Crimes brutais
Já não bastasse a imensa violência que grassa em nossa
nação, temos ainda que conviver com um número crescente
de crimes praticados dentro das escolas. Crianças,
adolescentes e jovens mostram, cada vez mais, uma faceta
cruel. É evidente que não se trata aí de um apanágio
brasileiro, pois nos EUA têm ocorrido tragédias do mesmo
jaez numa frequência impressionante. Aliás, no momento
em que escrevo estas linhas (final de março), o Guns
Violence Arquives tinha contabilizado a ocorrência
de pelo menos 130 massacres em estabelecimento escolares
só no corrente ano, contando com o trágico episódio de Covenant
School, em Nashville, em que pereceram três docentes
e duas crianças.
Obviamente, o quadro naquele país é substancialmente
agravado devido ao fácil acesso às armas de fogo e pela
paixão do povo americano em possuí-las. Embora alguns
legisladores tentem restringir a aquisição de armamentos,
o fato é que o lobby contrário é muito forte. O
resultado é que os tiroteios e massacres em escolas
tornaram-se um fenômeno tipicamente americano e com o
alto grau de letalidade, conforme reconheceu a rede
CNN.
Voltando à nossa realidade, parece que lentamente
estamos importando ou incorporando essa prática nefasta.
Afinal de contas, já temos em nossas estatísticas alguns
crimes dessa natureza, e o mais recente envolveu um
aluno (adolescente de apenas 13 anos) da escola estadual
Thomázia Montoro, em São Paulo, que feriu colegas e
professoras por meio de um ataque brutal.
Lamentavelmente, também pereceu nesse episódio a
professora Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, uma química
aposentada que tinha enorme paixão pela arte de ensinar.
A imprensa paulista traçou um perfil muito revelador
dessa grande mulher que vislumbrava, segundo os
depoimentos de suas colegas, a transformação humana. Seu
estilo de lecionar e a sua doçura no trato conquistaram
rapidamente os alunos que a admiravam sem reservas.
Pelos amplos elogios e reconhecimentos dados à
professora Beth (como os alunos carinhosamente a ele se
referiam), ficou evidente que se tratava daquelas almas
cheias de ideais e esperanças, e que se empenham com
profundo ardor por mudar a realidade para melhor. Desse
modo, a guerreira do bem tomba, mas o seu legado
permanece, e, assim sendo, aqueles jovens e adolescentes
terão em sua imagem uma agradável inspiração para os
desafios do porvir.
Por outro lado, o assassino de tão tenra idade já havia
dado claros sinais de acentuada perturbação espiritual,
embora os laudos psicológicos não tenham detectado isso.
Na verdade, parece que faltaram realmente medidas
eficazes e proativas para controlar a sua fúria e índole
perversa. Ademais, o seu ato vil e injustificável fazia
parte do seu “projeto de vida”, que culminaria, se tudo
tivesse dado certo, com o autocídio. Mas graças a
coragem de algumas docentes, o criminoso foi dominado,
evitando-se, assim, uma tragédia ainda maior.
Nos primeiros interrogatórios ele demonstrou frieza e
nenhum laivo de arrependimento. Ao que tudo indica, esse
indivíduo permanecerá preso até os 21 anos de idade e
será solto posteriormente, conforme estabelece a lei. É
importante também frisar que bullying, misoginia,
problemas familiares ou dificuldades de convivência
social não servem de desculpas ou justificativas para um
crime tão hediondo.
Cabe ainda observar que o criminoso é provavelmente mais
uma daquelas almas profundamente doentes que ora habitam
esse mundo de provas e expiações, e que desperdiçam
outra sagrada oportunidade de encarnação – talvez
derradeira, pelo que sabemos, considerando as mudanças
planetárias ora em curso e informadas pelos maiorais da
espiritualidade - em decorrência da sua maldade e
desajustes comportamentais. Em sendo assim, ele
inevitavelmente deverá desfrutar de um futuro sombrio e
experiências ainda mais dolorosas – pelo menos até que
domine a imensa selvageria aninhada em sua personalidade
e a noção do arrependimento e do bem, enfim, floresçam.
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