Artigos

por Cláudio Bueno da Silva

 

Morreu, acabou?


Se a vida humana se resume a uma existência, se o corpo é o elemento principal da curta viagem do berço ao túmulo, se a alma na Terra é uma coadjuvante do cérebro, então faz sentido viver para o mundo, tão somente. Faz sentido mergulhar de cabeça na matéria e tentar extrair dela todos os prazeres que se possa conseguir. Nem que para isso seja preciso afastar do nosso caminho, à força, quem nos tente impedir. Se o futuro é incerto e nebuloso, por que se preocupar com ele?

Embora nem todos pensem assim, a maioria das pessoas age assim.

Mas, atenção! E se não for bem isso? E se a vida humana abranger mais que um corpo de carne com seus atavismos? Se a alma for mesmo imortal e entrar no outro mundo com as mesmas características que possuía na Terra? E se ela for chamada depois da morte, a continuar vivendo em sociedade, em cumprimento às leis universais às quais não se interessou em conhecer durante a vida física?

Então, é preciso pensar um pouco. Após a morte, o corpo se decompõe: isso é fato. Sobrevivendo, a alma precisará ser alguma coisa. Não é mais fácil aceitar que ela continue a ser quem era, ou seja, um indivíduo, com sua inteligência, seus sentimentos, seus desejos, com sua história própria – como antes?

A ideia de que a vida continua, sem cessar, não é bem mais reconfortante e alentadora do que a que diz: “Morreu, acabou”?

“Se a alma é imortal” – disse o filósofo Sócrates – “não é sábio viver com vistas à eternidade?” (1). A filosofia espírita convida o homem a cuidar bem de si mesmo, da sua alma, cujo anseio íntimo é o progresso, a perfeição, a vida eterna.

Nesse sentido, Eça de Queiróz, através da psicografia de Chico Xavier, também convida à reflexão: “Procura as riquezas da alma, os tesouros psíquicos que te servirão na Imortalidade” (2).

Quanto ao corpo, este requer do homem apenas os cuidados precisos para as necessidades da vida corpórea.

(1) O Evangelho segundo o Espiritismo, “Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão”, LAKE Editora.

(2) Eça de Queiroz, póstumo, Fernando de Lacerda, FEB, 2ª edição, sem data.
 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita