As bodas
de Caná
Caná era uma pequena
cidade da Galileia,
situada a
oito quilômetros a
nordeste de Nazaré. Foi
lá que, segundo o
Evangelho de João 2:1 a
11, Jesus teria
transformado a água em
vinho.
Eis o texto bíblico:
“No terceiro dia, houve
um casamento em Caná da
Galileia, e a mãe de
Jesus estava lá. Também
Jesus e seus discípulos
foram convidados para o
casamento. Faltando o
vinho, a mãe de Jesus
lhe disse: 'Eles não têm
vinho!' Jesus lhe
respondeu: 'Mulher, para
que me dizes isso? A
minha hora ainda não
chegou! Sua mãe disse
aos que estavam
servindo: 'Fazei tudo o
que ele vos disser!'
Estavam ali seis talhas
de pedra, de quase cem
litros cada, destinadas
às purificações rituais
dos judeus. Jesus disse
aos que estavam
servindo: 'Enchei as
talhas de água'! E eles
as encheram até à borda.
Então disse: 'Agora,
tirai e levai ao
encarregado da festa'. E
eles levaram. O
encarregado da festa
provou da água mudada em
vinho, sem saber de onde
viesse, embora os
serventes que tiraram a
água o soubessem. Então
chamou o noivo e
disse-lhe: 'Todo mundo
serve primeiro o vinho
bom e, quando os
convidados já beberam
bastante, serve o menos
bom. Tu guardaste o
vinho bom até agora'.
Este início dos sinais,
Jesus o realizou em Caná
da Galileia. Manifestou
sua glória, e os seus
discípulos creram
nele.”
O episódio conduz a um
raciocínio inicial
interessante: Jesus não
iria produzir mais
vinho, pois se assim o
fizesse, o ambiente das
bodas seria perturbado
devido aos fatos que por
certo ocorreriam, pelos
excessos da bebida.
É a mesma linha de
raciocínio de Allan
Kardec no livro A
Gênese, capítulo XV
- Os milagres do
Evangelho, item 47.
Kardec explica que Jesus
era de natureza muito
elevada para se prender
a elementos puramente
materiais, próprios para
satisfazer à curiosidade
da multidão, que o
compararia a um mágico.
"Este
milagre, referido
unicamente no Evangelho
de S. João,
é apresentado como o
primeiro que Jesus
operou e, nessas
condições, devera ter
sido um dos mais
notados. Entretanto, bem
fraca impressão parece
haver produzido, pois
que nenhum outro
evangelista dele trata.
Fato tão extraordinário
era para deixar
espantados, no mais alto
grau, os convivas e,
sobretudo, o dono da
casa, os quais, todavia,
parece que não o
perceberam.
Considerado em si mesmo,
pouca importância tem o
fato, em comparação com
os que, verdadeiramente,
atestam as qualidades
espirituais de Jesus.
Admitido que as coisas
hajam ocorrido, conforme
foram narradas, é de
notar-se seja esse, de
tal gênero, o único
fenômeno que se tenha
produzido". (...)
"Se bem que, a rigor, o
fato se possa explicar,
até certo ponto, por uma
ação fluídica que
houvesse, como o
magnetismo oferece
muitos exemplos, mudado
as propriedades da água,
dando-lhe o sabor do
vinho, pouco provável é
que se tenha verificado
semelhante hipótese,
dado que, em tal caso, a
água, tendo do vinho
unicamente o sabor,
houvera conservado a sua
coloração, o que não
deixaria de ser notado.
Mais racional é se
reconheça aí uma
daquelas parábolas tão
frequentes nos ensinos
de Jesus, como a do
filho pródigo, a do
festim de bodas, do mau
rico, da figueira que
secou e tantas outras
que, todavia, se
apresentam com caráter
de fatos ocorridos.
Provavelmente, durante o
repasto, terá ele
aludido ao vinho e à
água, tirando de ambos
um ensinamento.
Justificam esta opinião
as palavras que a
respeito lhe dirige o
mordomo: 'Toda gente
serve em primeiro lugar
o vinho bom e, depois
que todos o têm bebido
muito, serve o menos
fino; tu, porém, guardas
até agora o bom vinho.”
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