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por Marcus De Mario

 

Sensacionalismo sem fundamentação


Vez e outra surge um novo profeta (às vezes o mesmo) no movimento espírita, trazendo notícias alarmantes e sensacionalistas, mas que não encontram fundamentação doutrinária. Apesar do equívoco, provocam estragos, ainda mais quando muitos adeptos da Doutrina não tomam cuidado em passar a informação pelos crivos da razão, da lógica, do bom senso, dos princípios que formam a Doutrina e da universalidade do ensino dos Espíritos, aliás, a grande garantia da coesão doutrinária.

A bola da vez é o desaparecimento do movimento espírita no prazo de quarenta anos, se não houver uma intervenção dos Espíritos. Escuso-me de citar o nome do profeta, pois devemos debater a ideia, a informação, e não a pessoa que a transmite. Aprendemos com o Espiritismo a respeitar o direito de opinião de quem quer que seja, embora isso não pressuponha que acatemos essa opinião, como é o caso.

O profeta dos dias atuais arroga-se ser profundo conhecedor do movimento espírita, viajando país afora para palestras e seminários, Não duvidamos que tenha esse conhecimento, mas daí a afirmar quer os dirigentes dos centros espíritas são octogenários perto da desencarnação, e que o público frequentador e trabalhador tenha de cinquenta anos para cima, é um exagero, pois há toda uma nova geração trabalhando, como sempre houve, e não temos dúvida que dará prosseguimento ao movimento espírita, cada vez mais aprimorado e incorporando novas tecnologias e novos serviços do mundo pós moderno, sem macular os princípios que formam o Espiritismo.

Outra profecia duvidosa, no mínimo precipitada, é que se as coisas continuarem como estão somente a intervenção da Espiritualidade pode salvar o movimento espírita. Não, não se trata disso. Os Bons Espíritos cuidam da Doutrina, da nossa orientação moral, mas não se imiscuem no que nos pertence, ou seja, a organização e gestão do Centro Espírita e do Movimento Espírita em geral. Isso é tarefa que nos pertence, a nós, espíritos encarnados, e não a eles, que se encontram no mundo espiritual, onde têm muito a fazer.

É claro que os Bons Espíritos se preocupam com o que estamos fazendo, isso faz parte da sua missão, e, na medida do que lhes é permitido pela Lei Divina, podem nos dar conselhos mais específicos sobre este ou aquele assunto, mas jamais irão nos substituir. Não existe essa história de intervenção espiritual, o que temos é a lei de evolução e a interação natural entre encarnados e desencarnados.

Não estou aqui para �tapar o sol com a peneira�, pois problemas existem: ignorância doutrinária por falta de estudo; centralização do poder administrativo-doutrinário numa pessoa ou num pequeno grupo de pessoas; desconfiança quanto à capacidade dos mais jovens; ruídos de comunicação; discussões estéreis sobre temas que nada servem para nosso progresso espiritual; incompreensão da importância da educação espírita. Problemas existem, como sempre existiram, mas nunca significaram o fim do movimento espírita que, como qualquer obra humana, possui seus períodos de crise, no caldeirão cultural que nos envolve, sempre saindo mais fortalecido e para novos tempos.

E quem é esse profeta para falar em alto e bom som que no prazo de quarenta anos não teremos mais o movimento espírita? Então ele não sabe que os Espíritos realmente sérios nunca colocam data para qualquer acontecimento, pois acima de tudo respeitam nosso livre- arbítrio? Isso é elementar na Doutrina Espírita.

Alguém dirá que o profeta em questão é respeitado pelos espíritas, e não temos dúvida sobre isso, mas toda pessoa pode se equivocar, e não devemos aceitar tudo seja de quem for, afinal os profetas precisam ser provados se são de Deus, como nos lembra o apóstolo Paulo.

O movimento espírita não vai acabar, nem hoje, nem amanhã. Vai continuar seu aprimoramento geração após geração. Agora, temos que estudar e compreender cada vez mais e melhor o Espiritismo, para que seu movimento representativo seja não apenas dinâmico, mas, em primeiro lugar, seja fiel depositário da obra dos Espíritos Superiores e de Allan Kardec, na finalidade maior de contribuir com a transformação moral da Humanidade.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita