A
experiência do “Bom
Prato”
Nossos noticiários
jornalísticos exibem
diariamente uma longa
lista de fatos e
acontecimentos com alto
teor negativo e
comprovando os tempos
dificílimos que ora
enfrentamos. Desde o
nosso despertar somos
bombardeados por relatos
macabros, tragédias
terríveis, assim como
por toda sorte de
informações, análises e
comentários que primam
por derrubar o nosso
estado de ânimo e paz
interior. Mas quando
ouvimos ou assistimos
algo alvissareiro
ficamos – sem exagero –
surpresos, pois esse não
é, definitivamente, o
padrão vigente. Muito
longe disso.
O fato é que estamos
vivendo numa espiral de
violência, desilusão e
frustração sem
precedentes, que dá a
impressão de nos engolir
um pouco mais a cada
dia. Nesse cenário
sombrio, parece que as
coisas (a vida, enfim)
não entram mais nos
eixos devido à falta de
contrapartidas.
Entretanto, e felizmente
graças a misericórdia
divina, nem tudo é
tempestuoso. Nós que
abraçamos a proposta
renovadora apregoada
pelo espiritismo
sabemos, perfeitamente
bem, que nada acontece
por acaso. Posto isto,
não raro somos
defrontados por desafios
que visam essencialmente
testar a nossa
capacidade de realizar
atos fraternais e de
mostrarmos uma face mais
altruística e generosa,
enfim. Portanto, ninguém
está impedido de
disseminar a bondade do
seu coração. Ademais,
como bem observou
Kardec, “Fora da
caridade não há salvação”.
A realidade
contemporânea – marcada
por graves problemas e
mazelas sociais –
oferece vasto campo à
realização de tais
ideais enobrecedores.
Assim sendo, há, sim,
coisas positivas
ocorrendo, mas é preciso
observá-las, às vezes,
apenas mudando o nosso
olhar exageradamente
pessimista. De modo
geral, tendemos – não
sem razão – a olhar de
soslaio para tudo que
parte do meio político.
Contudo, há coisas boas
também sendo
implementadas.
Reconhecê-las e
destacá-las é também o
nosso dever.
Refiro aqui,
especificamente, ao
programa social Bom
Prato adotado pelo
Governo do Estado de São
Paulo. Criado em de 28
de dezembro de 2000 pelo
então governador Geraldo
Alckmin (e mantido pelos
seus sucessores, cabe
frisar), o programa visa
“oferecer refeições
saudáveis e de alta
qualidade a um custo
acessível à população em
vulnerabilidade social”
por um valor
extremamente modesto.
Outra louvável marca
dessa medida é que, há
exatos 22 anos, o valor
das refeições permanece
inalterado – ou seja:
almoço e jantar são
servidos por apenas R$
1,00 e café da manhã a
R$ 0,50.
Segundo os boletins
informativos oficiais do
governo de São Paulo, o
programa abrange
atualmente 107 unidades
instaladas no estado,
sendo 73 fixas e 34
móveis. Os restaurantes
fixos estão distribuídos
da seguinte forma: 24 na
Capital, 19 na Região
Metropolitana de São
Paulo, 21 no Interior e
9 no Litoral.
Recentemente, o
atendimento foi ampliado
e 21 unidades passarão
funcionar também em fins
de semana e feriados. No
geral, cumpre destacar
que tal iniciativa está
inserida, conforme
propalada pelo estado,
num conjunto maior de
medidas que objetivam
combater a fome e a
insegurança alimentar em
São Paulo. Desde o
início do programa, as
unidades já serviram
mais de 166 milhões de
refeições. É importante
ainda mencionar que são
servidas por dia mais de
93 mil refeições aos
frequentadores mais
necessitados que
sobrevivem, por sinal,
com extrema dificuldade.
Num país onde há tanta
miséria, haja vista o
crescente contingente de
pessoas vivendo nas ruas
e sem perspectivas de
que esse quadro venha a
melhorar tão cedo,
qualquer ajuda de
caráter humanitário é
muito bem-vinda. O Bom
Prato poderia, aliás,
ser uma iniciativa
aplicada no país como um
todo para minorar a fome
e a desesperança que
grassam na nação.
(Francamente, desconheço
a existência de outros
programas similares
sendo implementados no
país na escala do acima
referido).
Portanto, cultivemos o
“bom prato” da
solidariedade, empatia e
fraternidade para com
tudo e com todos. Afinal
de contas, tais
disposições d’alma se
encaixam perfeitamente
no sagrado ideal de
cultivar amor ao próximo
preconizado por Jesus
aos humanos.
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