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por Luiz Guimarães Gomes de Sá

 

O Espírito e o tempo


Vivemos em função do tempo, que sempre nos serve de alegação para não nos debruçarmos no âmbito da verdadeira vida, que transcende ao que concebemos no passar das vinte e quatro horas do dia. Mesmo com tantos conhecimentos já adquiridos, não nos apercebemos de que o “tempo” de Deus não é o do homem! Somos uma ínfima fração daquilo que não podemos mensurar com exatidão...

Essa incapacidade dificulta o nosso despertamento para perscrutar em profundidade o que devemos realizar nesta reencarnação exígua, que se dilui na imensidão do tempo... Na fase evolutiva em que nos encontramos, a falta dessa percepção não nos permite alcançar algo tão precioso que repercutirá em toda a nossa trajetória espiritual.  

Questionar, meditar e refletir são atitudes a serem exercitadas no nosso contexto de vida. A mente precisa ser trabalhada para que possamos nos instruir e vivenciar através da verdade a nossa libertação, segundo João 8:32: ”Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".  Lembremo-nos, ainda, do Capítulo VI, O Cristo Consolador, Item 5 d’ O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”.

O processo evolutivo, que nos envolve em qualquer circunstância da vida, exige estudo e perseverança. Nossa condição espiritual será tão meritória quanto maior tenha sido o nosso esforço centrado no aprendizado. Não somos simples habitantes do Orbe terrestre! Todos nós trazemos o propósito de evoluir e nesse processo a instrução está inserida de forma incondicional. No livro Ação e Caminho, pg.3, psicografia de Francisco Cândido Xavier, por diversos Espíritos, encontramos: “O homem conduz o barco da vida com os remos do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar. Eis por que, segundo as Leis que nos regem, a cada um será dado pelas próprias obras”. (Emmanuel)

A vastidão do tempo que nos espera não deve permanecer como um “espaço vazio”. A cada dia, precisamos aproveitar da melhor forma o tempo da vida do corpo – templo do espírito –, que precisa ser trabalhado para que alcancemos gradual e constantemente o reluzir da nossa luz.

Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro Seguindo Juntos, pg. 11, nos diz: “Cada espírito estagia na situação de que necessita, detendo os recursos que a Sabedoria Infinita lhe empresta, servindo ao progresso, nesse ou naquele departamento do mundo, até que estabeleça para si mesmo aspirações mais nobres, capazes de alçá-lo à Vida Superior”.

Mantendo-nos inertes para o que nos oferece a visão transcendental da vida espiritual e vivendo com ênfase desmedida a vida material, seremos cobrados adiante pelas nossas consciências quanto ao tempo desperdiçado. Fatalmente o arrependimento se fará presente nas sombras que deixamos de dissipar...

A fuga da realidade de que somos espíritos imortais e que a vida não se resume a uma única encarnação decorre da incerteza que ainda nos obscurece o entendimento dessa verdade. Nada obstante as incontáveis citações e experiências comprovadas por cientistas e estudiosos da Doutrina dos Espíritos, muitos persistem com a visão turva para esse entendimento.

Estejamos conscientes de que, negligenciando o nosso dever na vida terrena, o retorno imperioso nos aguarda para completarmos o que deixamos de fazer. É nesse momento que sentiremos a frustração da ociosidade que vivemos... Contudo a misericórdia de Deus permite-nos a reparação de todos os equívocos praticados através das reencarnações, tantas quantas se fizerem necessárias, para o nosso completo despertamento.

Divaldo Pereira Franco, através do Espírito Joanna de Ângelis, no livro Em Busca da Verdade, pg. 74, nos diz: “O equívoco de agora enseja-lhe reparação posterior, o acerto de um momento abre-lhe espaço para novas conquistas impulsionando-o irremediavelmente para a harmonia consigo mesmo e com o Cosmo”.

Ressaltamos, ainda, o contido no livro Do Outro Lado do Espelho, pg.2, psicografia de Carlos Antônio Baccelli, pelo Espírito Inácio Ferreira: “É longo e íngreme o caminho a ser percorrido. A obra do aperfeiçoamento íntimo é resultado de esforço intransferível. Não existem favorecimentos indébitos na Lei de Evolução, que a ninguém isenta da necessidade de aprender à custa da experiência vivenciada”.

Diante dessa realidade, os benefícios do esforço empreendido advirão em razão da nossa perseverança, visto que não dependemos de outrem para atingirmos esse objetivo. Necessário se faz, pois, entender que o sacrifício de agora repercutirá adiante no sorriso feliz pelo êxito alcançado. (O desencarne é a porta do renascimento; a existência é o nosso estágio probatório.)

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita