Serenidade
Que pensais? Eles responderam: é réu de morte. E
cuspiram-lhe no rosto e o esbofetearam. Outros lhe davam
bordoadas, dizendo: Faze-nos uma profecia, Cristo: quem
é que te bateu? (Mateus,
cap. 26, v. 66 a 68)
Estamos vivendo nestes últimos anos muitas aflições,
considerando que o conceito de amor ao próximo necessita
ser vivido com muita intensidade e a agressão e a
violência estão muito propagadas na mídia.
Os mais velhos se lembram com saudades de um país onde
havia, sim, muita carência econômica, mas cuja
população, essencialmente rural, embora não tivesse bens
materiais suficientes (muitos contam que ganharam o
primeiro par de sapatos aos 10 anos de idade), tinha a
fartura da alimentação nos sítios e nas fazendas. A
solidariedade era muito grande. Distribuíam alimentos
uns para com os outros. As pessoas trabalhavam nos
campos, conversavam umas com as outras, frequentavam sua
religião e o conceito de ser era muito mais importante
do que ter.
Quando havia um crime, aquilo era tão inusitado que
todos ficavam atônitos. Mas o êxodo rural veio. As
cidades aumentaram de modo descomunal. Não havia renda
para uma qualidade de vida melhor entre as pessoas que
chegavam dos campos, sem instrução, em massa. Isso é
muito falado nos estudos sociais do país. As mulheres
tiveram que trabalhar fora, pois os salários dos maridos
não eram suficientes. Com isso, as crianças começaram a
ficar desassistidas, devido à ausência da mãe na maior
parte do tempo. A agressividade cresceu.
As crianças, isso nós podemos dizer, pois já conversamos
com milhares, começaram a achar que o mais importante é
o dinheiro, pois seus pais, atrás do dinheiro, não
ficavam com eles. Infelizmente. Não por escolha dos
pais, mas por necessidade, pois muitas vezes, sem o
trabalho materno, não haveria comida na mesa para os
filhos.
As crianças não entendem muito bem isso. Prefeririam a
presença do que ter as coisas, mas isso se inverteu de
tal modo, que agora querem coisas sem parar. Houve uma
inversão de valores e os mais velhos sentem saudades da
palavra de honra, da serenidade, da paz, do respeito.
Contam como era o passado, sofrido, com poucos bens
materiais, mas com amor e respeitabilidade entre todos.
Os mais velhos falam de um tempo em que não se precisava
ter cerca nas casas, podiam deixar portas sem trancar,
que ninguém entrava. Os vizinhos sentavam nas calçadas e
conviviam, conversando, toda a vizinhança com cadeiras
nas calçadas, conversando ao anoitecer, enquanto as
crianças brincavam de pega-pega, esconde-esconde,
jogando bola, nas ruas das cidades, sem perigo. Quando
vinha um carro, era devagar, todos paravam; o carro
passava e as brincadeiras recomeçavam. É o que contam.
Uma das razões da longevidade atual é esse passado mais
pacífico e calmo, pensamos nós.
Não duvidamos. Lembramos de nossa casa em Minas Gerais.
Tinha uma pequena cerca de madeira na frente, menos de
um metro de altura. Era para preservar o jardim dos
cachorros que andavam soltos. O jardim era lindíssimo,
cheio de flores. As pessoas, se o portão estivesse
fechado, batiam palmas, não pulavam a cerca. Era o
respeito à propriedade do outro. Mesmo pessoas
alcoolizadas, que eventualmente apareciam pedindo
comida, batiam palmas da calçada mesmo e só entravam se
convidadas.
Domingo era sagrado para a religião. Havia ensinamento
sobre bondade e amor ao próximo, gentileza e boas
maneiras, nas famílias, não importando a renda delas, se
maior ou menor. Era importante formar pessoas de bem e o
exemplo era fundamental.
Isso ficou no passado. O presente, porém, é consequência
do que fizeram dele. As crianças precisam de amor e de
educação, não apenas de instrução. A violência e a
agressividade que está acontecendo hoje é fruto de ter
sido deixado para trás esse passado, pois o passado é
ensinamento para o futuro. O que é bom não deve ser
abandonado.
Jesus é o modelo que muitos esqueceram. O amor que ele
pregou e viveu jamais deve ser deixado para trás.
Temos visto famílias maravilhosas, de diversas
religiões, que, entendendo sua responsabilidade perante
Deus, estão educando bem os filhos, dentro da crença do
amor ao próximo, do respeito ao semelhante e dos ensinos
de Jesus.
Somente seremos um país digno quando todos
compreendermos os ensinamentos de Jesus e os colocarmos
em prática, pois Jesus disse tudo quando nos recomendou
que tudo aquilo que desejarmos do próximo façamos nós
aos outros.
Lembramos um professor de karatê muito respeitado em sua
cidade. Pudemos assistir a algumas de suas aulas com as
crianças e todas as vezes, ao encerrar, ele passava por
elas dizendo: - O verdadeiro guerreiro é aquele que tem
domínio sobre si mesmo e nunca agride ninguém.
Agressão é estagiar nos instintos primários, não ter
maturidade. A criança muitas vezes agride. À medida que
vai aprendendo, compreendendo, vai deixando isso. Mas há
aquelas que permanecem na agressão. O que lhes faltou?
Amor, carinho, educação, respeito, exemplos, religião,
disciplina, deveres?
A sociedade, estarrecida com a criminalidade juvenil,
analisa tudo isso. As escolas pedem aos pais que eles
eduquem.
Voltemos ao passado, não nas coisas materiais ou no modo
de vida de hoje, que é difícil, mas na autoridade moral,
nos exemplos, na vivência, na educação que se tinha.
Isso é possível, se a família quiser.
Tivemos a oportunidade de conversar com uma mãe, das
muitas com quem lidamos. Ela não conseguia nem se mexer
direito, de dor nas costas. Havia-se mudado de
residência e carregado muitos móveis, dois dias antes.
Tem um filho de 9 anos, outro de 7. Dissemos a ela que
pedisse ajuda aos seus filhos. Com sua orientação, um
poderia limpar a casa, outro o banheiro e assim por
diante, até que ela se restabelecesse. Isso não seria
trabalho infantil, mas ensinamento de solidariedade e
fraternidade e as crianças adorariam cooperar com a
mãezinha.
Adorávamos poder auxiliar quando éramos criança.
Precisamos disso. Não formar adultos que acham que só
têm direitos, geração que não quer fazer nada, mas
pessoas de bem, que sabem ajudar-se umas às outras.
Quando o amor imperar a violência vai desaparecer. Jesus
deve ser o modelo constante. Evitemos a agressão e
ensinemos, com nosso exemplo, nossas crianças a perdoar
e a reagir ao mal com o bem.
A geração que crescer com respeito e amor será serena.
Isso não significa inação, mas capacidade de manter a
calma em todas as circunstâncias. Inteligência
emocional.
Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira
Franco, no livro Celeiro de Bênçãos, diz que,
consubstanciando o verbo divino nas atitudes, o cristão
novo deve aplicar-se ao indeclinável ministério da ação
elevada, atualizando os postulados evangélicos na
vivência diária, de tal modo que os cultivadores da
insensatez e da perturbação, após os incessantes
tormentos que os vergastam, permitam-se à terapêutica
salutar de Jesus Cristo, o médico divino de todos nós.
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