A fé e a
resignação na caminhada
do Espírito
Quando Jesus disse: Há
muitas moradas na casa
de meu Pai, não há
outra interpretação que
não seja a de que o Pai
a que Jesus se refere é
Deus e as moradas são os
diversos mundos do
Universo.
Independente da
diversidade dos mundos,
as moradas podem se
referir aos estados dos
Espíritos na
erraticidade, ou a
situação temporária do
Espírito enquanto
permanece no mundo
espiritual.
As diversas categorias
dos mundos estão de
acordo com o grau de
adiantamento ou de
inferioridade de seus
habitantes.
Seria difícil fazermos
uma classificação dos
mundos do Universo, mas
Allan Kardec fez uma
classificação geral, que
está de acordo com o
nosso entendimento.
Embora não se possa
fazer uma classificação
absoluta, pode-se
dividi-los, como o fez
Kardec, como se segue:
Mundos primitivos,
destinados às primeiras
encarnações da alma
humana; mundo de
expiação e provas, onde
domina o mal; mundos de
regeneração, nos quais
as almas que ainda têm o
que expiar adquirem
novas forças, repousando
das fadigas da luta;
mundos ditosos, onde o
bem sobrepuja o mal;
mundos celestes ou
divinos, habitações de
Espíritos depurados,
onde exclusivamente
reina o bem.
A Terra pertence,
atualmente, à categoria
dos mundos de expiação e
provas, razão pela qual
o homem vive envolvido
com tantas misérias.
As vicissitudes na Terra
são de duas espécies: 1)
- as que têm origem na
vida presente,
decorrentes do caráter e
do proceder dos que as
suportam. São muitos os
que caem por sua própria
culpa e muitos são
vítimas de sua
imprevidência, de seu
orgulho e de sua
ambição; 2) - as que têm
origem em vidas
passadas, pois são
completamente estranhos
a tudo o que se refere à
vida atual e parecem
atingir o homem como por
fatalidade.
O homem pode suavizar ou
aumentar o peso de suas
provas, conforme a
maneira como encare a
vida terrena. Para o que
encara o assunto apenas
pelo prisma da vida
corpórea, esta lhe
parece interminável e a
dor lhe oprime com todo
o seu peso. O que o
encara pelo prisma da
vida espiritual tem a
certeza de que este
momento penoso é
passageiro e que um
futuro mais ditoso o
anima. Longe de se
queixar, agradece a Deus
as dores que o fazem
avançar.
Deus não quer que
ninguém sofra, mas o
sofrimento faz parte da
vida. Aquele que muito
sofre deve regozijar-se
à ideia de sua próxima
cura. Dele depende, pela
resignação, tornar
proveitoso o seu
sofrimento e não
estragar tudo com suas
impaciências.
Somente as provas bem
suportadas podem
conduzir ao reino de
Deus. Para isso, é
preciso que se tenha uma
fé viva. O fardo é
proporcional às forças,
como a recompensa o será
à resignação e à
coragem.
Como diz a comunicação
de Lacordaire, no item
18 do capítulo V de O
Evangelho Segundo o
Espiritismo: "Bem-aventurados
os aflitos pode
então traduzir-se assim:
Bem-aventurados os que
têm ocasião de provar
sua fé, sua firmeza, sua
perseverança e sua
submissão à vontade de
Deus, porque terão
centuplicada a alegria
que lhes falta na Terra,
porque depois do labor
virá o repouso."
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