Infância
“Apresentaram-lhe criancinhas a fim de que ele as
tocasse; e como os discípulos afastassem com palavras
rudes aqueles que as apresentavam, Jesus, vendo isso,
zangou-se e lhes disse: Deixai vir a mim as criancinhas
e não as impeçais, porque o reino dos céus é para
aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo, em verdade,
todo aquele que não receber o reino de Deus como uma
criança, nele não entrará. E as tendo abraçado, as
abençoou, impondo-lhes as mãos...”
(Marcos, cap. X, v. de 13 a 16.)
Na questão 383 de O Livro dos Espíritos, Allan
Kardec pergunta qual é a utilidade para o espírito, de
passar pelo estado de infância. Os espíritos respondem
que encarnando-se para se aperfeiçoar, o espírito nesse
período é mais acessível às impressões que recebe e que
podem ajudar seu adiantamento, para o qual devem
contribuir aqueles estão encarregados de sua educação.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Santo
Agostinho, no capítulo XIV, item 9, comenta que desde o
berço a criança manifesta os instintos bons ou maus, que
traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é
preciso se aplicar. Diz ele que todos os males têm seu
princípio no egoísmo e no orgulho e é preciso espreitar
os menores sinais que revelem isso e combatê-los antes
que lancem raízes profundas. Orienta–nos a sermos como
os bons jardineiros, que arrancam os maus brotos à
medida que os vê despontar sob a árvore. Se deixais
desenvolver o egoísmo e o orgulho, diz ele, não vos
espanteis de serdes mais tarde pagos pela ingratidão.
Comenta ele que, se os pais fizeram tudo para o
adiantamento moral de seus filhos, não têm censuras a se
fazer e sua consciência pode estar tranquila se não o
conseguiram. O conhecimento da reencarnação dá a esses
pais a certeza de que isso é um atraso e que em outra
existência conseguirão acabar o que iniciaram nesta.
Vemos a grande responsabilidade da paternidade. Muitos
têm filhos sem sequer pensarem nisso. As crianças de
hoje pedem socorro.
No mundo, vemos pais e mães, optando, quando o podem,
pelo trabalho em “Home Office”, para ficarem em casa e
poderem participar da educação de seus filhos, estarem
próximos, vê-los crescer. Já experimentaram ver as
crianças crescerem sem o amor e a educação que deveriam
e os efeitos desastrosos disso e estão escolhendo ficar
junto de seus filhos, alguns até alegando que a infância
passa rápido e na adolescência partirão de casa, para
estudarem mais distante, fazerem faculdade ou
trabalharem fora, ou constituírem a própria família.
Na Finlândia, considerado o melhor país do mundo para se
viver pela sexta vez consecutiva e verificado que lá é o
país mais feliz do mundo, algumas coisas a população
vivencia e que poderiam ser exemplos para outros.
Valoriza-se o que se tem, sem invejar o vizinho e sem
querer parecer mais do que se é. Pessoas ricas levam
seus filhos para a escola de metrô ou de ônibus, quando
poderiam ir de carro. Dá-se extremo valor à honestidade.
Numa avaliação, de 16 carteiras de dinheiro esparramadas
nas ruas do país, foram devolvidas 12, considerado um
número elevado. Valoriza-se o “verde”, a vegetação. As
florestas. As casas abrem-se para o verde, como se
estivessem em bosques ou florestas. Deve-se ter verde em
casa. As crianças podem brincar soltas, sem necessidade
de supervisão. Exemplos falam mais que mil palavras.
Muitas casas não têm eletricidade. Não se prendem em
televisão ou computadores. Vivem vida simples.
São ricos, mas se portam quase como diz O Livro dos
Espíritos sobre o que se precisa para se ter a
felicidade na Terra tendo a posse do necessário, sem se
perturbarem tanto. Necessária a consciência tranquila, a
posse do necessário e a fé no futuro, dizem os
espíritos. Como são ricos, têm tudo o que precisam, mas
não invejam aquilo que não têm.
Bons ensinamentos para os nossos filhos.
Pobres filhos brasileiros, muitos se sentindo sós e
abandonados pelos pais, embora tudo tendo! Não têm a
presença dos pais, que é o que mais gostariam de ter. Os
pais têm trabalhado demais, para darem a seus filhos os
bens materiais que desejaram na infância e que não
puderam ter. Querem dar todos os bens materiais e todas
as facilidades para seus filhos, esquecendo-se que
forjaram sua retidão de caráter com os exemplos e
educação de seus pais e com as dificuldades que passaram
e venceram.
Não condenamos, nem julgamos. Maravilhoso o desejo dos
pais de darem o melhor, mas não se esquecerem que o
melhor não são as coisas, são eles mesmos, sua presença,
seus exemplos de bondade e de amor, famílias
estruturadas em moralidade, amor, respeito.
Conversamos com milhares de crianças em nossa vida,
desde seus seis anos de idade, quando já expressam seus
sentimentos, até a adolescência.
Pudemos conversar com criança de 7 anos, cujos pais
trabalhavam o dia inteiro, voltavam para casa às 19
horas e dormiam às 21 horas e que ela, a criança, ficava
acordada, sozinha e vendo tudo o que queria na
televisão, até as 2 da manhã. Estava cheia de problemas
de saúde e dificuldade de comportamento. Caso só para
ilustrar.
Um menino, outro caso para ilustrar, de 8 anos, chorando
nos disse que sua mãe não gostava dele, que só gostava
de trabalhar e que nas apresentações da escola, todas as
mães iam, menos a dele, que estava trabalhando. Passava
ao filho, inconscientemente, de que ter coisas materiais
e dinheiro era mais importante do que ele.
A criança deseja os pais perto dela, são quem ela ama.
Um outro caso, de uma menininha de 8 anos, cuja mãe nos
contou. Essa mãe estava achando que era rigorosa demais
com a criança. Não a deixava sair sozinha, nem ir em
casas de amiguinhas cujos pais ela não conhecia. Estava
se culpando. Presenciou sua filha, em sua casa,
brincando com uma amiguinha. As duas conversavam, sem
saberem que ela podia ouvir. A amiguinha lhe contou que
podia tudo. Saía e voltava quando queria, vestia o que
queria, passava esmalte e batom, com 8 anos de idade!
A filha dela então disse a essa amiguinha que queria que
a mãe dela fosse como a da amiguinha. Essa então,
chorando lhe disse: pois eu queria que a minha fosse
igual à sua. A sua cuida de você, ela te ama. A minha,
não! Nem liga para mim, nem sabe que eu existo, eu faço
o que eu quero e ela não se importa!
Essa mãe, que ouviu isso, sorriu e nos disse que viu que
estava agindo certo pela colocação da menininha amiga da
sua, de apenas 8 anos!
Como é importante a educação e a presença! Há muitas
mães heroicas, se sacrificando no trabalho, longe de
seus filhos. Gostariam de ficar com eles e não podem.
Precisam trabalhar, para suprirem as necessidades da
família, que ficaria em dificuldades, sem seu esforço.
A mulher luta muito por seus direitos, o que é louvável.
Deveria nessa situação, tentar uma lei que reduzisse sua
carga horária de trabalho para meio período, com salário
integral, para poderem ficar com seus filhos mais tempo.
As nações desenvolvidas do planeta estão vendo as mães
voltando para casa, para ficarem com seus filhos.
Educar é amar, por limites, ter presença, fazer a
criança sentir que é amada, do contrário, vai crescer
achando que seus pais não a amaram.
Educar é saber também dizer não. Cuidado com meninas de
3 anos, 4 anos, 5 anos, usando esmalte e batom, porque
querem imitar as mães, tias, avós... e estão tendo
permissão por aqueles que não sabem dizer não. Depois
vão desesperados aos pediatras porque suas crianças de 7
anos estão desenvolvendo caracteres sexuais
precocemente, com possibilidades de puberdade precoce.
Estão deixando as crianças fazerem o que querem, sem
limites, os meninos, muitos agressivos, muitos
estagiando na violência. Não é e estranhar quando a
violência explode.
Criança deve ser educada no amor e no bem, com
disciplina e bondade, gentileza e respeito, com afeto,
para ter tempo de crescer e ser aquele ser que pode
fazer o mundo um pouco melhor amanhã.
Eduquemos com Jesus. Deixemos as criancinhas irem até
ele, passemos seus ensinos para os que amamos. Se não se
tornarem as pessoas de bem que gostaríamos, por sua
escolha própria, podemos ficar em paz, por termos
tentado e feito o melhor. A escolha do caminho é do
espírito imortal, mas a orientação da estrada a seguir é
de sua família.
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