O amor ampara
“Mas quem pratica a verdade, vem para a luz, para que se
manifeste que suas obras são feitas em Deus.” –
Jesus. (João, 3:21.)
No livro Fonte Viva, psicografado por Chico
Xavier, autoria de Emmanuel, há belíssimas lições. Uma
delas, “Sois a Luz”, quando, iniciando-se com as
palavras de Jesus, vós sois a luz do mundo, Emmanuel
comenta que quando disse isso a seus discípulos, Jesus
lhes assinalou tremenda responsabilidade na Terra.
Diz ele que a missão da luz é clarear caminhos, varrer
sombras e salvar vidas, missão essa que se desenvolve,
invariavelmente, à custa do combustível que lhe serve de
base. Afirma ele que a claridade, seja do sol ou do
candelabro, é sempre mensagem de segurança e
discernimento, reconforto e alegria, tranquilizando
aqueles em torno dos quais resplandece.
Comenta ele que, se nos compenetramos da lição do
Cristo, é indispensável nossa disposição de doar nossas
forças na atividade incessante do bem, para que a Boa
Nova brilhe na senda de redenção para todos. E ainda
propõe que não nos detenhamos em conflitos e
perquirições sem proveito, concluindo dizendo que a luz
não argumenta, mas sim esclarece e socorre, ajuda e
ilumina.
Jesus nos convidou há muito. Seu evangelho brilha há
mais de dois mil anos.
O que nos impede de segui-lo? A ignorância, diríamos,
pois a maioria ainda não o conhece integralmente. O
orgulho, completaríamos, pois não é fácil alijar de si
esse mal que é um empecilho para o progresso da
humanidade.
O orgulho e o egoísmo, dizem-nos os espíritos evoluídos,
são a grande chaga da humanidade. Retirar de nós essas
imperfeições e se tornar uma luz deveria ser a meta de
quem já conhece os ensinamentos de Jesus. E a nossa
grande luta.
Uma parte, no entanto, ainda jaz mergulhada na ambição,
nos desejos materiais, no desejo de poder. Mandar! Que
coisa! Esquecem que a verdadeira liderança é a que se
estabelece portas adentro do coração. Nesse sentido,
Jesus foi o maior líder da humanidade.
O verdadeiro líder jamais abandona. Socorre e ampara
sempre. É amado e, portanto, obedecido pelos que o amam.
Com referência a isso, lembramos aqui uma narrativa de
um espírito, líder das trevas, feita há pouco tempo em
uma de nossas reuniões mediúnicas.
Chegou ele dizendo que sempre nos atacara e que agora
ali estava em posição diferente. Disse-nos que sempre
julgara que Jesus era um fraco, que seu amor era
fraqueza e há milênios comandava hostes trevosas contra
ele, não acreditando em seu poder. Era uma das
lideranças entre as milhares de lideranças de trevas que
existem.
Estava cheio de ódio, vendo que a luz de Jesus entrava
em seus domínios, libertando antigos prisioneiros que
ali eram escravizados. Resolveu então atacar com seu
exército. Desafiou Jesus, que ele achava impotente para
dominar com o amor.
Partiu com seu exército e estava numa área de oceano,
levantando as ondas em imensa escuridão e acentuada
tempestade.
Onde estava esse Jesus, que não vinha com seu exército
para enfrentá-lo?
Subitamente, para espanto dele e de seus comandados, uma
pequena jangada no mar se fez visível. Ali havia apenas
um ser, um homem. Por onde a jangada passava, sobre as
ondas do mar turbulento, as águas se tornavam mansas e a
claridade eliminava a escuridão. Tudo se amansava.
Ele, o espírito líder das trevas, atônito se encontrava
diante disso. Quem era aquele homem que sozinho
afrontava seu exército e acalmava a tempestade e a
violência do mar?
Ficou observando a jangada que se aproximava. Quando ela
parou diante dele, o homem na embarcação levantou os
olhos e o fitou. Olhos nos olhos.
E contou-nos o espírito:
- Quando ele me olhou, caí de joelhos! Eu! Caí de
joelhos ante aquele olhar! Implacável perseguidor, não
suportei aquele olhar de amor puro. Caí de joelhos. Meus
comandados não entenderam. Acharam que me acovardei. Não
me incomodo. Senti o poder desse a quem vocês seguem.
Senti o amor dele. Será que ele me aceitará?
Naquele instante, ele começou a chorar, viu uma grande
luz que o iluminou por inteiro. Sentiu que era aceito.
Era amparado. Jesus o chamava. Saiu chorando da
reunião, emocionado.
Lembramos então quando o Mestre há 2.000 anos disse que
o bom pastor se alegra muito mais quando uma ovelha que
estava perdida retorna para o seu rebanho.
Perguntamos a nós outros, aqueles que hoje trilhamos o
cristianismo, que estamos nas fileiras do Espiritismo,
quando foi que caímos de joelhos diante do Mestre? Em
que época? Há quanto tempo?
Se me amais, guardai os meus mandamentos, disse–nos ele.
Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.
Grande é nossa responsabilidade, queridos irmãos.
Estamos desde há muito nas fileiras do Senhor, que nos
aceitou, como o bom pastor. Façamos jus a isso. Sejamos
cristãos e tenhamos a conduta que Jesus espera que seus
seguidores tenham.
Ele nos olhou também e também caímos de joelhos diante
dele. Estamos amparados pelo seu amor. Lembremo-nos
disso e continuemos nossa grande luta contra nós mesmos,
exemplificando sempre até a vitória completa do bem na
Terra.
Sejamos luz, dentro de nossas possibilidades.
Caminhemos com a verdade e a luz do Cristo nos
sustentará.
|