O pão e o
vinho na Santa Ceia e
seu verdadeiro
significado
Falaremos sobre o
episódio chamado de
Última Ceia, acontecido
no cenáculo (salão
construído em cima do
andar térreo de uma
casa).
As passagens a respeito
do assunto estão
registradas nos
Evangelhos de Mateus
(26:26 a 29), Marcos
(14:22 a 25) e Lucas
(22:14 a 30).
Assim descreve o
Evangelho de Mateus:
Enquanto comiam, Jesus
tomou um pão e, tendo-o
abençoado, partiu-o e,
distribuindo-o aos seus
discípulos, disse: Tomai
e comei, isto é o meu
corpo. Depois, tomou um
cálice e, dando graças,
deu-o a eles dizendo:
Bebei dele todos, pois
isto é o meu sangue, o
sangue da Aliança, que é
derramado por muitos
para remissão dos
pecados. Eu vos digo:
Não beberei mais deste
fruto da videira até o
dia em que convosco
beberei o vinho novo do
Reino do meu Pai.
Lucas explica que no
livro de Ezequiel (44:1
a 3) há a comunicação
premonitória:
Uso do pórtico oriental – Conduziu-me
então para o pórtico o
exterior do santuário,
que dava para o oriente,
o qual estava fechado.
Não se abrirá e ninguém
entrará por ele, porque
por ele entrou Iahweh, o
Deus de Israel, pelo que
permanecerá fechado. O
príncipe, contudo, se
sentará aí para comer
pão na presença de
Iahweh. Ele entrará pelo
lado do vestíbulo do
pórtico e sairá pelo
mesmo lado.
Sentado a uma mesa,
Jesus partiu o pão com
seus discípulos, em
Jerusalém. O pão não
ficou inteiro, mas
partiu-se com fartura e,
com ele, saciamos a
nossa fome de
entendimento. Jesus se
referiu não ao pão
simbólico, material, mas
ao pão espiritual, a sua
doutrina, que é o
alimento do Espírito e
precisa ser repartida
com todos.
Jesus queria dizer que
seu corpo – que é a sua
doutrina – não pode ser
assimilada somente pela
letra, mas precisa ser
estudada e compreendida
em espírito e verdade.
O pão e o vinho nada
mais são que alegorias,
que dão ideia da letra e
do espírito.
Ao fim do seu ministério
público, na Última Ceia,
reunido aos seus
discípulos, Jesus nos dá
lições, que vemos no
Evangelho de João (13:6
a 16):
Chega, então, a Simão
Pedro, que lhe diz:
Senhor, tu lavar-me-ás
os pés?! Respondeu-lhe
Jesus: O que faço não o
compreendes agora, mas o
compreenderás mais
tarde. Disse-lhe Pedro:
Jamais me lavarás os
pés! Jesus
respondeu-lhe: Se eu não
te lavar, não terás
parte comigo. Simão
Pedro lhe disse: Senhor,
não apenas meus pés, mas
também as mãos e a
cabeça. Jesus lhe
disse: Quem se banhou
não tem necessidade de
se lavar, porque está
inteiramente puro. Vós
também estais puros, mas
não todos. Ele sabia,
com efeito, quem o
entregaria; por isso
disse: Nem todos estais
puros.
Depois que lhes lavou os
pés, retomou o seu
manto, voltou à mesa e
lhes disse: Compreendeis
o que vos fiz? Vós me
chamais Mestre e Senhor
e dizeis bem, porque eu
o sou. Se, portanto, eu,
o Mestre e o Senhor, vos
lavei os pés, também
deveis lavar-vos os pés
uns aos outros. Dei-vos
o exemplo para que, como
eu vos fiz, também vós o
façais.
Em verdade, em verdade,
vos digo: O servo não é
maior do que o seu
senhor, nem o enviado
maior do que quem o
enviou.
O Lava-pés e a Ceia
foram atos simbólicos,
pretexto para a reunião,
na qual o Mestre iria
aconselhar, fazer
recomendações, e dizer
palavras de consolação e
exortação para todos os
que desejam ser seus
discípulos.
Vemos no Evangelho de
João (14:1 a 4) seu
memorável Discurso do
Cenáculo, iniciando com
estas doces palavras:
Cesse de perturbar-se o
vosso coração! Credes em
Deus, crede também em
mim. Na casa de meu Pai
há muitas moradas.
Se não fosse assim, eu
vos teria dito, pois vou
preparar-vos um lugar. e
quando for e vos tiver
preparado o lugar, virei
novamente e vos levarei
comigo, a fim de que,
onde eu estiver,
estejais vós também. E
para onde vou, conheceis
o caminho.
Em O Evangelho
Segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, capítulo
III – Há muitas moradas
na casa de meu Pai (item
2), encontramos:
A casa do Pai é o
Universo. As diferentes
moradas são os mundos
que circulam no espaço
infinito, oferecendo aos
Espíritos desencarnados
estações apropriadas ao
seu adiantamento.
No capítulo VI - O
Cristo Consolador – item
3, Kardec complementa o
que temos em João (14:15
a 17:
Se me amais, guardai os
meus mandamentos. E eu
rogarei ao Pai, e Ele
vos dará outro
Consolador, para que
fique eternamente
convosco, o Espírito de
Verdade, a quem o mundo
não pode receber, porque
não o vê, nem o conhece.
Mas vós o conhecereis,
porque ele ficará
convosco e estará em
vós. Mas o Consolador,
que é o Santo Espírito,
a quem o Pai enviará em
meu nome, vos ensinará
todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo o
que vos tenho dito.
Continuemos a leitura do
item 4 do capítulo VI:
Jesus promete outro
Consolador: é o Espírito
de Verdade, que o mundo
ainda não conhece, pois
que não está
suficientemente maduro
para compreendê-lo, e
que o Pai enviará para
ensinar todas as coisas
e para fazer lembrar o
que o Cristo disse. Se,
pois, o Espírito de
Verdade deve vir mais
tarde, ensinar todas as
coisas, é que o Cristo
não pôde dizer tudo. Se
ele vem lembrar o que o
Cristo disse, é que o
seu ensino foi esquecido
ou mal compreendido.
O Espiritismo vem, no
tempo assinalado,
cumprir a promessa do
Cristo: O Espírito de
Verdade preside ao seu
estabelecimento. Ele
chama os homens à
observância da lei;
ensina todas as coisas,
fazendo compreender o
que o Cristo só disse em
parábolas. O Cristo
disse: “que ouçam os que
têm ouvidos para ouvir”. O
Espiritismo vem abrir os
olhos e os ouvidos,
porque ele fala sem
figuras e alegorias.
Levanta o véu
propositadamente lançado
sobre certos mistérios,
e vem, por fim, trazer
uma suprema consolação
aos deserdados da Terra
e a todos os que sofrem,
ao dar uma causa justa e
um objetivo útil a todas
as dores.
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