Mundos felizes: o que sabemos sobre eles
Ao demonstrar pleno conhecimento da sabedoria celestial,
Jesus Cristo afirmou que havia “muitas moradas na casa
do Pai” – muito provavelmente esta foi a primeira
revelação à humanidade sobre a pluralidade dos mundos
habitados. Hodiernamente, nossos sofisticados
telescópios e veículos espaciais esquadrinham o espaço,
gerando imagens simplesmente encantadoras de planetas e
galáxias, ou seja, extraordinárias criações divinas.
Concomitantemente, pesquisadores ufológicos continuam
coligindo uma profusão de relatos de contatos diretos
entre humanos e alienígenas, bem como vídeos
espetaculares de Óvnis. A conclusão insofismável é que
não estamos sozinhos no universo, pois a vida estua por
toda parte guiada pelo incomensurável amor do arquiteto
divino.
Nesse sentido, cumpre esclarecer que há mundos bem mais
avançados do que o nosso, assim como atrasados, conforme
nos informam os Espíritos mensageiros de Deus. Posto
isto, a Terra é mais um mundo no contexto cósmico, que
abriga, por força das circunstâncias, uma grande
quantidade de almas ora submetidas aos purificadores
processos de expiação e provas. Ou seja, há degraus
evolutivos que abrangem os mundos tal qual as criaturas
que neles vivem, variando, assim, desde planetas
primitivos onde a vida inteligente começa, por assim
dizer, a brotar, até moradas celestiais dotadas de
elementos etéreos sutis, quase imateriais, que abrigam
seres purificados onde a felicidade reina absoluta.
Assim sendo, a Terra ainda se encontra nos estágios
iniciais da evolução dos mundos, infelizmente. Por conta
do nosso acentuado atraso espiritual, nosso planeta
continua sendo sacudido por poderosas forças telúricas,
que vêm gerando intensa destruição e perda de vidas na
atualidade. Terremotos, maremotos, furacões, ciclones,
tornados, enchentes, incêndios, entre outros fenômenos
meteorológicos, têm vergastado, com frequência
assustadora, as nações do mundo inteiro.
Por essa razão, ninguém está isento de sofrer os seus
efeitos devastadores que, com maior ou menor grau, têm
golpeado a todos nós. No geral, a experiência de viver
na Terra tornou-se consideravelmente mais arriscada.
Chegamos a um ponto no qual, de um momento para outro,
podemos – sem exagero – ser atingidos por uma chuva
torrencial – diluviana, poderiam alguns considerar – com
potencial de ceifar as nossas existências de várias e
inesperadas maneiras. Em suma, o clima no planeta está
caótico e a natureza dá sólidas mostras de reação.
O Espírito Joanna de Ângelis, na obra Transição
Planetária (psicografada por Divaldo Pereira Franco)
refere-se a esse período em que nos encontramos nos
seguintes termos:
“As dores atingem patamares quase insuportáveis e a
loucura que toma conta dos arraiais terrestres tem
caráter pandêmico, ao lado dos transtornos depressivos,
da drogadição, do sexo desvairado, das fugas
psicológicas espetaculares, dos crimes estarrecedores,
do desrespeito às leis e à ética, da desconsideração
pelos direitos humanos, animais e da Natureza… Chega-se
ao máximo desequilíbrio, facultando a Interferência
Divina, a fim de que se opere a grande transformação de
que todos temos necessidade urgente.”
Enquanto as desgraças coletivas se sucedem, os chefes
das nações têm fracassado fragorosamente no cumprimento
dos seus papéis. Surpreendentemente, o que se observa,
com extrema clareza, é a prevalência de um cenário
geopolítico contaminado por crescentes incertezas que
fragilizam ainda mais as relações entre as nações. Com
efeito, não se trabalha com o devido afinco para a
construção de coesão e integração que permitiria
assegurar a eliminação das tensões entre as chamadas
grandes potências. Aliás, um exemplo marcante nesse
particular é a sinistra aproximação entre a China,
Rússia, Coreia do Norte – países governados com mão de
ferro pelos seus líderes -, envolvendo estreita
cooperação militar, que certamente em nada contribui
para arrefecer as desconfianças.
Igualmente preocupante é a volta da corrida
armamentista. A propósito, a imprensa mundial anunciou
recentemente o desenvolvimento do míssil balístico
intercontinental russo Satã 2, que foi concebido para
transportar ogivas nucleares com capacidade de cruzar
continentes inteiros, e atingir um alvo em praticamente
qualquer lugar do planeta, sem que se possa detê-lo.
Trata-se de uma arma tão sofisticada que chega a
realizar manobras verticais e horizontais, além de
superar a velocidade do som. Posto isto, a criação de
armas como essa dão uma ideia da precariedade da paz em
nosso planeta, pois qualquer movimento mais abrupto por
parte dos principais atores mundiais poderá desencadear
uma guerra em escala planetária e certamente com
trágicas consequências para toda a humanidade.
Entretanto, dirijo-me no presente artigo aos que já algo
perceberam do poder divino, e que aceitam a tese da
pluralidade dos mundos habitados. Minha intenção é
discorrer sobre o que já sabemos sobre os planetas nos
quais o estado de felicidade permanente já foi
alcançado. Como estamos longe de viver num autêntico Shangri-la,
isto é, uma morada de paz, alegrias, bem-estar e
felicidades permanentes, podemos ao menos abrir nossas
mentes para algo mais elevado, o que faz sentido, já que
na criação divina tudo evoluí. Ademais, é extremamente
reconfortante saber que nem tudo se resume aos acanhados
limites do nosso (belo) orbe – implacavelmente judiado
pela incúria dos seus inconsequentes inquilinos (nós
humanos).
Como muito bem ponderou o Espírito Emmanuel, no livro
que leva o seu nome no título, psicografado por
Francisco Cândido Xavier, “O
conhecimento das condições perfeitas da vida em outros
mundos, não deve trazer abatimento aos extremistas do
ideal. Semelhante verdade deve encher o coração humano
de sagrados estímulos”. Com efeito, é muito alentador
poder divisar essa possibilidade, especialmente quando
encaramos a existência como um processo motivacional no
qual podemos desenvolver virtudes rumo ao alcance de tal
beatitude.
Por sua vez, Allan Kardec examinou o assunto com extrema
seriedade extraindo algumas conclusões que merecem ser
destacas. Por exemplo, n’O Livro dos Espíritos (questão
nº 55) somos informados pelas entidades espirituais que
os mundos são habitados, desfazendo qualquer presunção
humana de sermos os mais dotados em inteligência,
bondade e perfeição. Kardec acrescentou que:
“Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos
esses seres para o objetivo final da Providência.
Acreditar que só os haja no Planeta que habitamos fora
duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma
inútil. Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma
destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista.
Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na
constituição física da Terra, que possa induzir à
suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada,
com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos
semelhantes.”
Mais ainda: suas investigações permitiram-no concluir
que não se abriga mais nesses mundos o sentimento de
egoísmo, tão comum na Terra ainda e gerador de enormes
disparidades e distorções econômicas e sociais. Em tais
moradas, ao contrário, reina o sentimento de
fraternidade, as guerras foram banidas, ódios e
discórdias inexistem, já que não se admite a ideia de
prejudicar a outrem. Ou seja, os seres viventes nesses
mundos fazem aos outros, de maneira natural, o que
desejam para si próprios. Ao que tudo indica, vivem
mergulhados sob as diretrizes do mais puro código de
ética e moral instituído pelo Criador. E usam a sua
inteligência para erigir coisas positivas e benéficas às
humanidades que neles habitam.
De modo geral, esclarece Kardec, em O Evangelho
Segundo o Espiritismo, as condições morais e
materiais dos mundos superiores são muito diferentes das
nossas. Os seus habitantes apresentam forma semelhante à
nossa – aliás, pesquisas ufológicas reforçam tal
conclusão. Entretanto, seus corpos têm outra composição,
e, por isso, não estão sujeitos às necessidades, doenças
e deteriorações típicas do nosso planeta. Além disso,
argumenta o Codificador que:
“Mais apurados, os sentidos são aptos a percepções a que
neste mundo a grosseria da matéria obsta. A leveza
específica do corpo permite locomoção rápida e fácil: em
vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem
dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem
qualquer outro esforço além do da vontade, conforme se
representam os anjos, ou como os antigos imaginavam os
manes nos Campos Elíseos. Os homens conservam, a seu
grado, os traços de suas passadas migrações e se mostram
a seus amigos tais quais estes os conheceram, porém,
irradiando uma luz divina, transfigurados pelas
impressões interiores, então sempre elevadas. Em lugar
de semblantes descorados, abatidos pelos sofrimentos e
paixões, a inteligência e a vida cintilam com o fulgor
que os pintores hão figurado no nimbo ou auréola dos
santos.”
Além disso, a vida nesses orbes é geralmente mais longa
do que na Terra porque seus habitantes não desfrutam de
existências angustiantes, sem falar do elevado grau de
adiantamento obtido. Desse modo,
“[...] A morte de modo algum acarreta os horrores da
decomposição; longe de causar pavor, é considerada uma
transformação feliz, por isso que lá não existe a dúvida
sobre o porvir. Durante a vida, a alma, já não tendo a
constringi-la a matéria compacta, expande-se e goza de
uma lucidez que a coloca em estado quase permanente de
emancipação e lhe consente a livre transmissão do
pensamento”.
Portanto, é de se supor pleno conhecimento da vida
espiritual por parte desses seres – algo que se
engatinha ainda na Terra. Ao que tudo indica, suas
mentes já alcançam o correto entendimento da passagem à
dimensão espiritual como um fato normal e em perfeita
consonância com as leis cósmicas.
Em tais moradas divinas, as relações entre os povos são
marcadas pela harmonia. A diferença entre os seres se dá
em virtude da superioridade moral e intelectual, que
confere a supremacia por ordem natural. Nelas prevalecem
o respeito à autoridade e à justiça. Conforme Kardec,
nos mundos felizes, a busca do autoaperfeiçoamento é um
imperativo com vistas à conquista da categoria dos
Espíritos puros. De modo geral,
“[...] Lá, todos os sentimentos delicados e elevados da
natureza humana se acham engrandecidos e purificados;
desconhecem-se os ódios, os mesquinhos ciúmes, as baixas
cobiças da inveja; um laço de amor e fraternidade prende
uns aos outros todos os homens, ajudando os mais fortes
aos mais fracos. Possuem bens, em maior ou menor
quantidade, conforme os tenham adquirido, mais ou menos
por meio da inteligência; ninguém, todavia, sofre, por
lhe faltar o necessário, uma vez que ninguém se acha em
expiação. Numa palavra: o mal, nesses mundos, não
existe.”
Nos orbes felizes, imperam a luz, a beleza, a serenidade
que conferem uma alegria constante aos indivíduos. Em
decorrência disso, pode-se imaginar que as aflições e
estresse tenham sido completamente banidas. Além disso,
as pessoas não são perturbadas pelas experiências
angustiantes da vida material ou pela convivência com os
seres maus, que abundam em mundos atrasados como o
nosso, mas lá inexistem.
Kardec, por fim, destaca que
“12. Entretanto, os mundos felizes não são orbes
privilegiados, visto que Deus não é parcial para
qualquer de seus filhos; a todos dá os mesmos direitos e
as mesmas facilidades para chegarem a tais mundos.
Fá-los partir todos do mesmo ponto e a nenhum dota
melhor do que aos outros; a todos são acessíveis as mais
altas categorias: apenas lhes cumpre conquistá-las pelo
seu trabalho, alcançá-las mais depressa, ou permanecer
inativos por séculos de séculos no lodaçal da
Humanidade.”
Não obstante a Terra encontrar-se numa categoria muito
inferior à dos mundos felizes, eleva-se lentamente –
seguindo as determinações do Criador - à condição de
mundo regenerado. Trata-se de uma categoria
intermediária, na qual a felicidade ainda não é
plenamente alcançada, mas as agruras dos povos são
consideravelmente arrefecidas. Com o acrisolamento das
consciências e a consequente mudança no padrão
comportamental, progressos em todas as áreas são
factíveis tornando a vida mais suave e harmoniosa.
É importante frisar que nas moradas regeneradas,
“...o homem ainda se acha sujeito às leis que
regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas
sensações e desejos, mas liberta das paixões
desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que
impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do
ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a
palavra amor; perfeita equidade preside às relações
sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para
Ele, cumprindo-lhe as leis.”
Portanto, é nosso destino morar um dia num mundo feliz,
mas, para merecer isso, precisamos trabalhar fortemente
eliminando as nossas imperfeições e, sobretudo, amando a
Deus e aos que nos cercam, como Jesus nos ensinou.
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