Espetáculo
mediúnico
Alguns Centros
Espíritas por
este nosso
Brasil promovem
mensalmente, ou
mesmo
semanalmente,
sessões
mediúnicas de
psicografia de
entes queridos
desencarnados,
com o objetivo
de consolar os
familiares que
aqui se
encontram
encarnados e com
um vazio na
alma, dando-lhes
ao mesmo tempo
uma prova da
continuidade da
vida após a
morte. O
objetivo pode
ser louvável,
mas a prática
merece alguns
questionamentos
através dos
princípios que
formam o
Espiritismo, a
começar que
mediunidade não
se deve prestar
a espetáculo
público,
exatamente o que
acontece nessas
reuniões, para
onde acorrem
dezenas e mesmo
centenas de
pessoas para dar
o nome de um
familiar
desencarnado, na
esperança de
obter através
dos médiuns
alguma
comunicação do
falecido.
Os Espíritos não
estão às nossas
ordens, não
estão à toa no
mundo
espiritual, onde
a lei do
trabalho também
vigora, e com
mais intensidade
do que aqui na
Terra, ou seja,
eles possuem
suas atividades
e funções e não
acorrem ao nosso
chamado somente
porque queremos
que eles nos
enviem uma
mensagem naquele
dia e hora
específicos.
Supondo que o
Espírito possa
atender ao
chamado, nem
sempre,
dependendo de
sua condição
espiritual, ele
o pode fazer,
pois dependerá
de autorização
superior, nem
sempre obtida.
Supondo que
possa se
comunicar e
tenha
autorização para
isso, há o
problema de
conseguir a
sintonia com o
médium, o que
nem sempre é
fácil, e isso
pode impedir sua
manifestação.
Digamos ainda
que ele preencha
os três
requisitos,
mesmo assim há
uma outra
questão a
considerar: não
haver
autorização para
sua comunicação
porque nós, os
interessados em
recebê-la, não
estamos
preparados, não
estamos prontos,
e o consolo e
esclarecimento
poderão se
perder, não
sendo útil a
manifestação do
desencarnado.
Tudo isso
levando em
consideração que
o Espírito
esteja numa
condição de
lucidez e
equilíbrio, mas
e quando não
está amargando
sofrimentos
morais intensos,
numa péssima
situação do
outro lado da
vida? Nesse caso
sua manifestação
através de um
médium será
quase
impossível, ou
então poderá
mesmo ser
danosa, se
conserva
intimamente
pensamentos de
ódio e de
revolta.
Até aqui
analisamos a
questão da
sessão mediúnica
pública de
psicografia sob
o ângulo dos
desencarnados.
Voltemo-nos
agora para os
componentes da
reunião
mediúnica e seu
público. O
médium que
participa dessa
reunião se
encontra sob
pressão: ele
deve exercer a
psicografia
recebendo
comunicação
daquele Espírito
específico cujo
nome foi anotado
numa papeleta. O
Espírito, como
vimos, pode até
estar presente à
evocação que lhe
foi feita, mas e
problema da
sintonia
fluídica e
magnética entre
ambos? E se o
médium não
estiver no
melhor dos seus
dias, seja no
campo emocional
ou fisiológico?
O médium pode
não conseguir
sentir a
presença
espiritual e,
portanto, não
psicografar.
Isso será ruim
para ele? Será
chamado à
atenção? Será
afastado da
reunião? Nesse
caso, não será
melhor escrever
algo que venha à
mente, algumas
palavras de paz
e esperança, e
entregar aos
familiares?
Todo médium está
sujeito ao
animismo
(manifestação da
própria alma) ou
a ser enganado
por um espírito
leviano que
apenas aproveita
a ocasião, ou, o
que é mais
grave, mesmo à
mistificação,
quando finge
receber o
Espírito, sendo
que em verdade
não está
acontecendo
nenhum fenômeno
mediúnico
naquele momento.
Por todos esses
motivos, com
base no estudo
sério e
aprofundado do
Espiritismo,
somos contra a
realização
dessas sessões
públicas de
psicografia,
seguindo as
orientações dos
Espíritos
Superiores e de
Allan Kardec,
principalmente
aquelas que
estão publicadas
em O Livro dos
Médiuns.
Também não
podemos esquecer
que os
pensamentos das
pessoas
assentadas na
plateia projetam
verdadeiros
dardos
energéticos
sobre dirigentes
e médiuns, que
são suscetíveis
aos mesmos,
podendo
desequilibra-se
ou não conseguir
a sintonia para
a psicografia
por causa da
intervenção de
pensamentos
confusos dos
familiares e
amigos ali
presentes,
muitos dos quais
desconhecendo os
princípios do
Espiritismo.
Entendamos que a
psicografia de
um ente querido
recém
desencarnado
somente é válida
se o texto
trouxer algum(s)
elemento(s) que
possa comprovar
sua
autenticidade,
como uma data
específica, um
acontecimento de
conhecimento
apenas da pessoa
ali presente,
linguagem típica
de quando estava
encarnado, um
apelido
utilizado na
intimidade
familiar e assim
por diante, pois
palavras de
consolo e
esperança
qualquer um pode
escrever.
A mediunidade é
muito séria para
servir de
chamariz ao
público num
espetáculo de
portas abertas,
e os Centros
Espíritas que
promovem esse
tipo de reunião
fazem um
desserviço à boa
divulgação do
Espiritismo,
mostrando, em
verdade, por
parte de
dirigentes e
médiuns,
ignorância dos
princípios
doutrinários,
como alerta
Kardec na
introdução de O
Livro dos
Médiuns.
Marcus De Mario
é educador,
escritor e
palestrante.
Coordena o Seara
de Luz, grupo de
estudo on-line
do Espiritismo.
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