Que crianças são estas?
II – Grandes oportunidades
Publiquei, faz algum tempo, um artigo com este mesmo
título “Que crianças são estas?”, cuja parte I incidia
sobre o surgimento na sociedade terrena de grupos de
crianças que se destacam por serem portadoras de um
conjunto de valores, tendências e conhecimentos de algum
modo diversos daquilo a que estávamos acostumados a
observar nas gerações anteriores. Tentei também fazer um
paralelo entre o momento que estamos a viver atualmente,
que podemos considerar, segundo informações do Plano
Espiritual, de preparação para a transição da Terra de
Mundo de Provas e Expiações para Mundo de Regeneração, e
o surgimento destas crianças.
Deixei, no referido artigo, uma interrogação, para
reflexão futura numa II parte da abordagem desta
questão, que julgo necessitar de um maior
aprofundamento.
Sem dúvida que, num momento de tal gravidade para o
nosso futuro como comunidade planetária, serão muitos os
Espíritos que estarão a reencarnar com as mais variadas
tarefas, nessa imensa seara de Jesus, com vista a
impulsionar o progresso intelectual, moral, nas artes,
nas ciências, na tecnologia e nos mais diversos setores
da atividade humana. Muitas dessas crianças, estamos
convictos disso, serão Espíritos de escol que estão
entrando no nosso seio familiar, nas nossas escolas e
sociedades, em cumprimento de missões sublimes, de
acordo com planos traçados na Espiritualidade, sob
supervisão do Mestre Jesus, nosso Irmão Maior e Sublime
Governador Planetário. Não será muito difícil imaginar
que serão, certamente, Entidade Evoluídas que nos têm
acompanhado e inspirado desde Planos mais altos e que,
agora, se aprestam a descer ao nosso meio para trabalhar
connosco mais de perto, dando o seu contributo para que
a Terra ascenda à nova posição no concerto dos Mundos,
de acordo com os desígnios do Criador.
Segue daí que apenas Seres Superiores estarão
reencarnando atualmente? Ainda não. O estágio atual do
nosso Mundo ainda não comporta exclusivamente a presença
do Bem. Na evolução espiritual, seja ela individual ou
planetária, não há saltos. Toda a evolução é feita
paulatinamente, à medida do nosso esforço, do nosso
empenho e merecimento. O Bem, para se instalar em
definitivo, ainda irá exigir muito trabalho, muita
renúncia, muito esforço em vencer tendências de que
estamos imbuídos milenarmente. Não podemos esquecer que
o Bem não é a ausência do Mal. O Bem é um estado de alma
específico em que o Espírito está totalmente embrenhado
e em que envolve tudo e todos na energia benéfica que
espalha em seu redor. Estado de alma esse que inclui não
só as suas ações, mas também os desejos, os sentimentos,
os pensamentos e anseios. Mas, se sabemos que estamos
ainda longe desse Bem que apenas “visualizamos” por um
esforço de imaginação, sabemos, porque o Espiritismo nos
traz esse conhecimento, que somos seres eternos em
crescimento, estamos a caminho, e impreterivelmente,
quer queiramos quer não, haveremos de chegar a um estado
de perfeição, porque assim o destinou o Criador, Deus de
Suprema Sabedoria e Infinita Bondade, que não deixa
nenhum dos seres da Sua Criação para trás.
O que sabemos, por enquanto, é que os tempos anunciados
por Jesus estão chegados. Tempos de mudança, tempos de,
tal como Ele nos preveniu, “separar o trigo do joio”,
porque, isso é um facto bem explanado em diversas
comunicações espirituais, nem todos os Espíritos
atualmente afetos à Terra estão preparados para
continuar a habitá-la, quando a época de transição
terminar e, enfim, o Planeta passar a Mundo de
Regeneração. Separado o trigo do joio, e afastado o joio
para os lugares com que melhor se afinize, o Bem poderá
espalhar-se mais rapidamente, porque os habitantes desse
Novo Mundo terão em comum a aspiração de o semear e
fazer crescer.
Basta olharmos com alguma atenção em redor e darmo-nos
ao trabalho de refletir sobre os acontecimentos atuais,
apercebemo-nos de que esses acontecimentos estão a ser
pautados por dois tipos de sentimento bem marcantes: por
um lado, a dor, o sofrimento, o mal que parece estar a
querer persistir, como se quisesse agarrar-se a todo o
custo, ao “sentir” que é o seu último combate; e, por
outro lado, a solidariedade perante os que sofrem, os
sentimentos de partilha, de cooperação, de ajuda mútua,
que crescem como nunca. E as crianças de que falamos
nesta nossa reflexão, as que nos trazem a mudança, ou
que vêm com o intuito de nos ajudar neste combate que
irá acelerar a mudança, vêm imbuídas destes sentimentos
que são notórios porque marcam desde cedo a sua
personalidade. Para além de outros aspetos dessa
personalidade, nota-se uma não compactuação com velhas
atitudes, que parecem nem entender, e o desacordo com
tradições, formalidades e regras fúteis que não aceitam,
que se concretizam numa renitência em obedecer sem
primeiro entender as razões, numa teimosia em levar as
suas ideias e intenções adiante e, até, em muitos casos,
numa rebeldia mais ou menos acentuada.
Estas caraterísticas da personalidade das nossas
crianças são mais ou menos comuns às que são Espíritos
evoluídos que reencarnam para trabalhar pelo progresso
da Terra e às que, pelo contrário, pela Bondade Infinita
de Deus, reencarnam numa tentativa de que aproveitem da
melhor forma as últimas oportunidades de evolução neste
Mundo em transição. Não podemos esquecer que nem todos
os espíritos afetos à Terra estão reencarnados no Plano
Físico. Muitos, a grande maioria, transita pelos
espaços, ainda materiais, mas como desencarnados.
Dizíamos, há pouco, que a evolução não dá saltos. Se,
por vezes, assim nos parece, é, precisamente, porque se
dá em dois Planos diferentes: O Físico e o Espiritual.
Um é o seguimento do outro, num eterno ciclo em que a
Vida não cessa nem se interrrompe. Não poderia o Grande
Mestre, Governador Planetário, planear eventos que façam
ascender o Planeta que, em nome do Pai, governa, sem
prover a oportunidades que a todos impulsionem à
libertação e ao crescimento, de modo a que se tornem
merecedores de habitar um lugar que será de maior
ventura. Cabe a cada um fazer-se merecedor das
oportunidades que lhe estão a ser facultadas.
Possivelmente, muitos dos atuais habitantes terrenos não
reencarnarão de novo aqui, pelo menos nos próximos
tempos, por não terem sabido aproveitar essas
oportunidades.
Para terminar, podemos concluir que dois géneros de
crianças estão reencarnando entre nós, através deste
renovar de gerações. As que vêm com tarefas de renovação
do Planeta e as que vêm com tarefas de se autorrenovarem,
para que possam beneficiar de aqui continuar a sua
caminhada evolutiva. De qualquer modo, numa e noutra
circunstância, a grande tarefa é a de crescer sempre,
renovar-se sempre, pelo trabalho em prol de si mesmo e
da comunidade, e pelo refazimento de valores,
sentimentos e atitudes, pondo em prática os ensinamentos
de Jesus, que são roteiro certo para a construção de um
Mundo Melhor.