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por Gebaldo José de Sousa

 

Bibliografia de Hermínio, com entrevistas


A obra do velho “escriba” foi riquíssima. Além dos vários livros, redigiu muitos artigos, publicados em vários periódicos.

Escreveu a sua mãe: “Carta à Mãe Católica”, de que ela não tomou conhecimento enquanto estava encarnada. Ela responde ao filho, pela psicografia. Ele divulga parte dela, no livro “Nossos Filhos São Espíritos”. 1

As páginas 173 a 176, indicadas na bibliografia merecem e devem ser lidas! À pág. 177, ele assinala: “(...) somos todos irmãos, ainda que nem sempre amigos, (...)”. E eu acrescento: por enquanto!

Quanto às entrevistas, restrinjo-me a indicar que o tema que ele gostaria de desenvolver num livro era sobre A Velhice e, noutra parte, que “(...) não me sinto atraído por debates ou polêmicas, (...)”.

Saliento que tudo que transcreve nos textos abaixo merecem ser lidos e meditados. Foi um sábio que os redigiu!

 

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Hermínio Corrêa de Miranda nasceu no dia 5 de janeiro de 1920, em Volta Redonda-RJ. Formou-se em ciências contábeis e trabalhou na Companhia Siderúrgica Nacional até se aposentar. Seu trabalho o levou a viver cinco anos em Nova Iorque, EUA, onde aprimorou seu inglês e tornou-se exímio tradutor dessa língua. Seu primeiro livro, Diálogo com as sombras, foi publicado em 1976. Depois vieram mais trinta títulos. A maioria se tornou best-seller e seus direitos autorais foram cedidos a instituições filantrópicas. Hermínio é um respeitado pesquisador, escritor, tradutor e homem de bem.


ALGUMAS OBRAS DE HERMÍNIO C. MIRANDA:
· Alquimia da mente;
· Arquivos Psíquicos do Egito;
· Autismo – Uma Leitura Espiritual;
· Candeias na Noite Escura;
· Cátaros e a Heresia Católica, Os;
· Com quem tu andas?
· Condomínio Espiritual;
· Cristianismo, a Mensagem Esquecida;
· Dama da Noite, A;
· Diálogo com as Sombras;
· Diversidade dos Carismas;
· As Faces da Vida?
· Estigma e os Enigmas, O;
· Evangelho Gnóstico de Tomé, O;
· Exilado, O;
· Guerrilheiros da Intolerância, Os;
· Hahnemann, O Apóstolo da Medicina Espiritual;
· Hatte - A História Triste Vol. II;
· Irmã do Vizir, A;
· Jesus - A História Triste Vol. III
· Mãos de Minha Irmã, As (Histórias que os Espíritos Contaram);
· Marcas do Cristo, As; Vol. I (Paulo, o Apóstolo dos Gentios); e II (Lutero, o Reformador);
· Memória Cósmica;
· Memória e o Tempo, A;
· Mil Faces da Realidade Espiritual, As;
· Mistério de Edwin Drood, O;
· Mistério de Paciente Worth, O;
· Nas Fronteiras do Além;
· Nossos Filhos São Espíritos;
· Noviça e o Faraó, A – A Extraordinária História de Omm Sety;
· Panda - A História Triste Vol. I;
· Pequeno Laboratório de Deus, O (Negritude e Genialidade);
· Ressurreição e Reencarnação.
· Obsessores: nossos irmãos.

LIVROS TRADUZIDOS POR ELE:
A Feira dos Casamentos – J. W. Rochester
Muito Além da Morte – Editora Freitas Bastos.
 

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Aos 88 anos e quase 40 livros, ele ainda não disse tudo


Entrevistar o respeitado pesquisador e escritor Hermínio Miranda e reproduzir o material em espaço reduzido é algo impossível. Ainda que o tema seja delimitado, ele se transborda. Fala sobre suas concepções, produção editorial, planos de continuidade e é por isso que a entrevista com Hermínio ganhará outras edições. Neste módulo, as do autor recaem sobre o exercício da escrita e de parte de suas obras. – Maria Menner


Correio Fraterno 2 – Sr. Hermínio, como o senhor vê hoje a qualidade do exercício mediúnico, já que algumas de suas obras são produto do intercâmbio entre os dois mundos. Tem havido engessamento ou progresso nesse âmbito?

HCM – Não considero engessado o exercício da mediunidade em si mesma, mas não há como deixar de reconhecer que se trata de aspecto fundamental na prática espírita, sobre o qual ainda muito temos de aprender, em vista da complexidade e sutilezas que oferece esse tipo de atividade. Por assim entender, desde o início é que meu livro de estreia – Diálogo com as sombras – foi elaborado com o propósito de sempre, o de colocar o exercício dessa nobre faculdade em debate, a fim de nos ser possível saber mais sobre ela e sobre como, onde e por que utilizá-la adequadamente como instrumento de trabalho, de aprendizado e de serviço.

Depois de amealhar um tanto mais de experiência, arrisquei-me a escrever sobre mediunidade e médiuns, o estudo intitulado Diversidade dos carismas. Como ambos alcançaram expressivas tiragens, acredito que tenham sido de alguma utilidade, para leitores e leitoras, como o foi, certamente para mim escrevê-los. Digo isso parodiando conhecido autor americano, ao confessar que escreve para saber o que ele próprio está pensando. Isso é um valioso achado metafórico no sentido de que o ato de escrever em si mesmo, tem consigo um componente anímico e, por vezes, frequentes, conotações mediúnicas, ainda que nem todos estejam preparados para aceitar essa hipótese. Não importa. As coisas são como são e não como gostaríamos que fossem.

Correio Fraterno – Suas obras como A irmã do Vizir, A dama da noite, entre outras, contribuem para a formação do espírita, também pelos conflitos emocionais trazidos pelos que sofreram as consequências da Lei de ação e reação no mundo espiritual. O mercado carece de mais obras nestes moldes?

HCM – Costumo dizer que muito mais aprendemos com as entidades desencarnadas do que ensinamos – se é que o fizemos. Centenas delas, talvez milhares, frequentaram nosso trabalho mediúnico durante mais de três décadas. A primeira de muitas dessas importantes lições foi a de que os espíritos são gente como a gente: sofrem, amam, odeiam, aprendem com os próprios erros, tropeçam nos seus rancores e suas paixões, tudo igualzinho. Aprendemos, também, que a dificuldade maior consiste em ter a coragem e a determinação de se levantar depois de quedas desastrosas. Muitas delas demonstraram explicitamente ou pela eloquência da própria atitude, não estar ainda preparados para enfrentar o dramático momento do despertar para a realidade espiritual. Demonstravam, com isso, que a cura espiritual de que todos necessitamos, começa com o reconhecimento do erro. Começa apenas. Porque muito trabalho terão ainda pela frente. E novas dores terapêuticas para curar as antigas que nos infelicitam. Muitos outros, contudo, demonstraram suficiente bravura e determinação para dar o primeiro passo, acordando para a necessidade de mudar de rumo. Desses muitos, outros nos responderam com espantosa generosidade à nossa singela oferenda de apoio no momento mais difícil da perplexidade em que mergulham. Vivemos juntos emoções inesquecíveis. Tivemos até um grupo de entidades que, de tão gratas passaram a orar por nós!

Correio Fraterno – O senhor conclui, no caso A filha de Ho-San, uma de suas narrativas, que o orgulho foi o que impediu a reconciliação, o apaziguamento entre os seres. Como vencer esse mal e ascender, fazendo jus aos ensinamentos que recebemos através da Doutrina Espírita?

HCM – Não me parece que haja para isso uma fórmula mágica. A luta será sempre uma espécie de guerra íntima, na qual o adversário somos nós mesmos. Temos de estar preparados para perder muitas batalhas na expectativa de ganhar a última, vencendo o inimigo oculto, mas não menos obstinado e implacável. Essa é a grande, longa e penosa tarefa da recuperação, e no seu desempenho necessitamos desesperadamente do conhecimento da realidade espiritual tão bem explicitada na doutrina dos espíritos. E de três outros componentes decisivos: a prece, a determinação e a fé em nós mesmos.

Correio Fraterno – Já em O exilado, o espírito conclui: “o problema com todos nós, seres em evolução, é a impaciência. Eu vi a grandeza do ser e quis conquistá-la de imediato”. Que paralelo faria o senhor entre essa frase e as angústias vividas por um espírita?

HCM – Realmente esse é um dos problemas, não propriamente o problema, ou seja, não o único. Temos um cacho deles. Não sem razão, Pedro se refere à multidão dos pecados que arrastamos conosco por séculos sobre séculos. Foi, ainda ele, que propôs a medicação adequada, ou seja, o antídoto infalível do amor.

Correio Fraterno – Em seu livro O que é fenômeno mediúnico, há a afirmação: “se há um povo que foi instruído, orientado e conduzido ostensivamente pelos guias espirituais, esse é o povo judeu”. Dos judeus aos espíritas de hoje, o senhor acredita que aproveitamos adequadamente a benevolência do Plano Superior?

HCM – Acho que ainda não atingimos nesse curso o grau de PhD, ou seja, o doutorado. Entendo mais que aqueles de nós, familiarizados com os ensinamentos dos espíritos, temos, sim, melhores condições, de chegar lá. Para isso, contudo, é indispensável botar em prática aquilo que aprendemos com a teoria do amor, se é que assim podemos dizer. Esse é, aliás, um dos fundamentos da mensagem do Cristo. Em vez disso, temo-nos empenhado no estéril e cansado debate entre fé e obras. Claro que a fé somente terá esse poder curativo se as colocarmos a serviço do próximo. Que tipo é esse de fé e para que serve se ignoramos o sofrimento alheio? Ou nossas próprias imperfeições? Ademais, são muitos os que tentam nos convencer de que a fé constitui dom de Deus, que o concederia a uns e negaria a outros. De fato, ela é dom divino escrito nas suas leis, mas não doação arbitrária. Em outras palavras: está e estará sempre ao alcance de nossas mãos, mas tem de ser buscada e merecida. Não podemos, ainda, esquecer o sábio e valioso ensinamento do apóstolo dos gentios, segundo o qual a fé é uma antecipação do conhecimento. Atenção. Ele não diz que o conhecimento a dispensa, tornando-a desnecessária, mas sim, que antecipa o conhecimento. Não há, portanto, incompatibilidade alguma entre fé e conhecimento ou razão, apenas uma sutil diferenciação entre um modelo de fé que apenas crê e outro que, além de crer, sabe.

Correio Fraterno – Numa de suas entrevistas, o senhor afirmou que sua tarefa nessa encarnação era escrever. Se tivesse que fazer um balanço, há alguma obra que daria um outro rumo ou nem a escreveria? De alguma delas faria um volume 2?

HCM – A tarefa que “me deram”, do lado de lá, foi realmente essa. Como, aliás, em algumas existências que se foram... A temática principal e dominante de tais encargos seria, como de fato tem acontecido, a reencarnação. Quanto ao livro 2, sim, gostaria, como me sugeriu um leitor, de escrevê-lo em continuação a Alquimia da mente. Ou, ainda, uma sequência ao Cristianismo – a mensagem esquecida, dois dos meus temas prediletos, além de outros. (Isto aqui é para não suscitar ciúmes nos demais livros...) Quanto ao rumo, não creio que tivesse muita coisa a alterar. Talvez um retoque, aqui e ali. Como se diz no Brasil, não se mexe em time que está ganhando e eu espero que isso esteja acontecendo com alguns dos meus escritos.

Correio Fraterno – E sobre qual tema ainda não escreveu, mas acha que poderia dar sua contribuição para os dias atuais?

HCM – Um deles seria, por certo, sobre a velhice. Outro seria o que cuidasse de um resgate da verdadeira história do cristianismo primitivo, a ser montada pacientemente com fragmentos de memória de gente que estava lá. Projeto esse, que reconheço ambicioso, mas, em princípio, viável. Há muitos anos, conversando com um fraternal amigo em transe regressivo, falamos sobre isso. Ele se declarou de pleno acordo e que poderíamos, nós dois mesmos, dar início ao projeto e que ela havia sido um romano e eu cristão. Como você vê, a tarefa já está combinada. Falta somente amadurecer o tempo em que será posta em termos de realização. Quem sabe se da próxima vez? Uma entidade com a qual conversamos, em uma de nossas longas tertúlias mediúnicas, me disse, certa vez: “Eu sei de tudo. O que você quer saber?” Quase que lhe respondo: “Quero tudo!”

Fala-se e se escreve muito no meio espírita sobre os três aspectos da Doutrina dos Espíritos. Qual a sua posição nessa questão?

Hermínio C. de Miranda – Não me sinto atraído por debates ou polêmicas, como o que às vezes se armam em torno de questões como essa. Está claro, para mim, que o Espiritismo tem sua vertente filosófica, a científica e a religiosa. Ao falar sobre isso, tenho em mente Religião com maiúscula; com todo o respeito devido, não me refiro às várias denominações cristãs contemporâneas. Mesmo porque o Cristo não fundou religião alguma – ele se limitou a pregar e exemplificar uma doutrina de comportamento, ou seja, como deve o ser humano portar-se perante o mundo, a vida, seus semelhantes e, em última análise, diante de si mesmo e da divindade. Ao que sabemos, jamais o Cristo cogitou de saber se sua doutrina devia ou não ser caracterizada como religião. E, no entanto, é religião, no seu mais puro e amplo sentido, de vez que cuida de nossa relação com as leis divinas. Minha opção prioritária, por assim entender, é pelo aspecto religioso do Espiritismo, sem, contudo, ignorar ou minimizar os demais. Nada tenho e nem poderia ter, contra os que pensam de modo diferente. Não vejo como nem por que disputar coisas como essa. Tenho eu de desprezar, combater, hostilizar, odiar e até eliminar aquele que não pensa exatamente como eu? Se você prefere cuidar do vetor científico ou do filosófico, tudo bem. Solicitado, certa ocasião, a um pronunciamento dessa natureza, entreguei pessoalmente ao eminente e saudoso companheiro Dr. Freitas Nobre, um pequeno texto sob o título “Problema inexistente”, que ele mandou publicar em “Folha Espírita”. Por que e para que todo esse debate? Começa que a posição a ser assumida ante o problema depende da conceituação preliminar do que se entende por religião. De que tipo de religião estaríamos falando? (Hermínio Miranda)

 

Referências bibliográficas:

1. MIRANDA, C. Hermínio. Nossos Filhos São Espíritos. 1. ed. Niterói: Editora Arte & Cultura Ltda., 1989, Cap. 23, p. 173 a 176.

2. Jornal Espírita Correio Fraterno.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita