Razão dos apelos
“Pelo que, sendo chamado, vim sem contradizer. Pergunto
pois: Por que razão mandastes chamar-me?” — Pedro (Atos,
10:29)
A pergunta de Pedro ao centurião Cornélio é traço de
grande significação nos atos apostólicos.
O funcionário romano era conhecido por suas tradições de
homem caridoso e reto, invocava a presença do discípulo
de Jesus atendendo a elevadas razões de ordem moral,
após generoso alvitre de um emissário do Céu e, contudo,
atingindo-lhe o círculo doméstico, o ex-pescador de
Cafarnaum interroga, sensato:
— “Por que razão mandastes chamar-me?”
Simão precisava conhecer as finalidades de semelhante
exigência, tanto quanto o servidor vigilante necessita
saber onde pisa e com que fim é convocado aos campos
alheios.
Esse quadro expressivo sugere muitas considerações aos
novos aprendizes do Evangelho.
Muita gente, por ouvir referências a esse ou àquele
Espírito elevado, costuma invocar-lhe a presença nas
reuniões doutrinárias.
A resolução, porém, é intempestiva e desarrazoada. Por
que reclamar a companhia que não merecemos?
Não se pode afirmar que o impulso se filie à leviandade,
entretanto precisamos encarecer a importância das
finalidades em jogo.
Imaginai-vos chamando Simão Pedro a determinado círculo
de oração e figuremos a aquiescência do venerável
apóstolo ao apelo. Naturalmente, sereis obrigados a
expor ao grande emissário celestial os motivos da
requisição. E, pautando no bom senso as nossas atitudes
mentais, indaguemos de nós mesmos se possuímos bastante
elevação para ver, ouvir e compreender-lhe o espírito
glorioso. Quem de nós responderá afirmativamente?
Teremos, assim, suficiente audácia de invocar o sublime
Cefas, tão somente para ouvi-lo falar?
Do livro Pão Nosso, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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