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por Jane Martins Vilela

 

Coração ferido                         


”Falavam ainda quando ele próprio se apresentou no meio deles e disse: A paz seja convosco. Tomados de espanto e temor, imaginavam ver um espírito.”
 (Lucas, 24:36 a 38.)


Bendito o Espiritismo que nos prova a imortalidade, através dos próprios espíritos que retornam para nos contar e nos dar certeza, certeza essa que Jesus deu a seus discípulos quando lhes surgiu após sua morte, retirando deles todo o temor que poderiam ter.

Bendito o Espiritismo que consola as dores das almas aflitas de saudade de seus queridos.

As mães sofrem demais pela morte de seus filhos queridos. Nesta assertiva, pensamos na coragem imensa de Maria, que acompanhou seu filho amado até o fim, um filho querido, espírito puro, só amor e bondade. Que coragem a dela! Com razão é chamada de Mãe Santíssima.

Um vazio no peito é o que todas nos dizem, quando seus filhos partem antes delas.

Em dois dias seguidos, ouvimos relatos de duas mães. Impressionante o relato de uma delas. Ficamos quase duas horas a ouvi-la.

Seu filho querido e bom morreu há 30 anos, assassinado por meliantes, que lhe roubaram o dinheiro e suas roupas. Ela nos contou todos os detalhes desse dia, tudo o que aconteceu, sem esquecer nada. O sofrimento que ela passou ao saber do acontecido foi intenso. Ainda hoje ela guarda na memória tudo, integralmente. Sofre até hoje. Adoeceu depois disso. Carrega a dor consigo. Já sonhou com seu filho, mas o vê criança, no sonho. Pensamos que, com esse tempo, talvez já esteja até reencarnado, em nova experiência, após terminar aquela provação.

Enfrenta tantas doenças essa mãezinha! Não teve a força moral de Maria. Poucas teriam, por isso ela é a mãe santíssima.

Ela nos contou, ainda, sobre o irmão dele, que morava em Mato Grosso e veio para o Paraná por haver sonhado que o irmão tinha sido assassinado. Vendeu tudo o que tinha no Mato Grosso e veio. Pouco tempo após esse sonho, o fato sucedeu. Foi uma premonição e esse irmão se desesperou porque o sonho aconteceu.

Em O Livro dos Espíritos vemos esclarecimentos sobre esses sonhos premonitórios.

Ela nos relata do vazio que carrega no peito. Contudo, o Espiritismo nos consola, com a certeza de que haverá um amanhã que reunirá os que se amam. E que muitos, mesmo antes disso, podem encontrar-se em sonhos e se abraçar, no encontro espiritual que ocorre geralmente quando o corpo adormece.

No dia seguinte ao relato de dor dessa mãe, outra conversou sobre assunto semelhante. Duas mães com duas histórias de dor sobre a morte de seus filhos, um, o primeiro, inocente nesta existência, o outro não.

Essa segunda mãe contou-nos que usa fluoxetina por orientação médica, pois algo em seu coração morreu. Adivinhamos. Perguntamos a ela se havia algum problema na família, se algum filho havia morrido. Ela disse que sim, 20 anos atrás.

Ela não se esqueceu também. Seu filho fora também assassinado. Mas, disse-nos ela, isso não foi devido a assalto, foi por ter-se aliado a pessoas de má vida, com drogas, e por isso lhe exigiram que cometesse um roubo. Segundo ela, ele se recusou e então foi eliminado.

Coração também ferido pela dor. Mas essa mãe se consola porque pelo menos seu filho se recusou a cometer o mal. Que foi melhor morrer na coragem da recusa do que ficar vivo na Terra cometendo crimes.

A fluoxetina não lhe preenche o vazio, a sensação de que o coração morreu. Que triste! A religião e a fé a ajudam muito mais que a medicação, graças a Deus, porque ela tem fé a ampará-la!

Glorifiquemos o Espiritismo, que tanto nos ajuda com o conhecimento!

Como são maravilhosas as mães do mundo! Agora não é maio, mas todos os dias elas devem ser lembradas e amadas. São nossa porta de entrada na Terra, quando vindos do mundo espiritual.

Devem ser amadas, acariciadas, beijadas. Como devem ser amadas!

Há filhos maravilhosos que reconhecem isso. Cuidam delas como de um tesouro vivo. Outros, porém, se esquecem. Esquecem-se do amor que receberam, ignorando suas mães. Pobres filhos esses, que um dia sofrerão por essa ignorância!

Consciência com culpa é grande dor. Deus, no entanto, abre sempre as portas ao amor, e a imortalidade e a reencarnação permitem reparar os débitos e corrigir-nos para um amanhã de paz.

Aqui compilamos trechos do livro À Luz da Oração, psicografado por Chico Xavier, de Meimei, Oração das Mães:

Senhor!

Abriste-me o próprio seio e confiaste-me os filhos do teu amor.

Não me deixes sozinha, na estrada a percorrer.

Nas horas de alegria, dá-me temperança.

Nos dias de sofrimento, sê minha força...

... Quando a tua sabedoria exigir o depósito de bênçãos com que me adornaste a estrada por empréstimo sublime, dá-me o necessário desapego para que eu te restitua as joias vivas de meu coração, com serenidade e alegria, e, quando a vida me impuser em teu nome o desprendimento e a solidão, reaquece minha alma ao calor de teu carinho celeste para que eu venere a tua vontade para sempre.

Amadas mães, veneradas mães, a vocês a nossa gratidão. 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita