Luz existencial
É incentivadora a proposta de Jesus convidando-nos a ser
a Luz do Mundo. (Mateus
5:14.)
No âmbito da segunda revelação das leis e princípios
divinos, trazida pelo Cristo, este convite do Mestre
para que façamos brilhar a luz interior é de
significativa relevância, demonstrando a importância por
Ele concedida às suas ovelhas. É uma tentativa para
despertar em todos o mundo desconhecido existente dentro
de cada um, um verdadeiro tesouro de luz a ser
descoberto por cada ovelha do rebanho.
Embora este apelo tenha sido lançado há dois milênios,
poucos de fato observam esse chamamento fazendo brilhar
a própria luz, de modo que, pelas obras, houvesse a
glorificação do Pai que está nos céus.
A grande maioria dos que se dizem cristãos ainda prima
pela manutenção do lado sombrio que os caracteriza,
deixando de lado os alvitres renovadores, não só
pregados pelo Mestre, mas muito bem exemplificados ao
longo de sua breve existência carnal.
Por conta desta opção reiterada, ao longo dos séculos,
em não fazer brilhar a luz interna, existe tanta
dificuldade em se ajustar aos princípios da vida,
levando mesmo alguns a lançar mão da opção pelo suicídio
para interromper o seu mar de infortúnios e malezas que
ainda imperam em suas existências.
A partir da construção desta luz, o indivíduo adquire a
condição de bem enfrentar os desafios da vida,
representados por provas, expiações e missões. Por esta
razão é que Jesus nos exortou a edificar esta
luminosidade, pois Ele sabia que – Espírito de luz que é
– ao nos tornarmos luminosos, conquistas tão almejadas
se fariam presentes, tais quais a paz e a tranquilidade
de consciência: quem as possui hoje em dia!?
Contudo, como se não bastassem os incontáveis exemplos
de vida oferecidos pelo Rabi, pedindo para serem
revividos, os cristãos de hoje em dia ainda indagam como
elaborar esta característica em suas vidas? Como
desperto a minha luz, perguntam atônitos?
É tarefa gradativa, sistemática, continuada,
ininterrupta.
Todas as vezes em que nos encontrarmos em dúvida sobre
como ou o que fazer diante dos conflitos variados,
questionemos: Como Jesus agiria nesta hora em meu lugar?
Se estou diante de obstáculos, sejam de que ordem forem,
Jesus recomendaria trabalhar sempre mantendo a calma.
Observando que a definição de trabalho, conforme as leis
de Deus, não é apenas aquela caracterizada por uma
atividade desenvolvida e, quando ao término dela, há uma
remuneração. Não! Há trabalho sempre que nos ocupamos
utilmente. Considerando este conceito, as possibilidades
de trabalho aumentam quase ao infinito.
Se estou diante de provações, muitas delas por nós
mesmos escolhidas antes de um novo reingresso na carne,
Jesus sugeriria aceitá-las, sem reclamos, pois a prova
mal suportada perde sua validade e, além disso, torna a
vida quase insuportável, levando mesmo alguns ao
desespero e à loucura.
Se estou diante de ofensas, não há outro caminho a
seguir, exceto: perdoar. Se por qualquer razão deixamos
que as afrontas e insultos nos martirizem, através da
mágoa, prisioneiros estaremos de suas consequências, que
se tornarão cada vez mais amargas na medida em que não
as esquecemos.
Se estou diante de desentendimentos ou discórdias
variados, tão presentes nestes turbulentos dias, Jesus
certamente buscaria a pacificação. Não se apaga o fogo
lançando combustível à fogueira. A pacificação é de
incalculável valia para nos trazer paz de espírito.
Se estou diante do fracasso, seja de que tipo for, pois
avaliei mal a empreitada, talvez superestimando os meus
valores ou as minhas forças, Jesus indicaria o recomeço.
Ninguém é criado perfeito. Os efeitos do fracasso serão
úteis para a realização de futuras tarefas. Estacionar
na estrada da vida em lamentações intérminas jamais será
atitude saudável e não resolverá o desafio.
Se estou diante de tribulações variadas, tão frequentes
em mundos de provas e expiações, Jesus não teria outra
atitude senão experimentar a paciência e seguir em
frente. Esta virtude é uma das mais importantes para
acender a luz existencial. Sem ela, sucumbimos diante da
imensa sombra do egoísmo que ainda nos cerca.
Se o cansaço nos alcança diante de tantas lutas e
pequenas missões que devemos atender, sem sombra de
dúvida, Jesus indicaria a renovação. Como ainda temos
muitas matrizes negativas em nossa personalidade e
caráter, é fundamental que haja a renovação em nossas
palavras, atos e pensamentos e, para nos ajudar nesta
empreitada, nada melhor do que estudar sempre.
Se tempestades e tormentas alcançam a atmosfera de nossa
existência, temporais tão necessários para nos comunicar
fortaleza íntima, robustecendo as nossas ainda
incipientes virtudes, Jesus humildemente indicaria
confiança em Deus, hoje e sempre. É fato que a Divindade
nunca nos pedirá testemunhos superiores à nossa
capacidade em vivê-los. Sendo assim, o que nos acontece
é sempre resultado de semeaduras anteriores, ou mesmo
fruto de nossa desatenção com as leis de Deus na
presente existência.
Se a solidão nos procura, renitente e insidiosa, Jesus,
em nome de sua sabedoria e amor incondicional ao
próximo, seguramente recomendaria amar alguém. Sim, só
se sentem sós e desacompanhados por todos aqueles que
não se interessam por ninguém, nada fazem pelos outros,
não se ocupam utilmente, permanecem centralizados com
medo de tudo e de todos, desconhecem – e muitos nem
desejam conhecer – que a lei maior é de amor, ao próximo
e a si mesmo.
Considerando estas verdades, só nos resta fazer a
escolha certa, inspirados em Jesus; contudo, caso ainda
assim não desejemos seguir os passos do Mestre, ao invés
da luz existencial, encontraremos, mais cedo ou tarde,
outro sentimento tão em moda nos tempos modernos: o
vazio existencial!