Morreu,
acabou?
Se a vida humana se
resume a uma existência,
se o corpo é o elemento
principal da curta
viagem do berço ao
túmulo, se a alma na
Terra é uma coadjuvante
do cérebro, então faz
sentido viver para o
mundo, tão somente. Faz
sentido mergulhar de
cabeça na matéria e
tentar extrair dela
todos os prazeres que se
possa conseguir. Nem que
para isso seja preciso
afastar do nosso
caminho, à força, quem
nos tente impedir. Se o
futuro é incerto e
nebuloso, por que se
preocupar com ele?
Embora nem todos pensem
assim, a maioria das
pessoas age assim.
Mas, atenção! E se não
for bem isso? E se a
vida humana abranger
mais que um corpo de
carne com seus
atavismos? Se a alma for
mesmo imortal e entrar
no outro mundo com
as mesmas
características que
possuía na Terra? E se
ela for chamada depois
da morte, a continuar
vivendo em sociedade,
em cumprimento às leis
universais às quais não
se interessou em
conhecer durante a vida
física?
Então, é preciso pensar
um pouco. Após a morte,
o corpo se decompõe:
isso é fato.
Sobrevivendo, a alma
precisará ser alguma
coisa. Não é mais fácil
aceitar que ela continue
a ser quem era, ou seja,
um indivíduo, com sua
inteligência, seus
sentimentos, seus
desejos, com sua
história própria – como
antes?
A ideia de que a vida
continua, sem cessar,
não é bem mais
reconfortante e
alentadora do que a que
diz: “Morreu, acabou”?
“Se a alma é imortal” –
disse o filósofo
Sócrates – “não é sábio
viver com vistas à
eternidade?” (1). A
filosofia espírita
convida o homem a cuidar
bem de si mesmo, da sua
alma, cujo anseio íntimo
é o progresso, a
perfeição, a vida
eterna.
Nesse sentido, Eça de
Queiróz, através da
psicografia de Chico
Xavier, também convida à
reflexão: “Procura as
riquezas da alma, os
tesouros psíquicos que
te servirão na
Imortalidade” (2).
Quanto ao corpo, este
requer do homem apenas
os cuidados precisos
para as necessidades
da vida corpórea.
(1) O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
“Resumo da Doutrina de
Sócrates e Platão”, LAKE
Editora.
(2) Eça
de Queiroz, póstumo,
Fernando de Lacerda,
FEB, 2ª edição, sem
data.
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