Indivíduos e valores
Estamos presenciando
momentos tormentosos no
terreno sociofamiliar,
socioeconômico,
sociopolítico,
sociorreligioso e, por
conseguinte,
sociocultural. Os
hábitos, costumes e
valores aprendidos na
formação educacional dos
nossos contemporâneos
estão deveras sofrendo
transformações e
deformações. É esperado
e até natural que a vida
siga seus rumos em todos
os campos do saber e do
agir, para consigo e
para com a sociedade em
geral, promovendo assim
o que aprendemos a
chamar de evolução,
tempos modernos, avanço
da humanidade etc.
Porém, a velocidade em
que tudo está sendo
colocado à disposição de
todos, confesso que
assusta a qualquer ser
humano que esteja
engajado a dar
prosseguimento a uma
conduta adequada aos
costumes aprendidos como
sendo o ideal para
convivermos com os
nossos pares em qualquer
parte do país de origem,
e por extensão, em
qualquer parte do nosso
Planeta azul.
Os noticiários que têm
como premissa informar a
população dos
acontecimentos no seu
habitat natural
transformaram-se em
capítulos diários de
exposição de crimes,
assassinatos, prisões,
fugas, acusações,
mentiras, perseguições,
ostentação de poder,
genocídio e todos outros
“cídios”, ensinando como
lesar o outro no passo a
passo dos golpes de toda
sorte, espalhando terror
por todos os lados, de
tal maneira que, ao
despertarmos pela manhã,
o primeiro pensamento
que nos vem à mente é:
como será o dia hoje?
Toda essa ebulição
reflete, certamente, no
nosso comportamento
diário. Como agir e como
conviver com essa
situação real, sem nos
deixarmos ser engolidos
pela massa humana
robotizadas que reforçam
essas práticas e
atitudes no dia a dia? O
que fazer para ajudar as
pessoas que nos procuram
dentro desse torvelinho
de acontecimentos?
Abraham Maslow, um dos
pioneiros da Psicologia
Transpessoal, cunhou uma
frase que gostaria de
dividir com o gentil
leitor: “O que é
necessário para mudar
uma pessoa é mudar sua
consciência de si
mesma.” E como fazer
para mudar a consciência
de si mesma?
Independentemente de
onde estivermos, em meio
a qualquer situação, só
depende de nós a mudança
que desejamos e
esperamos que os outros
façam por nós. Enquanto
aguardamos, tudo
continua da mesma
maneira. Quando
promovemos um movimento
em direção às mudanças
de atitudes, estimulamos
energias acompanhadas de
pensamentos, sentimentos
e emoções, que catalisam
outras tantas que,
vibrando na mesma
sintonia, corporificam a
nossa ação causando as
alterações que almejamos
alcançar.
É nesse contexto que se
torna primordial
fazermos as escolhas do
que queremos de fato
atingir. Ao firmarmos os
nossos pensamentos na
direção do alvo a ser
alcançado, mudamos a
rota dos nossos caminhos
e de quem mais pensar e
agir como nós. Ao
acendermos a chama da
nossa perseverança,
levamos conosco um fluxo
de certeza e vontade de
prosseguir, que os
possíveis obstáculos que
surgirem passarão
despercebidos diante do
desejo de sermos
coroados com a chegada
aos objetivos que foram
previamente
estabelecidos.
A diferença se faz na
razão direta da
seriedade que atribuímos
à conquista a ser
realizada. Quando nos
propomos mudar a nossa
história engajados num
propósito focado na
harmonia, na tolerância,
na cumplicidade, no
respeito às leis da
natureza, na
simplicidade de
soluções, na alegria de
viver, no amor e na
visão cósmica ou
espiritual do outro como
sendo meu igual
incondicionalmente, nos
tornamos apaixonados
pelas belezas da nossa
Mãe Terra, e do
aprendizado que temos
diuturnamente a
oportunidade de extrair
do cotidiano da nossa
cidade, do nosso bairro,
do nosso grupo social
que fazemos parte.
As mudanças são
trabalhosas. Solicitam
abandonarmos aquilo que
utilizamos por um certo
tempo e agora não será
mais útil. Descartarmos
pensamentos e
sentimentos que nos
trazem tormentos e
lembranças de decisões
que foram equivocadas é
um passo seguro e
lucrativo no rumo certo.
Escolhas tóxicas, que
ocuparam espaços
significativos nas
estantes empoeiradas do
nosso orgulho e que não
mais serão contempladas,
deverão ser
desqualificadas.
A ressignificação ou
reforma íntima tem
início quando aceitamos
que cometemos nossos
equívocos e estamos
verdadeiramente
dispostos a
reconhecê-los e nos
perdoar por tudo que
porventura cometemos
consciente e ou
inconscientemente. Essa
atitude provoca em nós
abertura para o
entendimento e
compreensão do novo
momento que estamos nos
preparando para
vivenciar.
Necessário se faz o
esvaziamento daquelas
práticas, e o
pertencimento de outras
mais adequadas ao
presente que estamos
construindo sem prazo e
nem tempo para terminar.
É a vida que estua de
dentro para fora,
tornando-nos indivíduos
únicos na imensidão sem
fim. O processo de
individuação, segundo
Jung, ocorre com o
rompimento das tradições
culturais ou os
costumes, que foram
tantas vezes trilhados
seguindo propósitos
alheios às escolhas
pessoais. A educação
psicoterapêutica, tendo
como foco principal a
personalidade, libera os
indivíduos das regras
coletivas opondo ética e
moralidade. Da mesma
forma, no ponto de vista
psicológico, os
indivíduos se comportam
com igualdade enquanto
são inconscientes de
suas diferenças
verdadeiras agindo em
conformidade com o
pensamento das massas
(na expressão do poeta
Zé Ramalho em Admirável
gado novo, “povo
marcado, povo feliz”).
Quem ou aquele que se
individualiza está
assumindo um compromisso
consigo mesmo de
contribuir com o
coletivo, oferecendo
novos valores que
substituam aqueles que
fizeram parte da sua
história até então.
Seria uma forma de
recompensa psíquica e
emocional. Gratidão e
respeito ao outro por
compreender o valor de
tornar-se indivíduo
consciente dos seus
valores, do seu
compromisso consigo
mesmo e para com a
sociedade.
Para reflexão,
acrescento esta frase de
Carl G. Jung: “Até você
se tornar consciente, o
inconsciente irá dirigir
sua vida e você vai
chamá-lo de destino; a
sua visão só vai ficar
nítida quando você olhar
com o coração. Quem olha
para fora sonha, quem
olha para dentro
desperta.”
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