isolados delas, mas procurando aprender como se comportar na convivência com elas, no que diz respeito às diferenças e na educação.

Teoricamente sabemos que todos estamos neste planeta com o objetivo de promover nossa evolução espiritual.

N’ O Livro dos Espíritos 3, no cap. II, perg. 132, encontramos a resposta para a pergunta que sempre nos fazemos: Com que objetivo Deus propicia a encarnação dos espíritos? “...com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão”.

Diante de tantos desafios, nos resta usar o bom senso e procurar nos capacitar ao máximo de informações que nos ajudem a evitar cair nas armadilhas da vida. Situações mal resolvidas que ainda carregamos nos arquivos do nosso inconsciente.

Poderíamos dizer que desarquivar essas informações dos escaninhos da alma para compreender o motivo das nossas atitudes e inclinações é algo bastante complexo e talvez irrelevante para nossa evolução, dependendo do nosso grau de amadurecimento.

Segundo as orientações dos espíritos o ideal é fazer um trabalho paralelo, na esperança de conseguir uma via de pista dupla: em uma faixa procuramos exercitar o amor ao próximo e a caridade para com os semelhantes e na outra faixa, ao lado, promover nossa transformação pessoal, íntima e intransferível, em que ambos os movimentos fluem ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, se possível.

Nossas qualidades morais pouco louváveis nunca podem ser desculpas para não exercermos a prática do bem e da caridade. As obras doutrinárias são explícitas em afirmar que devemos nos ajudar, auxiliando o semelhante ao mesmo tempo que nós nos educamos. No dizer da didática moderna, é um processo transversal de ensino/aprendizagem. O homem aprende a amar a natureza e o semelhante na relação direta em que compreende a importância para sua vida.

A desconstrução do homem velho se dá numa relação inversamente proporcional à construção de um novo homem, de adotarmos novos valores e exercermos a prática do amor próximo e a caridade para com todos que cruzam nosso caminho, independentemente de serem necessitados ou não.

 

Referências:

1 - Xavier, Francisco Cândido; A Caminho da Luz; Cap. XXIII - Século XIX;

Cap. XXIV – O Espiritismo e as Grandes Transformações; FEB.

2 - _____, _______________; Estante da Vida; Cap. 35 – Sublime Renovação; FEB.

3 - Kardec, Allan; Cap. II – O Livro dos Espíritos; FEB.

4 - Wikipédia (A Enciclopédia Livre).


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita