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por Bruno Abreu

Crescimento espiritual


Nos dias que decorrem, ouvimos falar com facilidade em Espiritualidade.

Espalhou-se pelos quatro cantos do nosso redondo planeta a ideia de sermos melhores, como tal recorremos ao que de mais importante nos parece existir no ser, o crescimento espiritual. Este parece ser o tesouro do Reino de Deus.

Difundiu-se a meditação das mais diversas vertentes doutrinárias e religiosas, o yoga, utilizando o corpo físico como instrumento, as rezas e as orações das mais diversas religiões. O sentido é o mesmo, crescer espiritualmente ou descobrir a verdade, como o quiserem chamar.

Aonde queremos chegar com o crescimento espiritual?

Parece-me que é de comum desejo atingirmos a paz e a felicidade, o Reino de Deus, que, segundo o Mestre, está dentro de nós.

Se já sabemos para onde queremos ir, temos de mapear a viagem. Neste caso é mais difícil, porque não é um lugar físico, mas um “espaço” dentro de nós, que desconhecemos.

Se está em nós, por que o desconhecemos? Por que não chego lá? Por que me sinto tão perdido em sua direção?

Parecem-me perguntas lógicas e importantes. Nós temos vivido em busca deste “canto”.

Para caminharmos em direção ao Reino de Deus, temos de retornar para dentro, pois é lá que este está. Aqui apresenta-se outra dificuldade, pois existe um grande número de pessoas que desconhecem o que é o lado de dentro.

Vamos dividir em três, o lado de fora, o ser e o seu funcionamento consciente e o lado de dentro.

O lado de fora é tudo o que acontece fora de nós, o trabalho, a casa, a família etc.

O ser é onde acontece toda a interação do lado de dentro com o lado de fora. As emoções, os sentimentos, os pensamentos, toda a ação que acontece no ser.

O lado de dentro para nós é invisível, mas este é enorme, cabe lá o Reino de Deus.

Tudo o que aparece no ser nasce em algum lado, é como a nascente de água, embora seja o início visível, a água não aparece por magia, vem de longos lençóis internos que nos passam despercebidos.

Nós só vemos o movimento do ser ou movimento consciente, é quando aparecem os impulsos, os desejos, os pensamentos etc.

Este funcionamento consciente é impressionante, não descansa nem abranda um pouco. Ele está em constante movimento.

Imaginem que este funcionamento do ser são nuvens, existem camadas em cima de camadas, constantemente. Fazem uma parede enorme, por isso não conseguimos ter qualquer deslumbre para o outro lado, tudo o que existe para nós, são estes movimentos. Podemos falar na teoria que somos muito mais dos que este movimento, mas não passam de teorias, por isso somos escravizados pelos movimentos que formamos mentalmente. Nossa mente não para e nós tornamo-nos fantoches. O maior exemplo disto são os impulsos de raiva, o ódio, o pânico, o medo, as doenças psíquicas que estão todas neste nível, e facilmente percebemos ser comandados por estes sem força para os contrariar.

Como podemos ter um deslumbre do outro lado? Sentirmos paz e amor?

Quando as nuvens estão na Terra, forma-se o nevoeiro em que pouco vemos. Com a dispersão deste, vamos vendo um pouco mais, até que desaparece.

É igual para nós. As terríveis nuvens que nos têm escondido a “verdade” e mantido na ilusão, tem de dispersar. Temos de abdicar do que aparece em nós, os desejos viciantes físicos, como álcool em excesso, os desejos morais, como a maledicência, o orgulho, o egoísmo, abdicar do enorme desejo humano da razão, que nos leva a discutir, dos impulsos de raiva e agressividade. Temos que trocar estas coisas pelo silêncio e estou certo que concordam comigo, quando afirmo que são uma perda de tempo, sem qualquer utilidade para nós.

Nós continuamos sob este funcionamento, porque é como um enorme vicio, aparece em nós e nós seguimo-lo como um burro segue a cenoura, sem força para modificarmos esta forma de estar.

Se concorda comigo, já deu o primeiro passo, que foi o de descobrir esta forma de funcionamento viciante, o segundo é fazer frente.

As pessoas, para combaterem as más tendências que descobrem em si, entram em uma luta terrível, tentando ser pessoas melhores, que normalmente a perdem e desistem. Não lute consigo, seja seu próprio companheiro

As más tendências nascem em nós, correto? Estas são uma das maiores provas de que o nosso funcionamento é automatizado, pois não as queremos, mas não conseguimos deixar de as ter. Faz parte do treino terreno. 

Se conseguíssemos deixar de as ter? Seria fantástico.

Esta forma de funcionamento impulsiva e viciosa tem sucesso em nós, por estarmos a maioria do tempo inconscientes do funcionamento desta. Os pensamentos decorrem a uma velocidade de 50.000 por dia, segundo a psicologia, o que dá quase um por segundo.

Tente estar consciente dos pensamentos, o que aconteceu? Em pouco tempo o pensamento o levou e só deu conta já dentro deste, quando voltou a tentar estar atento aos pensamentos. Mas também aconteceu algo muito interessante, a atenção ou consciência fez com que a velocidade destes diminuísse.

O Mestre aconselhou-nos a vigiar, pois através do pensamento nascem todas as nossas más tendências, no nosso interior tudo é formado, a atenção é indispensável se não queremos ser “escravizados” ao ponto das doenças psíquicas ou os problemas.

A Vigia, ou atenção, ou desenvolvimento da consciência, é indispensável a dissipação das nuvens do ser para podermos começar a ter um deslumbre do outro lado.

Não esqueça, se da Vigia perceber uma má tendência, ore para que não se torne em ação.

       

Bruno Abreu reside na cidade de Lisboa, Portugal.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita