Não sabem que o corpo físico já morreu
Na sala sente-se um clima de muita paz. Passado o dia de
trabalho, na noite desta terça-feira o grupo mediúnico
está muito tranquilo, como é normal. Compõe-se de três
médiuns psicofónicos – ou de incorporação, termo
menos adequado – e de mais meia dúzia de pessoas
formadas para dialogar de forma fraterna com os
Espíritos desencarnados que a equipa espiritual
desencarnada trará a manifestar-se, dentro do critério
de necessidade de serem ajudados e de terem condições de
absorver esse apoio.
O objetivo é apenas auxiliar. Para que isso aconteça, há
que merecer a confiança de um grupo de Espíritos
esclarecidos muito especializados e competentes, que são
quem faz a gestão da atividade da hora que dura este
serviço de fraternidade desinteressada de qualquer
recompensa material ou espiritual, embora nesta última
parte, deva ser dito que se sai de lá invariavelmente
com uma paz maior do que aquela a que estamos
habituados.
Mais do que pensa a maior parte das pessoas por que
passamos na rua, a morte do corpo material é um fenómeno
natural que não finaliza a vida. Pelo contrário, a vida
continua, independentemente de quaisquer crenças, e por
vezes é tão simples que até lembra algo como o retirar
um pesado casaco de inverno, mantendo, ainda assim, por
tempo variável a sensação de continuar com ele vestido.
Diante dos factos que surgem verificamos numa amostra de
duas centenas de casos anotados, na nossa experiência,
que apenas cerca de 30% dos Espíritos ignorantes que se
comunicaram em necessidade sabiam que o seu corpo
material já tinha morrido. Os restantes não faziam a
menor ideia. (Confira
no gráfico abaixo.)
Aliás, com frequência era difícil convencê-los, com
suavidade para não os assustar, de que isso já tinha
ocorrido há alguns anos. O curioso desta situação
peculiar é que a mesma situação pode acontecer a cada um
de nós, dentro de certas circunstâncias.
Para que não haja dúvidas, os dois casos isolados
assinalados no gráfico dizem respeito a situações em que
o gravador de áudio não avisou que tinha as pilhas com
pouca carga e desligou a gravação antes que pudéssemos a
posteriori ouvir e apurar se nesses casos sabiam já
estar desencarnados ou não. Na manhã seguinte cada um
entra na sua vida profissional – técnicos aposentados,
jornalistas, médicos, gestores comerciais, etc. – e há o
descuido de esquecer de telefonar a quem esteve
envolvido em cada caso de atendimento mediúnico para
esclarecer isso.
Para quem nunca abordou este assunto, irá parecer
estranho que haja quem já tenha o seu corpo físico morto
há vários anos e ainda não tivesse percebido isso.
Acontece o mesmo com numerosas entidades espirituais com
quem conversamos no atendimento mediúnico. Recordo que
um entre muitos afirmava no início do esclarecimento:
“Como é que me dizes que morri, se estou aqui a
conversar contigo?! Estás a querer enganar-me”.
Para nós é simples. O corpo físico morreu. Na maioria
dos casos há uma perda variável de consciência – como
quando adormecemos – e quando voltamos a nós, à vigília,
desligados do corpo físico, temos um corpo espiritual
(muito parecido) e achamos que não se passou nada de
significativo.
Porém, para quem não sabe que tem corpo espiritual e
acha que tudo acaba com a morte corporal, fazer
desvanecer essa crença com os factos não é imediata em
muitas situações.
Como no plano material, na vida espiritual há também
inúmeros estados alterados de consciência que podem
prevalecer por um tempo muito variável.
Em alguns grupos mediúnicos, neste grupo de casos, há
quem opte por abreviar o esclarecimento. Para isso,
sendo o caso de um Espírito de perfil masculino a
manifestar-se por uma médium, pedem-lhe que passe (é a
mão da médium que se move e faz prevalecer a percepção)
a mão pelo peito, localizando os seios. Resultado: o
Espírito fica chocado – pode dizer: “Mas o que é isto?
Que é que me fizeste?!”, indignado. Ou então se o
Espírito comunicante com défice de esclarecimento é
calvo e o/a médium tem cabelo, sentir essa diferença da
mesma maneira. No nosso caso, optamos por apelar a que
observe em volta e nos diga o que vê. Estranham.
Perguntam por vezes: “Tu não vês? Para que queres que te
diga o que vejo?”. A resposta é simples: “Para saberes
como estás”.
Após alguns minutos do diálogo fraterno, o clima
interior do Espírito comunicante melhorou, apoiado pelo
choque anímico oriundo do médium, o que faz com que
consiga ver melhor outras realidades vibratórias que nos
momentos iniciais seria impossível. São leis da
natureza, e funcionam assim. “Sem amor no coração não
teremos olhos para a luz”, vem no livro de André Luiz
(Espírito) “Entre a Terra e o Céu”, na psicografia do
médium Francisco Cândido Xavier.
Como ocorre todos os dias quando adormecemos, nunca
sabemos em que minuto isso ocorreu. Essa rampa
deslizante ocorre com frequência também na
desencarnação. Sabemos apenas quando acordamos.
Vale a pena por isso, no quotidiano, manter uma
claridade interior de bons sentimentos, tanto quanto
possível. Sem exercitar não saímos do sítio. Funciona
como a ginástica aplicada no corpo físico. Assim, quando
a partida para o plano espiritual chegar (morte do corpo
material), teremos olhos para ver e ouvidos para ouvir
aqueles que se encontram em condições de nos ajudar na
vida espiritual, sejam eles velhos conhecidos ou
aparentes desconhecidos. Todos, contudo, com o
denominador comum de nos amarem sem esperar retribuição
e de nos apoiarem para mais depressa termos condições de
continuar a trabalhar e a evoluir.
Nota - Esta análise foi efetuada a partir
de um grupo de serviço mediúnico situado nos arredores
da cidade do Porto, na região Norte de Portugal. Através
de registos recolhidos das manifestações mediúnicas
habituais no grupo em que colaborámos regularmente
durante vários anos, até 2019, identificaram-se e
registaram-se a posteriori, através de um código
numérico, os médiuns em causa em cada manifestação,
anotando-se caso a caso diversos dados emergentes do
diálogo de esclarecimento estabelecido com a entidade
espiritual no transe mediúnico. O poster “Reuniões
Mediúnicas Uma análise estatística”, relativo a este
gráfico, está disponível na internet, no site Scribd e
no Issuu, e pode também ser acessado clicando-se neste Link
Jorge Gomes reside na
cidade do Porto, em Portugal.
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