Entrevista

por Orson Peter Carrara

Um novo adepto levado ao Espiritismo devido ao falecimento da filha

Ivo Machado da Costa (foto), nosso entrevistado de hoje, nasceu em Presidente Bernardes e reside em São Carlos, ambos municípios paulistas. Matemático e professor universitário vinculado ao departamento de Matemática da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), participa nas lides espíritas do Centro Espírita Nosso Lar e dos Obreiros do Bem, ambas instituições da cidade, nas quais contribui com as salas virtuais voltadas ao ESDE. Espírita há pouco tempo, entrevistamo-lo sobre essa experiência recente:


Como conheceu o Espiritismo?

Meu filho é espírita e em 2015 resolvi frequentar o Centro Espírita João Stella em São Carlos (SP), mas apenas assistia às palestras, tomava passes e voltava para casa. Após o fatídico 21 de junho de 2022 com o falecimento traumático de minha filha, decidi frequentar e estudar de forma profunda a doutrina em busca de um melhor apoio para essa tragédia. Ela tem-me ajudado muito. Nesta decisão contei com o apoio de amigos-irmãos e profundos conhecedores que me deram e dão suporte.

Anteriormente, como o tinha em seu conceito pessoal?

Idêntico ao conceito raso que eu tinha como católico. Ir ao centro assistir à palestra, tomar o passe e voltar para casa, assim como assistir à missa, comungar e retornar ao lar.

E o que lhe chama mais atenção?

Hoje o que me chama mais atenção é que, estudando de forma mais profunda e num ato de tentar recuperar um tempo "perdido", compreendo que o Espiritismo me dá respostas mais profundas, é uma fé bem racionalizada e como matemático vejo o trabalho deixado por Allan Kardec como um modelo "matemático" muito lógico, confortável pela lógica, pela forma racional como explica nossa origem, nossas responsabilidades e como proceder para seguir uma vida mais significativa e evolutiva. Em suma, agir de forma diferente uma vez que a compreendo melhor hoje o sentido de nossa existência.

Estando agora integrado às leituras e grupos de estudos, o que gostaria de dizer?

Ser espírita não é fácil. Exige dedicação, exige uma "reforma íntima", exige estudo e exige mudanças de atitudes e comportamentos, no mínimo. Óbvio que isso é pessoal e dentro dos limites de cada um, mas o importante é a conscientização de que as atitudes, a forma de pensar, sentir e agir precisam ser modificadas. A responsabilidade aumenta e muito.

Traçando um paralelo entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento espírita, o que lhe ocorre ponderar?

Primeiro fato: decidir se abraça a doutrina ou não. Segundo, optando por abraçá-la é extremamente necessário ser humilde, compreensível com uma doutrina que, obviamente, está constantemente em evolução, participar de forma ativa dentro de seus limites, elogiar sempre o que é bom e evitar criticar qualquer "eventual" falha que ocorra. Ficar atento sobre a falta de compreensão em decorrência de nossos limites humanos e colaborar para o crescimento da mesma. Isso é fundamental.

E como vê o movimento produzido pelos espíritas?

Fascinante em nosso país. Parece-me ser o Brasil o país mais espírita do mundo, mas hoje eu compreendo isso perfeitamente, pois é, para mim, a principal função de nosso governador chamado Ismael. Aprofundando um pouco mais compreende-se isto. Está tudo perfeito. 

E da literatura espírita disponível?

A literatura é vasta, os meios para atingi-la são variados, apenas tenho como sugestão que, embora me pareça não existir um corpo de referee para as publicações, os centros estejam atentos nas recomendações do que ler. Isto ajudaria muito. Particularmente quando vou ler alguma coisa procuro sempre o conselho amigo de quem tem "autoridade intelectual e moral" para me aconselhar. Às vezes acontece de haver leituras parcialmente não construtivas e às vezes num nível que o leitor precise de outras leituras anteriores para um melhor aproveitamento. Já me aconteceu de ler livros de grande complexidade, exemplo: Mecanismos da Mediunidade. Apenas citei um exemplo particular de minha experiência. Não me contenho em dizer que existem obras lindíssimas, profundas e por isso digo que cada pessoa deveria ser orientada, sempre respeitando o livre-arbítrio de se ler o que deseje.

Considera que o conhecimento espírita lhe trouxe respostas que atenderam seus anseios diante dos questionamentos interiores?

Sem dúvida e se hoje estou bem melhor foi através do contato mais profundo com a doutrina através da leitura, da participação, do privilégio de ser bem orientado por pessoas "espíritas raiz". Agradeço a Deus a inspiração em me intuir e permitir esse contato mais profundo com a doutrina.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Se alguém sentir afinidade ou sentir alguma necessidade e desejar entrar para a doutrina que entre de cabeça, que frequente, estude, vivencie e coloque em prática o que a doutrina nos ensina.

Suas palavras finais.

Que a doutrina cresça, frutifique e continue em sua missão de ajudar o homem a ser cada mais um ser melhor. Caminhamos para um mundo de Regeneração. O tempo para chegar lá pode ser grande, mas, inevitavelmente, chegaremos em cumprimento à Lei do Progresso.


 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita