Nada nesta vida
nos pertence
Um amigo, certo
dia, disse:
nascemos sem
trazer nada,
morremos sem
levar nada, mas
passamos a vida
toda achando que
as coisas são
nossas e
brigamos por
aquilo que não
trouxemos e
tampouco
levaremos.
Essa frase
resume o apego e
a grande
valorização aos
bens materiais
em detrimento
dos bens
espirituais,
aqueles que
realmente são
conquistas do
Espírito para a
bagagem da vida
eterna.
Muitos depositam
tudo na posse de
bens materiais,
apoderando-se
deles como se
fossem perenes,
deixando-se
levar pela
ambição, pelo
desejo
insaciável de
acumular bens de
fortuna, sem
edificar a
futura morada
pelos
verdadeiros
valores da vida
eterna. Quando
menos esperar,
em meio aos
ambiciosos
planos, serão
arrebatados para
prestar contas
da utilização
dos bens
concedidos pelo
Pai.
O vínculo que
prende o ser
humano
fortemente aos
bens terrenos
desvia-lhe os
pensamentos do
céu. O avarento
será algemado às
riquezas que
amontoou.
Os bens
materiais,
talentos e
recursos
disponibilizados
pela Providência
divina são
empréstimos que
serão devolvidos
no momento do
ajuste de contas
perante o
Criador.
O tempo
concedido para
utilização
desses bens é a
existência
terrena,
porquanto ao
retornarmos para
o plano
espiritual eles
serão devolvidos
à divindade.
Somos
depositários
fiéis desses
bens para serem
empregados em
benefício
próprio e de
nossos
semelhantes.
Como depositário
desses bens, o
ser humano não
tem o direito de
os esbanjar e
nem confiscar em
seu proveito.
Eles servem para
impulsionar o
progresso moral
e espiritual,
ajudando a
construir a
futura morada,
porque a
experiência
terrena não é
mais do que uma
etapa para fazer
as aquisições
dos tesouros
libertadores da
alma, que
levaremos em
nossa bagagem
evolutiva.
Os bens
materiais são
necessários no
contexto
vivencial do
plano físico.
Nas provas e
expiações, o que
pesará é o nível
de apego aos
bens materiais e
como os
utilizamos.
Elucida o
Espírito
Lacordaire: “O
amor aos bens
terrenos
constitui um dos
mais fortes
óbices ao vosso
adiantamento
moral e
espiritual. Pelo
apego à posse de
tais bens,
destruís as
vossas
faculdades de
amar, com as
aplicardes todas
às coisas
materiais.”
O apego sempre
reflete
imperfeição
moral, seja ele
direcionado aos
bens materiais
ou às pessoas.
Não se deve
confundir apego
com amor. O
apego é sempre
de natureza
restritiva,
egoística. O
amor, ao
contrário, sabe
dividir, concede
liberdade e
desapego.
O apego aos bens
materiais
torna-se uma
jaula que
aprisiona o
possuidor
distraído, que
passa a
pertencer àquilo
que supõe
possuir. Causa
aflição, pelo
medo de perder o
que acumula,
pela ânsia de
aumentar o
volume dos
recursos e pela
circunstância de
ter que
deixá-los ante a
iminência da
morte sempre
presente na
vida.
Restituímos à
vida o que ela
emprestou em
nome de Deus,
mas os tesouros
espirituais
ganhos, no campo
da educação e
das boas obras,
serão somados à
bagagem de
nossas
existências
evolutivas.
O desapego aos
bens terrenos
consiste em
apreciar a
riqueza no seu
justo valor, em
saber servir-se
dela em
benefício dos
outros e não
apenas em
benefício
próprio, em não
sacrificar por
ela os
interesses da
vida futura, em
perdê-la sem
murmurar, caso
apraza a Deus
retirá-la.
O ajuste
de contas é
momento da
aferição de
valores que,
cedo ou tarde,
nos alcança. A
nossa missão
justifica-se
pelas obras
realizadas. Não há
como fugir dessa
avaliação. Nesse
sentido, os
planejamentos
reencarnatórios
têm como base
essa aferição, a
análise dos
resultados dos
trabalhos
desenvolvidos
pelo Espírito em
cada etapa de
aprendizado.
Pobres e ricos
são Espíritos em
provação, sendo
que a indigência
é uma prova dura
e a riqueza é
uma prova
perigosa e muito
arriscada, mais
perigosa do que
a miséria, pelos
arrastamentos
que dá causa,
pelas tentações
que gera e pela
fascinação que
exerce.
A prova da
riqueza não é
fácil de ser
vencida, pois
ela pode
estimular a
exacerbação das
más tendências e
o predomínio das
paixões
inferiores.
O fato de a
riqueza tornar
difícil a prova
de quem a
recebe, não quer
dizer que será
impossível
superá-la, pois
pode servir como
meio de salvação
àquele que
souber dela dar
utilidade
edificante.
Pelas
consequências
que ela provoca,
a prova da
riqueza é um
meio concedido
por Deus para
avaliar a
sabedoria e a
bondade do ser
humano: uma
forma de
testar-lhe a
capacidade moral
mediante o seu
uso correto da
riqueza na
prática do bem e
da caridade.
Nesse sentido,
ela serve de
instrumento para
impulsionar o
progresso
espiritual, como
tantos outros
disponibilizados
por Deus.
Por isso foi que
Jesus disse: “Em
verdade vos digo
que mais fácil é
passar um camelo
por um fundo de
agulha do que
entrar um rico
no reino dos
céus.” (Mateus,
19: 24)
Possuir riquezas
terrenas não são
condições
essenciais para
a busca da
felicidade.
Devemos acumular
os tesouros
celestiais e
aproveitar as
oportunidades
que Deus nos
oferece para
fazer bom uso
dos bens
materiais
concedidos
temporariamente
como meios de
impulsionar a
nossa evolução
intelectual,
moral e
espiritual.
Jesus nos
adverte de que a
verdadeira
finalidade da
vida terrena é
obter a riqueza
espiritual: “buscai
primeiro o reino
de Deus, e a sua
justiça, e todas
estas coisas vos
serão
acrescentadas” (Mateus,
6: 33). Tão logo
chegarmos a
compreender que
a real
felicidade não
consiste na
posse
transitória das
coisas do mundo,
de bom grado
passaremos a
trabalhar
ativamente para
entrarmos na
posse dos bens
espirituais.
Por tudo isso,
derrama o
tesouro de amor
que o Pai
Celestial lhe
situou no
coração, através
das bênçãos de
fraternidade e
simpatia,
bondade e
esperança para
com os
semelhantes e
serás,
invariavelmente,
a criatura
realmente feliz,
sob as bênçãos
da Terra e dos
Céus.
Os bens
materiais ficam,
mas as
conquistas
realizadas pelo
Espírito
continuam.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan;
tradução de
Guillon
Ribeiro. O
Evangelho
Segundo o
Espiritismo.
Da 3ª Edição
francesa. 1ª
Edição.
Brasília/DF:
Federação
Espírita
Brasileira,
2019.
MOURA, Marta
Antunes de
Oliveira. Estudo
aprofundado da
doutrina
espírita:
Ensinos e
parábolas de
Jesus – Parte
II. Orientações
espíritas e
sugestões
didático-pedagógicas
direcionadas ao
estudo do
aspecto
religioso do
Espiritismo.
1ª Edição.
Brasília/DF:
Federação
Espírita
Brasileira,
2016.