As lembranças de
dor e tristeza
No mundo moderno
em que estamos
vivendo, nos
deparamos
diariamente com
situações que
nos reportam ao
nosso passado,
desta e de
outras vidas.
Estas lembranças
às vezes geram
um desconforto,
uma tristeza,
pois nem sempre
conseguimos
voltar no tempo
para corrigir o
erro que
cometemos ou
pedir perdão
àqueles a quem
ofendemos.
A ideia de
ofensa é muito
delicada, pois
algo que no
passado
achávamos
normal, hoje
consideramos um
abuso ou uma
atitude
imprudente da
nossa parte.
Buscando
compreender o
contexto, em que
nos
encontrávamos e
que hoje estamos
tentando
ressignificar
para conseguir
uma melhora.
Lamentar os
erros cometidos
não vai
consertar as
coisas erradas
que fizemos,
muito pelo
contrário; podem
nos abater mais
ainda, através
de uma
melancolia, uma
depressão,
acentuando o
sentimento de
culpa.
Emmanuel no
livro Pão
Nosso nos
deixa a seguinte
mensagem:
“Se a criatura
refletisse mais
sensatamente
reconheceria o
conteúdo de
serviço que os
momentos de cada
dia lhe podem
oferecer e
saberia vigiar,
com acentuado
valor, os
patrimônios
próprios.
Indubitável que
as paisagens se
modificarão
incessantemente,
compelindo-nos a
enfrentar
surpresas
desagradáveis,
decorrentes de
nossa atitude
inadequada, na
alegria ou na
dor; contudo,
representa
impositivo da
lei a nossa
obrigação de
prosseguir
diariamente, na
direção do bem”.1
A terapia
moderna, assim
como a medicina
holística,
auxilia com
dinâmicas, onde
vamos
ressignificando
a nossa vida,
através de uma
releitura dos
acontecimentos.
A imaturidade do
nosso senso
moral diminui o
peso das
atitudes erradas
que um dia
fizemos. Até o
dado momento
onde percebemos
que já tínhamos
algum
conhecimento
para não cometer
certos deslizes
ou magoar o
nosso semelhante
com atitudes e
palavras não
muito
apropriadas.
Como se a outra
pessoa não
tivesse peso de
importância em
nossa vida.
Fica difícil
retornar 30 ou
40 anos no
passado para
pedir perdão ou
desculpas,
talvez nem faça
mais sentido no
momento presente
para a outra
pessoa. Nós é
que somos
portadores de um
registro de
lembrança, que
nos causa
desconforto.
Precisamos
aprender com os
próprios erros e
não os repetir
em novas
situações que
venham acontecer
em momentos
futuros.
Deus, em sua
infinita bondade
e misericórdia,
não permitiria
que duas pessoas
se aproximassem
se não fosse
para uma
reciprocidade de
correção
comportamental e
de aprendizagem,
enquanto
Espíritos
imortais. Pela
lei da atração
vibratória,
Espíritos que
vibram na mesma
sintonia se
atraem para uma
aprendizagem
mútua. Ensinamos
e aprendemos ao
mesmo tempo, uns
com os outros.
No livro Memórias
de um Suicida,
psicografado por
Yvonne do Amaral
Pereira,
conta-se a
história do
escritor
português Camilo
Cândido Botelho,
que desencarnou
por cometer
suicídio. Ele
era um homem
erudito para sua
época, porém lhe
faltava
humildade para
reconhecer as
limitações e
dificuldades que
uma cegueira
inesperada aos
65 anos lhe
causou.2
Nos bastidores
da alma ficam
ocultos os
motivos que
levam a pessoa a
sucumbir diante
de situações que
poderiam ser
evitadas. O
atraso moral, a
ignorância e a
inveja
influenciam na
grande maioria
das vezes as
decisões. Poucos
são aqueles que
conseguem
perceber a
escolha
imprudente, em
tempo, a ponto
de evitar um
desatino, que
pode lhe exigir
um tempo muito
longo e
sacrifício para
reparação do mal
causado.
Existem
histórias tão
complicadas, que
o espírito
infrator precisa
às vezes de duas
ou três
existências
físicas para
reparar o dano
causado às
pessoas que
foram suas
vítimas.
O sentimento de
culpa que paira
na sociedade
moderna é muito
mais comum do
que possamos
imaginar. Boa
parte dos atuais
encarnados são
portadores de
emoções
adoecidas por
atitudes
equivocadas, que
refletem
escolhas
imprudentes em
um dado momento
passado, onde os
desacertos não
eram muito
diferentes dos
que ocorrem nos
dias atuais.
“A moralização
da humanidade é
um processo
lento e
gradual.”
Todos temos uma
conta para
acertar com a
nossa
consciência, que
reflete uma
decisão tomada
em um passado
distante, desta
encarnação ou de
outras vidas.
Em O Livro
dos Espíritos encontramos
a resposta para
uma pergunta que
sempre fazemos:
Qual o objetivo
da encarnação
dos Espíritos? Deus
lhes impõe a
encarnação com o
fim de fazê-los
chegar à
perfeição. Para
uns, é expiação;
para outros,
missão.3
Quando nos
perguntamos qual
o motivo de
precisarmos
viver em um
mundo de provas
e expiações, a
resposta sempre
estará
relacionada à
necessidade de
autossuperação
das nossas
dificuldades.
Os sentimentos
adoecidos são
responsáveis
pela dor moral
de que quase
todos somos
portadores e que
na grande
maioria dos
casos se
apresentam sob
forma de uma
doença, como
melancolia,
tristeza ou
depressão.
“Nossas obras
ficam conosco.
Somos herdeiros
de nós mesmos.” (André
Luiz)
Não tenhamos
dúvida de que
não somos
melhores do que
as outras
pessoas e
estamos neste
mundo para
aprender e
evoluir. Os
erros refletem o
nível evolutivo
do espírito,
assim como seus
sentimentos de
egoísmo e
imaturidade. O
sofrimento será
proporcional à
dificuldade de
autoaceitação da
sua realidade.
A reforma íntima
poderá
representar o
primeiro grande
passo para um
acerto de contas
com nossa
consciência,
assim como uma
mudança de
conduta para com
os semelhantes.
“Embora ninguém
possa voltar
atrás e fazer um
novo começo,
qualquer um pode
começar agora e
fazer um novo
fim”. (Chico
Xavier)
Referências:
1) Xavier,
Francisco
Cândido; Pão
Nosso; Cap.
8 - Ansiedades;
FEB.
2) Pereira,
Yvonne do
Amaral; Memórias
de um Suicida; 3a parte
- A Cidade
Universitária; V
– A causa de
minha cegueira
no século XIX;
FEB.
3) Kardec,
Allan; O
Livro dos
Espíritos,
questão 132.
4) Wikipédia
(A Enciclopédia
Livre).